Poetar

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Poetar
É sonhar
Fluir em plenas noites de luar
Encantos e cantos buscar
Em contos contadas em noites de lareira acendida
Com madeiras de palmeira

Em mares ondulantes de palavras, é velejar
Navegar no infinito horizonte do Índico
Trazer do mais profundo mar
Esperança em abundância
Para florir em face do idoso a mais entristecia criança

É fazer nascer vontades
De vencer, crescer e aparecer
Como os xipocos de minha terra
Invocados do seu fundo
E profundo submundo
Ressuscitar os mortos em horas vagas
Encarnando–os, e vestindo-lhes de vida

Poetar é palavrear
Palavrear em vozes de mel
Rabiscar com lápis de papel
Marcar sentimentos em um quadro de pincel
Oh… saudoso e talentoso
Tatana Malangatana Valente Nguenha

Se libertar é poetar
Trazer de dentro vozes adormecidas
Encarnar momentos desfalecidos
Tornando–os em recém-acontecidos
É seguir no tempo,
Viajar com o vento
Juntar-se a um futuro que mal conheço
Dele trazer para o presente um passado que então percebo 

Em meio a idas e vindas, ir
Vir levando e trazendo coragem
Para transformar pensamentos vividos
Em lindos e mais desconhecidos sentimentos

Poetar é cantar
É cantar encantado e encantar desinibido
Pairar em versos apaixonados
Em meio ao relento disperso
Entre cantos e melodias do xirico
Oh… doce, é vida

É viver sem compromisso
Sentir a doçura do balanço das curvas do maciço
Do beijo tocante e do profundo arrepio

Descobrir a alma e bailar enudecido
Desinibido como se fosse um zumbindo
Em terras próprias com talento não sabido

É viver loucuras com intervalos de lucidez
É ser como se é, e não talvez o que vê

Poetar é, recitar, é cantar, é falar
Poetar é?    Poetar

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