Prólogo

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"O mais doce e suave aroma, se encontra nas belas e profundas expressões de um olhar - Yara Rocha"

Estava muito frio, por mais que o sol me encontrasse naquele instante, nada se comparava a brisa que tocará meu corpo com tanta intensidade, tudo estava diferente aqui, de alguma forma eu queria permanecer onde estava. Enquanto caminhava passo a passo, as ondas do mar vinham de encontro aos meus pés, como um beijo, era assim que as ondas eram. Havia uma parte de mim que gritava fortemente, como uma despedida, um simples adeus.

Mesmo que meus pensamentos sobre tudo fossem uma completa confusão, quis apenas acreditar nas verdades do meu coração.

O que eu estou fazendo?

Era tudo tão distante, tão sem significado, para cada pergunta havia outra a espera, como se nada fosse fazer sentido, uma pequena incógnita. Mediante a situação que me encontrava, decido tão de repente deixar o local, algo dentro de mim me chamava a estar mais perto, mas minha decisão já havia sido feita, eu precisava deixar aquele local que me fazia ficar tão triste.

Era hora de partir

- Foi só sua imaginação, precisamos ser fortes - um sorriso fraco surge em minha face, nem tudo fazia sentido para mim, a única coisa que me mantinha viva era saber que posso tornar minha dor em pequenas pinturas – Vamos lá Lucy Yeun você precisa ser forte.

A caminhada nunca fora tão rápida, deixei que toda dor sumisse, indo em direção as escadarias. Quando já me encontrava perto de deixar aquele local avisto algo, não parecia ser um monstro, nem um tipo de fantasma.

Na tentativa de entender o que era aquilo, retornei indo cada vez mais perto, a cada passo que dava uma leve dor surgia em meu peito, era como pequenas agulhas me perfurando, podia ser pelo simples fato de estar com medo, medo do real, medo de não ser nada, ou apenas paranoias da minha cabeça, porém a minha vontade própria de saciar a minha curiosidade repentina, era mil vezes maior.

Quando tive a visão concreta de que era real, fiquei apenas parada, já que não queria assustar quem quer que esteja a minha frente.

E lá estava ele, parado com as mãos estendidas, deixando a brisa do mar conduzi-lo em uma sincronia completamente diferente, seu cabelo que outrora cobria sua face estava dançado conforme o vento o tocava, era uma cena que me fazia querer permanecer ali.

Seu sorriso se encontrava com o sol, era completamente reluzente, a sua pele era tão pálida quanto à própria neve, sim ele era tão fascinante que roubará toda a minha atenção para si, junto com sua confusa e perfeita beleza o garoto vestia uma espécie de jaqueta laranja, ou amarela, era algo que não podia ter certeza, pois os raios solares me impediam de ter uma visão clara do que estava à minha frente. Somente algo me atormentava naquele instante. Eu já havia o encontrado em algum lugar.

Queria poder me aproximar mais, porém minhas pernas começaram a falhar, minha visão que outrora normal começara a esmorecer, o homem a minha frente vira devagar com um sorriso no rosto e lágrimas em seu olhar, por mais que minha tentativa de aproximação falhasse, apenas queria poder me certificar se o conhecia o que foi em vão, minha respiração começou a diminuir gradativamente, só não conseguia entender o porquê estava ficando tudo tão escuro, quem é você? Porque algo dentro de mim diz conhece-lo?

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Como um susto, ergo-me da cama. Meu coração estava acelerado de uma forma descomunal, era uma sensação estranha de perda. Mas quem? Quem eu havia perdido? Não fazia sentido nenhum. Tudo o que havia acabado de vivenciar não passava de um sonho.

- Era só um sonho, mas por que estou chorando? – levo minhas mãos trêmulas até minha face, logo enxugando minhas lágrimas que se tornaram tão constantes quanto o próprio tempo - É a quarta vez que sonho com você, ainda bem que não existe.
Tenho que ir trabalhar.

Meu telefone começa a tocar o que significa que perdi a hora, estava com medo de atender, mas era necessário. Então estendi minha mão para poder contatar o ocorrido, a pessoa que nesse momento estaria me ligando. O celular estava na escrivaninha, apenas precisava me erguer mais um pouco para pega-lo.

- Onde você está? Sabe que horas são? - Essa é a voz de quem vai me matar. Teresa era uma garota britânica, aparentemente normal, só tinha os olhos azuis absurdamente lindos, dona de cabelos loiros e um ar de mandona - Meu Deus, você esta chorando? Pelo amor de Deus Lucy me diz o que esta acontecendo?!

- E-Eu não sei... Eu!

- Você estava tendo aquele sonho de novo? Sério você precisa parar de tomar esses remédios para insônia, ele não é real, é tudo parte da sua imaginação. Esta na hora de acordar, pegue suas pinturas e venha de uma vez, os compradores estão me enlouquecendo.

- Tudo bem.

Era típico dela desligar o celular na cara das pessoas, o que de certa forma me deixava com muita raiva. Mas isso era o que menos importava agora, eu precisava me livrar desses quadros.

Meu corpo ainda estava sofrendo o impacto do sonho, é como se nesse momento estivesse na praia com aquele garoto há tanto tempo, a pintura foi uma forma que encontrei de afugentar esses pequenos traumas da noite. Por conta dele tenho insônia constantemente.

É hora de vencermos mais um dia! Fighting!

Caminhava um tanto sem rumo para fazer minha higiene, só depois de alguns segundos que começo me lembrar de onde havia deixado minha toalha. Quando enfim começo a recordar de tudo, inicio meu dia, indo ao closet para escolher minhas vestis, essa é a única parte em que demoro a fazer, porém devido ao meu tempo esgotado deveria vestir algo que não me impedisse de ser rápida. Pego um vestido branco que tanto amo, em toda sua dimensão eu mesma fiz questão de pintar pequenas a grandes rosas azuis. Depois de separar tudo, vou fazer ao tão desejado objetivo, banhar.

Não demorei muito devido ao atraso, peguei meus quadros e os embalei, todos tinham haver com meus sonhos, os locais onde eu o encontrava, o sorriso, vestis, olhar. Tudo era sobre essa pessoa ao qual sonhava dia após dia, sem cessar.

O Garoto dos Meus SonhosWhere stories live. Discover now