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São exatamente 7:13 AM da manhã, e me encontro aqui, sentada em um banco de praça somente observando o mover das árvores e pessoas apressadas indo de encontro aos suas respectivas obrigações.

Todas as manhãs eu levanto cedo para poder me sentar neste exato banco de praça em frente ao meu prédio, adoro sentir o cheiro de terra úmida por culpa do tempo frio e ouvir os pássaros cantarem juntamente com a melodia das árvores que dançam sem parar com o forte vento. Mesmo Londres sendo tão fria ainda sim o sol aparecia e me encantava sentir nem que fosse um pouco de seu calor...sim, eu amo a natureza e apesar de amar igualmente as tecnologias e modernidades, ainda sim gosto de ter um tempo para mim, sozinha, eu e a mãe natureza que a cada manhã me aquecia com todo seu amor e beleza.

Já as 7:43 me levanto e aperto mais meu sobretudo, apertando fortemente meus dedos contra o mesmo, com medo de que meus dedos congelassem, odeio quando minha mão fica fria ,adentro o prédio e subo as escadas até o 4º andar. Exercícios são bons para manter o corpo aquecido, então não negarei esse calor ao meu corpo que a cada passeio matinal implora por algo quente. Paro em frente a familiar porta "403" e pego minhas chaves no bolso do meu sobretudo e abro a porta devagar para não acordar a mamãe, entro e tranco a porta, tiro o casaco e aumento um pouco o aquecedor, jogo o casaco no sofá e vou até a cozinha, coloco agua para ferver e faço café.

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Depois de revisar o que iria apresentar hoje na faculdade, vou até a sala e me sento ao lado da minha mãe Josy, dou-lhe um beijo caloroso na testa

-Dormiu bem mamis?-sorri, olhando em seus olhos que lembram ao mais doce mel.

-Dormi sim filha, mas ainda estou cansada- diz bocejando e dou risada- esta animada assim logo hoje que terá um trabalho para apresentar?

Reviro os olhos - Não me lembre desse terror, estarei sozinha em frente uma multidão, minhas mãos já começam a tremer só de imaginar -balanço as mãos e encolho minhas pernas - bem...já que a senhorita esta mais descansada vá tomar o seu café que, eu irei me arrumar para ir a casa dos lobos ser devorada viva - ela rir e me da um beijo rápido na bochecha e sai para a cozinha

Eu e minha mãe ficamos mais unidas depois que fiz 16 anos, e comecei a ver com mais maturidade o que acontecia ao meu redor, meus pais são divórciados, eu nasci em Los Angeles e moramos por lá até o casal se separar quando tinha meus 6 anos, minha mãe preferiu vir morar em outro lugar e então começar do zero, mantenho contato com meu pai mas não somos tão ligados pois a distância e a falta das lembranças juntos nos fez parecer somente conhecidos

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Vai dar 13h, então me apresso a pegar minha mochila e saio apressada- MANHÊ TO INDO,MAIS TARDE EU VOLTO - bato a porta e vou até as escadas e desço rapidamente tomando cuidado para não cair, última coisa que queríamos hoje é uma falta logo na aula do Prof. Andrews, um jovem adulto de 39 anos que decidiu ser o mais carrancudo dos professores, além do que eu apresentaria o trabalho da aula dele então né....

(Tashi na Multimídea)

Pego o metrô e vou para a Biblioteca, é onde trabalho as tardes e logo depois vou para a faculdade, sim estudar a noite é um saco mas eu agradeço muito por estar em Londres, mesmo morando aqui há tantos anos ainda fico encantada com suas luzes ao anoitecer, cidade iluminada e sempre com aquele ar de antiguidade, me sinto em casa

Quando chego a Biblioteca Agnes vem ao meu encontro- Tashi que pontualidade, como sempre- rir com ela mesma- venha me ajudar, chegaram livros fresquinhos para serem colocados nas prateleiras- sorrio alegremente pois adorava sentir o cheiro de livros novos, um vício

As 18:15 saio corrida da biblioteca enquanto seguro minha pasta com minhas falas para a apresentação, chego na faculdade e vou até o auditório do Sr. Andrews e entro devagar para não fazer barulho, me sento num lugar vazio no meio da plateia. O Sr. Andrews explicava como seria as apresentações e então começou a fazer a chamada por ordem alfabética, enquanto isso ia decorando tudo que tinha que falar, chegando minha vez fui para a frente e suspirei nervosamente, minhas pernas queriam bambear feito gelatina e minhas mãos tremiam, respiro fundo e começo

-Bom ...eu escolhi falar sobre espécies da família , uma família bem peculiar e que também nos deixou de lembrança da sua existência o Ornitorrinco.....

Escolhi fazer Medicina Veterinária pois a minha paixão não só alcança as paisagens lindas que me davam tanta paz e sim até ao seres mais fofos e interessantes que esse planeta pode ter, não sei o porque mas o meu coração só me dizia que deveria seguir esse caminho...e estou seguindo bem afinal...

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Na volta para casa caminhei lentamente entre os prédios ainda iluminados e sorrio fraco, esse tempo todo estava feliz mas logo me lembro de tudo outra vez, não consigo esquecer e o pior , me culpo , me culpo por não ter feito nada e não fazer nada, sinto uma lagrima quente deslizar por meu rosto e fungo, tentando prender o choro

Minha vida hoje é boa mas não encobre os fatos que aconteceram a alguns meses atrás e me sinto cada vez desmoronando, o que ele fez comigo foi a pior coisa que alguém poderia ter feito e o pior que ninguém sabe , exatamente ninguém, nem a Cass sabe...ela é minha melhor amiga , está um tempo na casa do pai que também é divorciado da mãe e ele mora do outro lado da cidade, então fica difícil vê-la sempre, ou vou sair para ver ela ou vou a pé para o trabalho

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Chego ao meu prédio e pego o elevador, estava cansada fisicamente e mentalmente então DANE-SE os exercícios, assim que entro vejo uma pessoa entrar no prédio e meu coração quase para, é ele


É ELE...



Não ....não era ele mas ....parecia muito e eu quase fugiria daqui em desespero, e mais uma vez minha cabeça brinca com minhas imagens, em todo o canto o vejo ,logo alguém que não queria ver....pq não vejo o Shawn Mendes!?

E o pior.... Ele estava certo, eu nunca mais esqueceria dele....


THEYOnde histórias criam vida. Descubra agora