Este livro fala sobre a vida da Ana Beatriz, uma mulher independente que apanhou muito durante a vida para crescer e ser alguém. Fala sobre seus medos, seus traumas. Fala sobre relacionamentos familiares, amorosos, sobre amizades.
Esse livro fala s...
Quando as coisas começam a dar errado na sua vida, você deve parar e respirar. Não surte, não grite, não haja de maneira pela qual possa se arrepender. Perceba os sinais que a divindade te manda. Faça yoga, caratê, jiu-jitsu, qualquer coisa que vá te acalmar. Faça a plena...por fora. Porque por dentro mores, surte, surte muitoooooooo.
aaaaaaaaaaaaa!!
Não sei o que é pior. Acordar atrasada para a entrevista de emprego, perder o ônibus, pegar uma chuva no meio do caminho, correr igual uma desesperada fugindo de um manicômio ou, com certeza essa é a melhor alternativa, chegar ao local e descobrir que chegou a exatamente duas semanas antecipada. Se você disse a última opção, com certeza é a válida.
Preciso de uma agenda, ou começar a olhar mais vezes a minha.
Saio da loja desamparada e desesperada. Meu mundo desaba em minhas costas, eu me sinto perdida, deslocada, triste e sozinha. Paro bruscamente no meio da calçada e deixo a chuva levar de mim toda essa angústia que estou sentindo por dentro. Deixo essa água lavar toda dor e todo o desamparo que me corrói desde o maldito 27 de novembro!
Droga!
Minha vida nunca foi das mais fáceis, meus pais se separam ainda quando eu era muito jovem, pequena e indefesa demais. Eles lutaram para descobrir quem ficaria com à nossa casa, com o carro, com o mercado e até mesmo com o Shurek, nosso fiel e escoteiro cachorro, menos claro, por mim! Que fui "adotada" por minha avó materna, pela qual eu tenho, tinha e sempre terei uma enorme gratidão.
No final do ano de 2015 minha avó dona Marisa descobriu que estava com câncer no útero, com 76 anos de idade. Foi uma grande surpresa para todos nós. Fizemos de tudo, o possível e o impossível. A cuidei, a mimei e a amei mais do que a mim mesma. No começo de 2016 ela baixou no hospital, e daí em diante, minha vida foi cuidar dela, e esse é um dos motivos pelo qual eu não consegui entrar na faculdade. Ela sobreviveu 7 meses após a descoberta. Ela lutou até o último minuto, foi guerreira, nunca perdeu a fé. Mas chegou a hora dela e ela partiu, na véspera de meu aniversário, dia 13 de agosto de 2016, em uma sexta-feira...
Quanta ironia.
Minha mãe veio a Curitiba, ficou uma semana e partiu, mas novamente ela partiu sem mim, levando apenas o dinheiro dá casa vendida, à qual eu e minha vó morávamos. Não fiquei surpresa, bem pelo contrário, achei até que ela tinha demorado demais para fazer isto. Não consigo sentir raiva, mágoa ou qualquer sentimento negativo à ela. E a questão é esta, eu não consigo sentir. E embora eu não sentir nada me deixe triste, essa tristeza não é por ela e sim por mim, que não consigo sentir um sentimento bom pela minha mãe, por mais que ela não mereça. Não consigo gerar isso. E eu já tentei. Tentei gostar dela por ter me deixado com dona Marisa. Tentei entender que isso era para o meu bem, mas não dá! Existe um bloqueio, algo que me prenda, algo que me reprima.
Me recompondo deste pequeno devaneio, saio o mais rápido possível do meio da calçada à procura de um lugar calmo e não tão gélido para que eu posso trocar de roupa, antes que o resfriado me pegue de jeito e aí sim, tudo ao redor dê errado. Novamente.
Após ter entrado na primeira praça que vi pela frente e ter ido naqueles banheiros nojentos e fedidos, pude trocar de camiseta, sentindo-me menos gelada, embora ainda me sinta dentro de um frigobar. Vou até a cantina mais perto dali a procura de um chocolate ou café quente.
O final do mês chegou, e eu sabia disso não apenas pelo calendário mas sim por já estar contando as moedas para comprar as coisas.
O final das férias chegou e com ela meu emprego integral de verão se ia junto. Precisava o quanto antes achar um emprego, precisava pagar o aluguel e as contas que por fim já estavam atrasadas. Realmente estava tudo dando errado.
Eu sempre fui uma pessoa positiva, alto astral, alegre demais. Poderia estar tudo uma grande merda, mas eu acreditava que iria dar certo. Eu era muito iludida em relação ao mundo aqui fora. Fui criada por uma avó totalmente protetora, e fiel à mim. Eu gostava de acreditar que embora as coisas não dessem da maneira em que queríamos, elas um dia dariam certo. E quando esse dia chegasse, todo o mal que um dia passamos, seria levado junto com o por do sol e quando à noite chegasse, deitáriamos no travesseiro e teríamos uma boa noite de sono.
A fila da cantina estava cheia. O dia lá fora não estava frio, mas a brisa de outono já dava o ar da graça. E recém ia entrar março. As pessoas se empurravam e se enfiavam naquele pequeno local como se o ataque zumbie estivesse acontecendo. Eu até olhei para ver. Quando chegou a minha vez de ser atendida, um moço pelo qual eu não sei de onde surgiu, de que lugar das profundezas apareceu mas simplesmente pegou o meu café, pagou o atendente, me olhou dos pés a cabeça duas vezes e saiu dali, como se não tivesse furado a fila e roubado o meu excelentíssimo café. Eu não fiz fiasco, não gritei, não fui atrás, eu apenas pedi outro café e dessa vez de graça, pois o que tinha acabado de acontecer ali azedou meu dia muito mais do que ir naquela maldita empresa. Eu estava saindo do local onde me encontrava, até que um - *insira um palavrão aqui* - me dá um peixão e todo o conteúdo preto e quente que estava no meu copo vira em mim.
Opa princesa! - Ah não, princesa? É sério isso? - Cuidado por ande anda Cinderela. - sem mais e nem menos, este indivíduo me deixa plantada na frente da calçada com a minha camiseta branca machada de café. Só pode ser outro sinal da divindade me dizendo para diminuir a quantidade de cafeína no sangue.
Não pense que terminou por aí, era recém 10:00 da matina, tinha muito o que me ferrar ainda.
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