Llorar (Capítulo Único)

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Fechei meus olhos com força, o gosto do saquê queimava minha garganta. O álcool logo estaria fazendo efeito, não podia comemorar meu último dia de sofrimento sem a bebida tradicional da minha terra natal.
Hoje seria a última noite que deixaria você fazer isso comigo. Conferir mentalmente: um, dois, tres, quatro, cinco, e respirei fundo tentando pegar a maior quantidade de oxigênio possível, meus olhos ardiam, as lagrimas não queriam parar de deslizar descontroladamente na minha face, meu peito doía, e mas uma vez o ar me faltou. Por quê? Por quê? Por que tinha que ser eu? Minhas pernas fraquejaram e eu cair de joelhos, apertei contra o meu peito sua camisa que segura, ainda podia senti sua fragrância, ou talvez fosse loucura minha. Já fazia três meses que não contemplava seus olhos azuis profundos, seu sorriso que tanta amava, não tocava em sua pele macia, abracei sua camisa com força e deixei minha mente recordar dos teus beijos, dos teus carinhos, dos teus abraços que me envolvinha de um jeito que esquecia do mundo ao meu redor. Me senti usada, mas ainda sentia sua falta.
Olhei para cama, quantas vezes deitavamos e conversamos horas e horas, aproveitando momentos um com o outro, o lençol que compartilhavamos ainda tinha o seu calor, o que tanto me agradava, hoje não faz bem pra mim. Com você não havia dor, não havia despedidas, nem desespero. Era apenas você! Eu já te conhecia a tanto tempo, também já fazia um longo tempo que não te encontrava, nem tinha notícias sua. Te conhecia desde de infancia, eramos crianças e eu não sabia o que era amor na época.
Então, por anos caminhei cega, na minha própria arrogância acreditando que conhecia tal sentimento poderoso, mas estava enganada! Não tinha notado que você sempre esteve ao meu lado com o todo amor que procurava. Como foi doloroso sua partida, no meio desses fios do destino te perdir. Anos se passaram, e em uma noite estrela onde poderiamos ouvir a deusa da lua cantarolar sua canção entristecida, você regressou como o próprio príncipe do sol. Bateu na minha porta com aquele sorriso que tanto amava e não sabia. Mas foi apenas uma armadilha, eu já sabia. Mas fui!
O tempo fez um ótimo trabalho com a gente. Foram risos bobos, conversas banais, lembramos do passado, o ambiente tinha um ar diferente. Observei cada detalhe, sua barba feita, suas cicatrizes no rosto que lhe proporcionava um ar selvagem, seus olhos azuis que brilhavam enquanto falava alegremente, seus labios avermelhados, rosto perfeitamente desenhado, pele clara, cabelos loiros, imaginei deslizar meus dedos entre seus cabelos sedosos, tocar em seu rosto, senti o gosto dos teus lábios nos meus. Como se lesse meu pensamentos:
-Desculpa, Sakura. Meu coração pediu e eu à beijei.
Seu tom de voz era amenso de um jeito embriagante. Você não era mais aquela criança que deixei no passado, estava mudado.
Sentir meu rosto quente, estava tão ansiosa.
-Não precisa ter vergonha, confia em mim. Você me beijou suamente. Não queria acreditar na minha razão, provaria que estava enganada, eu confiei. Com palavras acendeu minha esperança, me puxou para o seu colo tão aconchegante, protegendo-me como se eu fosse uma criança. Me guiou pelo caminho espinhoso, me iluminou e se tornou meu porto seguro. Em pouco dias, me fez acreditar no amor, o que achava que não existia, retorna como um vulcão, você me amou, acreditava. No escuro, você segurou minha mão e mostrou o maior dos sentimentos. Então, deixei que fizesse morada em meu coração. Afinal, todos os seres humanos buscam encontrar o amor, ser feliz, amar e ser amado. Estou enganada? Somos apenas pobre seres humanos fragios dependendo um dos outros. E eu não sou diferente dos demais, infelizmente você foi mais astuto, se protegeu, você foi forte e eu não, que tola. Acreditei na minha ilusão, meu erro, fui descuidada, eu esqueci. Agora, tudo está feito, não há nada a dizer. Desapaixonar é difícil, e eu não notei que tudo o que você precisava está lá. Você deixou as cicatrizes abertas, tudo que nós tínhamos se foi, diga para os nossos amigos que meu coração está partido e você pode ir em frente. Caí na armadilha chamada: amor! E ninguém me avisou que o risco era a vida, ninguém disse que seria tão doloroso. Eu me joguei em um precipício sem segurança, sem freios, apenas fechei os olhos e me deixei cair sem dúvidas. Levantei meia sem jeito, limpei as lagrimas, vesti sua camisa por cima da minha camisola branca de seda, precisava sair daquele quarto, passei pelo espelho enorme grudado na parede, mas voltei pelo susto. Era meu reflexo, mas não havia nada meu naquela imagem, minhas pupilas verdes pareciam vermelhos como fogo, olhos inchados, olheiras profundas, minha pele estava mais clara do que recordava. Tentei lembrar qual foi o último dia que havia saído de casa, mas nenhuma resposta veio a mente. Meus cabelos rosas molhados parecia que não havia sido apresentado para uma escolha de pentear à dias, suspirei frustrada. Essa foi a Sakura Haruno que ficou depois que você se foi, mas hoje seria a última vez que eu a veria no espelho, eu levantaria desse abismo, eu conseguiria. Desorientada me arrastei até me encostar no canto da sala. Pra quê tanto empenho? Por que eu mostrei minha alma pra você? Por quê? Sempre fui cautelosa em minhas ações, sempre pensava no depois, sempre um passo de cada vez. Então, por qual motivo me joguei sem saber como seria o meu fim? Sem ter certeza de nada, meu coração disse: vai! E eu corrir para teus braços, corri para esse sentimento que tinha tanto medo, tanto receio. Por Kami!

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