O monstro que me consome

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Maya Blarson

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Maya Blarson

E todas as crianças gritaram
Por favor, pare, você está me assustando!
Eu não posso evitar essa energia terrível
Pode ter certeza, você devia ter medo de mim
Quem está no controle?
Control - Halsey

   O céu ainda era estrelado quando gritos me puxaram do sono. O vento sombrio da noite entrava pela janela balançando a cortina fina, trazendo consigo o pavor de quem gritava. Minha mente embriagada pelo cansaço demorou longos segundos até dissipar por completo a névoa de confusão que a rodeava. 

   Senti meu coração ser espancado assim que o reconhecimento me atingiu. A origem do barulho e o medo que ele carregava me levou à uma só direção. Dylan. Os berros mais altos que os da última vez. Mais sofridos do que me lembrava. Era como se o tivessem gravado e posto em uma caixa de som ao lado da minha cama, tocando em meus ouvidos no último volume. 

    Não pensei nem por um momento antes de jogar minha coberta para longe de mim e me por de pé no chão frio de madeira. Praticamente atravessei o cômodo voando, saindo deste exasperada. Corri pelo pequeno espaço no corredor que me separava do meu irmão, tropeçando em meus próprios pés. Minha irmã e tia estavam paradas na porta de seus respectivos quartos assim que encarei a placa desnecessária de "não perturbe" que contrastava com a madeira escura da porta do quarto dele. A escancarei tão rapidamente que o som seco dela se chocando contra a parede ecoou pelo resto da casa e acendi a luz. 

     Estagnei no batente, não conseguindo olhar para nada mais que não fosse o corpo de meu irmão se debatendo por puro medo. O lençol já havia sido arrancado da cama e seu coberto e travesseiros enfeitavam o chão. O tecido áspero que revestia o colchão colidia contra a pele desnuda de seu tronco, deixando a região levemente arranhada e vermelha. Sua expressão congelada em angustia, com a boca aberta liberando urros quase animalescos. 

   Quando dei por mim, já estava ao lado dele o chacoalhando e chamando o seu nome, tentando falar mais alto. As gotículas de suor escorrendo por seu corpo, caindo mais densamente de seu couro cabeludo. Essa imagem era como um soco no meu estômago. 

   Seus olhos verdes esbugalharam-se assim que consegui o acordar. Ele tinha a respiração desregular, seu peito subia e descia freneticamente, fazendo meu coração comprimir-se. É como se Dylan desmoronasse a cada pesadelo, ele sempre acorda atordoado e tende a ficar assim durante semanas. Eu apenas queria poder acabar com isso de uma vez por todas, para que ele não tenha que sofrer, não mais.

Maya? – Ele sussurrou atordoado. Puxei-o para perto de mim e o envolvi em um abraço apertado, senti suas lágrimas molhando a curva do meu pescoço e o apertei ainda mais.

— Está tudo bem, Dyl! – Sussurrei, tentando não chorar junto - Foi só um pesadelo.

  A cama afundou e mais braços envolveram-nos. Senti a cabeça de Skye deitar em meu outro ombro e tia Olívia nos puxar ainda mais, em um caloroso e reconfortante abraço de urso. O único som que nos rondava era o do choro sofrido de meu irmão mais velho, este que sempre foi o mais frágil de nós. Era ritmado e melancólico, deprimente porém verdadeiro. Compartilhava conosco uma dor mais profundo do que poderíamos adivinhar. 

The Emperors of Chaos - TW HIATUSOnde histórias criam vida. Descubra agora