Charlie tinha limites. Limites esses que o recompensava com uma boa saúde mental que também lhe permitia uma vida pacata e sem graça, a qual ele se sentia orgulhoso em ter. Eram regras que ele havia demorado muito para formular, porém que funcionavam de forma perfeitamente harmônica na sua vida:
1. Não saia com pessoas desconhecidas para não passar vergonha.
2. Não vá a lugares onde tenha de interagir com pessoas desconhecidas para não se sentir envergonhado.
3. Não beba em lugares com pessoas desconhecidas que poderão te conhecer e fazer você se envergonhar de um dia ter bebido com elas.
E bem, ele repassava as regras na sua cabeça enquanto esperava Alycia descer com o seu carregador para irem ao coquetel da 212, e tinha a plena consciência de que se não fosse firme o suficiente, todas as suas regras iriam por água abaixo. Alycia não era uma completa desconhecida, mas não era como se ele tivesse intimidade o suficiente para deixar seu eu interior aflorar perto dela depois de alguns coquetéis.
Vanderbilt demorou exatamente 7 minutos para subir e descer. Ela havia trocado de camisa, botando uma regata de alças finas e sandálias de salto, além de ter prendido o cabelo deixando a franja comportada em sua testa em um rabo de cavalo tão bonito que parecia que ela havia ficado horas fazendo aquilo. Sua maquiagem também estava renovada, mas ele fingiu não perceber.
— Nada como uma bateria portátil. — Disse mostrando o quadradinho plugado no celular, que estava ligado novamente.
— Você foi rápida. — Ele afirmou, enquanto abria a porta do carro que ainda estava lá, esperando para ela entrar. Alycia novamente jogou as informações sobre o motorista com destreza e eles avançaram pela rua.
— É, eu costumo ser bem eficaz. — Dava para notar o orgulho na sua voz.
— Esses tipos de eventos... Não preciso estar com o nome em alguma lista ou algo assim para poder entrar? — Alycia assentiu enquanto remexia no celular, ela havia feito aquilo a noite toda e Charles estava agoniado e quase irritado com seu vício.
— Sim, mas tenho um convite para acompanhante, te disse que iria levar a Bellany, então... — Heiseinbolt assentiu. No fundo, ele estava torcendo para não conseguir entrar da mesma forma que estava ansioso para curtir a noite de forma totalmente diferente. Não sabia se podia confiar na sua mente.
— É, isso vai ser no mínimo interessante. — Charlie constatou assim que eles pararam em frente ao endereço que Alycia havia passado.
Era uma galeria. Ele a conhecia pois Roxanne havia o arrastado para ali para ver as fotos de um amigo da faculdade pouco antes deles terminarem. O lugar não era sua melhor lembrança, mas ainda assim engoliu a seco e pulou do carro, ajudando Alycia a descer também.
Ela se ajeitou e ele fez o mesmo, vestindo o terno e alisando a camisa involuntariamente. Assim que começaram a subir as escadas de ferro até a entrada da galeria, uma horda de fotógrafos começou a meter o flash na sua cara e ele quase se sentiu envergonhado por estar segurando a mão de Alycia, que o guiava pelo local.
— Vanderbilt, uma foto! — Um dos fotógrafos disse e ela apertou mais seus dedos e o levou até a parede revestida com os logos de Carolina Herrera e da 212.
— Alycia, não. — Não deu tempo dele terminar de falar, ela já havia o colocado do seu lado e sorria para as câmeras que os bombardeava com flashs. — Eu não acredito que está me fazendo passar por isso. — Cochichou, mas ela o beliscou, o obrigando a sorrir também.
Charles conseguiu se desprender depois de alguns segundos e ela posou sozinha, feito a blogueira que era.
Sim, suas regras estavam apitando na sua mente o mandando ir embora dali.
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Aos 30 e tantos (Desgutação | Em breve)
Fiction généraleAlycia gostava de ver seu mundo de forma colorida, sua revista, seu blog e todas as suas redes sociais lotadas de opiniões ácidas sobre o cotidiano em que vive é uma prova disso. Formada em jornalismo e em publicidade e propaganda, seu próximo passo...