Capítulo 6

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Estou sufocada. Incomodada. Meu corpo recebe um peso que me desperta subitamente.

Busco entender o que é aquilo, e de cara encontro metade de um Mathias esparramado e despreocupado me esmagando.

Suas longas pernas estão escancaradas, enquanto a direita relaxa sobre as minhas, a esquerda pende para fora da cama. O tronco e os braços são o que me sufoca: ele está praticamente em cima de mim.

Mas que merda!.

Trabalhando com os braços, tento empurrar seu corpo para o lado. O mínimo que seja; o suficiente para que eu consiga sair desse sufoco.

Visivelmente ele não parece pesar tanto assim.

Choramingo quando não tenho sucesso. Ele sequer mostra estar acordando ou estar desconfortado.

Claro, isso porque sou eu quem está por baixo.

- Mathias? Caramba. - resmungo, sacudindo seu corpo.

Nada.

Bufo. Busco ar. Tento mais uma vez.

- Eu sabia que ossos pesavam, mas não tanto. - murmuro. Estou começando a ficar agoniada.

Com o auxílio das pernas, ou com o que me é permitido, eu o empurro novamente.

Ele rola para o lado.

Eu só não estava ciente que estávamos tão próximos da beirada da cama.

- Ai. - ele resmunga.

Aperto os olhos e levo a mão à boca, reprimindo o riso.

- Desculpe. Você está bem?.

- Mas o que aconteceu?.

Tadinho. Que ótima forma para se acordar.

- Você caiu.

- Eu cai?. - ele se senta no chão e me fita.

- Não exatamente. Você estava me sufocando e eu só quis te empurra para o lado. Não tive intenção de te levar ao chão, embora esteja sendo hilário.

- Por que não me acordou de maneira educada então?. - desnorteado, senta no colchão. Esfrega os olhos e me encara de novo.

- Eu tentei, mas você sequer escutou.

Ele suspira. Pisca uma, duas vezes quando se depara com a claridade que ultrapassa as frestas da janela.

- Você pesa, sabia? Caramba, estava ficando agoniada. - continuo. Ainda sinto seu peso em mim. Meus braços e minhas pernas se lamentam.

Mathias abre um sorriso largo.

- Desculpa, maninha. Eu não controlo meu corpo quando estou inconsciente e, ele está acostumado com uma cama só para ele. - faz beiço.

- De todas às vezes que dormi com você, nunca acordei quase morta.

- Como eu disse: eu não controlo meu corpo quando estou inconsciente.

Reviro os olhos.

- Na próxima, eu te jogo da cama sem piedade. Já conclui que dessa aventura você sai vivo. - digo me levantando.

Meus membros ficam preguiçosos e suplicam pela maciez do colchão e a quentura do cobertor. Tudo em mim quer dizer sim, mas meu lado racional corre para todos os lados gritando não.

- Isso é uma ameaça?.

- Só um aviso pro seu corpo incontrolável e folgado.

- Ele vai pendurar na geladeira.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora