28º Capítulo

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Eleanor P.O.V

Por mais que tentasse, não podia negar o facto de não conseguir suportar ver o meu homem com uma miúda.

Ele trocou-me por ela. Uma miúda. O que ela sabe da vida?

Um misto de raiva e irritação fez o meu corpo arrepiar-se ao mesmo tempo que passava as fotografias pela tela do meu computador.

- William, William… - Murmurei para mim mesma enquanto abanava negativamente a cabeça. – Vamos ter que ter uma conversa séria, meu querido. – Solto um breve e baixo suspiro e mando imprimir cinco das dez fotos que serviam de valiosas provas para poder ter de novo Will.

Tudo o que quero, consigo. Tudo.

Com as fotografias nas mãos, termino sessão, fazendo com que o ecrã à minha frente tornasse-se escuro, e levanto-me. Pego na minha bolsa preta e chaves, tranco a porta do meu apartamento, dirigindo-me ao meu carro.

- Tu vais voltar a ser meu. – Prometo a mim mesma ao começar a conduzir pelas ruas silenciosas, pelo menos a aquela hora.

Ouvia constantemente esta frase a ser repetida pela minha voz interior até chegar à pequena casa coberta de tijolo castanho avermelhado. Ao sair do carro, uma tontura ameaça o meu equilibro e, como sempre, encosto-me a algo sólido, neste caso, o meu carro, fecho os olhos e respiro fundo. Deixo a minha cabeça descair-se para trás e levo uma mão ao meu abdómen que provocava-me uma dor angustiante. A minha respiração alterou-se ao tentar controlar as imensas náuseas que começara a sentir de repente, as minhas pernas tremiam e já não tinha força o suficiente para continuar encostada ao carro, caindo de joelhos no chão. Todo os meu corpo estava apoiado nos meus joelhos e numa mão, eu já sabia o que viria depois disto. Já passei por este tipo de ‘’ritual’’ antes. Eu sei, eu nem sei que não é nenhum tipo de ritual, mas não é a primeira vez que isto acontece-me e, por mais que tentasse, não conseguia parar nem controlar.

- Vá Eleanor, aguenta-te. – Murmurava baixinho só para mim, sem medo nenhum ou preocupação que alguém me visse no chão. A verdade é que tinha que convencer a minha mente que estava tudo bem, que não sentia vontade de vomitar, que a dor era apenas criação minha.

Eu já li que podemos controlar o que o nosso corpo sente, se aprendermos a controlar a mente e era isso que estava a tentar fazer.

‘’ Menina, sente-se bem? ‘’

Uma voz feminina apareceu do nada, provocando a minha distração e, como se de uma onda se trata-se, deixo escapar pela boca um liquido vermelho, que logo vim a descobrir ser sangue.

Frustração. Sim, frustração era o que sentia naquele momento por não poder ter conseguido controlar-me.

Passos apressados aproximaram-se de mim e a mulher, que antes tinha-me perguntado se estava bem, ajoelha-se ao meu lado, afastando o meu cabelo da cara. Envergonhada, deixo-me ficar naquela posição com o olhar focado no cimento da estrada, enquanto lágrimas gordas rolavam pela minha bochecha.

- Oh minha querida, o que aconteceu? Devia de ir ao médico. – Aconselhou-me atenciosamente e virou a minha cara na sua direção, passando um lenço pela minha boca, de modo a limpar-la do sangue.

- Obrigada. – Murmurei numa voz audível ao limpar as minhas lágrimas originadas pela grande mistura de frustração e vergonha.

- Sem problema. – Responde-me na mesma forma com um sorriso acolhedor. Não pude deixar de reparar na sua tez de pele morena e nos seus olhos cor de caramelo. – Devia ir ao médico. – Repete e eu apenas nego com a cabeça.

- Obrigada pela preocupação, eu já fui e, infelizmente, não posso evitar isto. – Tentei devolver-lhe o sorriso, mas, de certeza, que o meu não foi tão bom como o dela.

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