Capítulo 4

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Acordei com o alarme tocando, ele tocava I’m Yours do Jason Mraz, era uma música antiga, mas eu gostava dela. Eu lembro de quando defini essa música como alarme, ela era sensação. Tocava em absolutamente todos os lugares, festas, reuniões, lojas, escolas, aonde quer que eu fosse. Olhei o visor rachado do meu celular surrado e marcava 6:00. Levantei calmamente e fui tomar meu banho, sabia que não demoraria mais que meia hora para ficar pronto e tomar café. Eu nunca fui de demorar muito para me arrumar, principalmente quando eu tinha que usar um uniforme, o que agilizava muito minha vida.

— Droga! Esqueci a toalha. — resmunguei alto para ver se alguém escutava e vinha me resgatar. — Não acredito nisso.

E aí que aconteceu aquela típica cena que acontecia em São Paulo, eu saí correndo do banheiro, nu, em direção ao quarto. Eu odiava passar por isso, mas nunca servia de lição, porque eu sempre esquecia.

— Ok, eu sinceramente nunca mais saio para o banho sem levar a toalha. — disse anotando em um post-it do meu bloquinho de anotações. Retirei a folha adesiva e colei na porta do meu guarda roupas.

— Vamos ver se eu esqueço agora!

Passado o estresse matinal, abri o meu armário branco e peguei um dos meus uniformes. Como o clima estava frio, vesti a calça azul escura de moletom, a blusa branca simples com o W dourado bordado no peito e o moletom azul escuro do mesmo tom da calça. Calcei meus tênis preto, que curiosamente também faziam parte do uniforme e fui me pentear. Entrei no banheiro e me olhei no espelho, por causa das mudanças, eu parecia cansado. Não era sono, nem cansaço físico, era algo como um peso visível no meu reflexo, como se fosse bem difícil estar ali. Mas era um dia importante, então afastei todos os pensamentos ruins da minha cabeça e arrumei meu cabelo. Ele precisava logo de um corte porque já estava bem grande, os cachos já se formavam nas laterais, e eu não gostava. Comportei os cachos com a mão mesmo e passei o bendito protetor solar, minha mãe sempre gritava comigo para eu passar o protetor. “Não esquece o protetor menino! Se não vai chegar aos 40 anos parecendo 50!” ela gritava. Depois da cerimônia de se arrumar, fui em direção a sala de jantar e encontrei minha vó com um robe lilás, passando para a cozinha, onde ela já estava passando o café.

— Ah! Você tava acordada?

— Ué André, claro que sim. Quem iria fazer o café se não eu?

— E você acordou faz muito tempo?

— Na verdade não, eu acordei com você correndo pelado pela casa.

— Ah, você viu.. — falei já sentindo a pele queimar. Deveria estar tão vermelho quanto um tomate.

— Que menino! Eu tinha acabado de acordar, ainda tava grogue de sono, só vi o vulto. — disse minha vó rindo da minha vergonha. — Vem, esquece isso, o café tá pronto.

Sentamos os dois na mesa e ela puxou uma rosca doce que sobrou do lanche do dia anterior.

— O vô não vai vir?

— Ih menino, aquele ali demora para acordar. Só depois de oito, nove horas.

— Ah sim..

— Mas me conta, e aí? Como está? Nervoso por grande dia?

— Ah vó, é só o primeiro dia de aula.

— Sim, exatamente, é O primeiro dia de aula — disse ela reforçando muito o O.

— Eu tô de boa. Minha estratégia é ficar na minha, eu não arranjo problemas, nem dificuldades, foco mais nos estudos..

— ..E não faz amigos né André? O que eu falei pra você? Eu quero ver você fazendo amizades! Por favor, se esforça, pela sua vózinha, nem que seja com a menina que você atropelou.

Mudanças: Conhecendo CaminhosOnde histórias criam vida. Descubra agora