Capítulo 17 - Henry

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Já estou há 1 mês e duas semanas na Espanha e sem notícias dela. Cada dia que passo aqui tem sido um tormento. Procuro todos os dias um jeito de fugir de meus pais. Sim, aquele maldito dia era apenas um teatro de meus pais, quando entramos no avião, e decolamos, os dois começaram a rir de alegria. Dentro do avião mesmo foi desfeito do meu telefone, e tomaram meu passaporte. Estou impossibilitado de retornar ao Brasil, coisa que mais quero neste exato momento. E é difícil tirar um segunda via de outro país.

Todos os dias da minha vida ao olhar para a cara de meu pai, eu sinto ódio e arrependimento. Arrependimento por não tê-lo entregado quando descobri sobre sua armação, e ódio por ele ter dado um tiro na mulher que eu amo. Naquele dia eu lutei comigo mesmo, uma lado meu me implorando para ficar e o outro me alertando de que se eu não fosse com meu pai ele realmente iria matar Flávia. Eu preferia deixá-la ir do que deixa-lá morrer. O amor faz isso, você perde para que alguém ganhe. E eu perdi Flávia para que ela pudesse viver. É impossível não chorar durante as noites quando as lembranças daquele maldito dia me atormentam na forma de pesadelos. O jeito que ela gritou pelo meu nome e chorou na frente dos seus subordinados. Aquilo me partiu ao meio, a partir daquele momento, eu não me senti mais um homem de verdade, e nem um homem para ela. Flávia merece bem mais que eu, infelizmente.

Todos os dias eu me afundo na empresa, e durante as noites eu me afundo no whisky. Tudo para apagar o rasgo aberto no meu peito que pode ser cicatrizado somente com ela ao meu lado. E por outro lado para eu ficar totalmente derrubado e não voltar para casa e tornar a olhar para a cara daquele homem cujo um dia chamei de pai. Eu tenho nojo deles, não sei como foram capazes. Meus pais sempre foram bem de situação, a empresa dele daria conta de sustenta-los facilmente.

Agora eu sei que também me tornei um foragido no Brasil. Se eu colocar os meus pés lá novamente, serei preso por ter sido cúmplice de meus pais. É difícil ficar longe do que te mantinha realmente vivo.

Em meu telefone novo, abro minha galeria e agradeço pelo Google Fotos ter feito um backup de todas as minhas imagens, e nelas estão fotos que tirei com Flávia nos dias que passamos juntos. Fico olhando o seu sorriso, os seus olhos azuis que acordavam confusos e nublados todas as manhãs e que eu amava. Quando retornei, mandei fazer um quadro e então o mesmo fica aqui em minha mesa, para que eu possa vê-la todos os dias. Eu já tentei entrar em contato com ela, mas em todas as vezes elas foram falhas. Além de que meu pai tem me monitorado aqui e diz que tem alguém de olho em Flávia no Brasil e que qualquer gracinha minha, eu iria me arrepender pelo resto da vida. Eu já fiz coisas ruins na vida dela o suficiente, não quero prejudica-la. A melhor forma para deixa-la em paz foi manter a distância.

Meu telefone toca sobre minha mesa e atendo.

- Sim, Diana.

- Senhor Henry, há dois homens aqui querendo falar com o senhor. Os dois são brasileiros e dizem que te conhece. - Diana diz inocente sem saber o que mais dizer sobre os dois. - Eles se chamam Anthony e Oliver.

- Deixe-os entrar, Diana. - meu coração acelera ao saber que finalmente terei notícias da minha pequena.

A porta se abre e levanto-me para recepciona-los, Diana fecha a porta e ficamos nós 3 na sala.

- Anthony e Oliver, sejam bem vindos. - os cumprimento enquanto caminho até eles, mas o soco que levo na cara não foi muito bem vindo, ou talvez sim.

- Seu inútil! Eu poderia matar você aqui dentro da própria sala. - outro soco, acertando este em meu supercílio, fazendo o sangue manchar minha camiseta branca e o meu terno preto.

- Isso! Bata! Eu mereço! - digo abrindo os braços.

Oliver se aproxima e desfere outro golpe, acertando este em minha barriga e me fazendo cuspir sangue e me curvar.

Série Mulheres No Comando: A Federal [REVISANDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora