Sentimentos

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Sinto - me em areias finas - praias de mar azul
Pairando sob a brisa montanhosa em direcção ao sul
Ouvindo vozes trazidas pelo ar do vento
Envelopando mensagens de notícias longínquas
Saudando - me com beijos no meu salgado rosto melado de suor
Rosto emarquizado de cicatrizes que
Memoriam e assombram o presente
Com lembranças de sabor da dor vivida em um passado decadente

Sinto - me apaixonado
Apaixonado pela vida que sem esforços proporciona-me o amor de invejável dimensão e brinda - me com carinho, afeto e dedicação
Passado dado num presente que o futuro fará recordação.
Que mesmo em condição, não abro mão

Sinto - me leve
Leve para amar e sem compromissos seguir
Velejando a bom bordo, deixando que a vida faça o seu sentido em plena vista de horizontes planetários que a natureza concede
Construindo ininterruptamente, fantasias em telas da minha ininterrupta mente

Sinto - me com lágrimas a roçar - me o rosto
Quando sem pensar penso na vida de monstro vivida pelo povo da minha terra
Que sem condições marca a sua existência em vida de favores, aonde tudo que pedem é que lhes nasça da terra, esperança para apartar - lhes os dissabores

Sinto - me injustiçado porém
Injustiçado pela vida que sem piedade concede ao tempo a liberdade de num instante levar - me as pessoas, as quais com apreço detenho
Roubando me assim a tranquilidade, e ofertando me a fragilidade de viver sem colo de verdade

Com fé e força, sinto vontade de levantar, e sem saber como, encarar com humildade
Ouvir o pulsar sangrento do meu coração, que vezes sem conta, me pergunto o porquê da incessante luta

Sinto-me com saudades, solidão e nostalgia 
Quando num pranto pouso em um canto, e me espanto a viajar perdido e sem tanto
Desejo de partir, buscando algo quanto um encanto
Vivendo esperanças, prazeres, amores, dores e dessabores, me sinto.

E, se todos estes sentimentos da vida são parte, então:
Sinto me vivo.

António Tomás

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