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É engraçado como a vida pode nos pregar peças, quero dizer, eu nunca esperei viver um romance aleatório, sempre achei que fosse ser algo bem claro, que eu iria conhecer uma pessoa, me interessar por ela, passar um tempo com ela e quando eu me desse conta estaríamos juntas. Simples assim. Eu vivi um romance, sem nem ao menos me dar conta disso até estar claro demais.

~><~

Todos temos olhos para alguém, mesmo que não admitamos. Os meus estão voltados para o Peter Jackson, do último ano. Claro, ele nem deve saber da minha existência, mas e daí? Eu continuo tendo a liberdade de vê-lo pelos corredores todos os dias.

É uma quarta-feira, o pior dia da semana em todos os sentidos, meio da semana, apenas aulas chatas... Ok, estou exagerando, tem uma coisa boa, meu último horário é livre e o do último ano é atletismo, ou seja, eu fico na arquibancada lendo ou escrevendo, assistindo sorrateiramente o treino dos meninos enquanto espero meu vizinho, Luke, para ele me dar carona. Mesmo Luke sendo praticamente meu irmão eu nunca disse para ele que eu sentia atração pelo Peter, e também, mesmo eles sendo amigos a maioria deles não sabe quem eu sou, eu e Luke na escola somos quase como estranhos. Apesar dele ser meu melhor amigo no universo não escolar.

É outono e tem muitas folhas por toda parte, como estava frio de manhã eu vim com meu cachecol mostarda e minha jaqueta. Estava ouvindo música enquanto lia um conto clássico para a prova de literatura na próxima semana, olho para frente vendo que o tempo já estava praticamente no final então decido juntar minhas coisas, pego minha bolsa botando as coisas dentro, quando olho para meu lado há uma pequena caixinha branca. Ela não estava ali antes, olho em volta mas eu estava sozinha, havia um papel embaixo dela, quando o retiro vejo meu nome escrito nele, o que me deixa surpresa, alguém havia eixado ali sem que eu percebesse... Mas quem?
Dentro da caixinha havia um bracelete com um pingente de um livro aberto, era uma das coisas mais lindas que eu já tinha visto. No caminho para casa acabo comentando sobre isso com Luke, ele fica me zoando dizendo que tenho um admirador secreto e eu rio negando.

Mas ao que tudo indica, eu estava completamente errada. Durante um mês eu recebi pequenas coisas, elas apareciam em minha bolsa, mesa, pessoas aleatórias me entregavam, se fingindo de desentendidas, e eu não conseguia descobrir quem estava por trás de tudo. Guardo cada um dos presentes, até mesmo todas as flores que murcham, elas ficam juntas em uma caixa dentro do meu armário. Se minha mãe achar provavelmente vai parar no lixo.

Mais uma vez estou com meu cachecol mostarda e dessa vez estou com minha touca branca, é quarta-feira e eu sigo para a arquibancada no último horário. Tiro minha touca a deixando do meu lado, ponho o fones e começo a ler meu livro, dessa vez um que havia pegado emprestado com uma colega de classe. É de romance, conta a história de um casal idiota que decide se encontrar apenas uma vez por ano por cinco anos e depois ver no que dá. Como isso pode dar certo?

De repente alguém puxa meu fone, imagino que seja Luke, então me viro já pronta para xingá-lo pois ele sabia que eu odeio quando as pessoas fazem isso comigo. Porém paraliso ao ver que a pessoa parada na minha frente não é ninguém menos que Peter. Pelo menos eu não comecei a falar antes de encará-lo.

Eu pisco, para ter certeza de aquilo era real, então ele sorri levemente mostrando suas covinhas e me estende minha touca, "É sua, não é? Ela voou. " Ele diz. Demoro um pouco para processar logo segurando a mesma, afirmo com a cabeça e agradeço ele, por fora eu estava quase me transe, por dentro queria me dar um tapa por estar tão... Vulnerável à situação. Ele sorri mais um vez e se afasta.

No dia seguinte rio muito com minhas amigas sobre o estado como eu fiquei, porém algo inédito aconteceu. Peter começou a falar comigo, me cumprimentar e tudo mais quando nos esbarramos nos corredores e nos treinos, não temos conversas longas, mas agora ele sabe que eu existo e está me conhecendo. Os presentes param de chegar, o que me deixa com muitas dúvidas.

Algumas semanas se passam e acredito que eu possa dizer que eu e Peter somos amigos. E há esse ponto Luke já está por dentro dessa minha paixão que apenas foi alimentada com nossa aproximação. Sou parada no corredor por uma cara do coral, ele me entrega uma caixinha e rapidamente segue seu caminho, fico confusa e abro vendo um colar, no pingente podia-se ler "LOVE". Abro um sorriso e minha amiga, que estava ao meu lado me ajuda a colocar o colar, logo uma segunda amiga, que por acaso também participa do coral, aparece na nossa frente, para contar a fofoca do momento, ela tinha visto Peter entregar a caixinha para o garoto que me entregou.

Claro, me sinto super hiper mega feliz, aliás, nem sei como descrever o que eu sinto, minhas amigas ficaram eufóricas. Separo-me delas dizendo que vou até Peter agradecer. Acaba que não consigo o encontrar. No final do dia, vejo-o no estacionamento, porém quando agradeço pelo presente ele ri, diz que não foi ele. Ele também era apenas um mensageiro, então ele pisca para mim e beija minha testa logo indo embora.

Fico parada ali, tentando entender o que tinha acabado de acontecer, quero dizer... Peter não era meu admirador secreto? Não fazia sentido algum. Ando até o carro de Luke, o mesmo estava lá encostado no capô conversando com duas garotas, habitual, já havia cansado de ir no banco de trás porque ele dava carona para suas "ficantes", mas não me importava, afinal era a vida dele, certo?

Luke despensa as duas garotas dizendo que precisa ir para casa, as duas acenam com sorrisos longos e se afastam conversando, entro com ele no carro e fico quieta, em um dia normal eu comentaria algo sobre essa cena mas minha cabeça estava processando coisas demais para isso. Vamos em silêncio até minha casa, ele para em frente e antes que eu pudesse saltar sinto que ele segura meu braço, olho para ele. Ele diz que estou estranha, suspiro e volto a me encostar no banco, então desabafo, tudo. Os presentes, sobre eu sempre gostar do Peter e de como nos aproximamos recentemente e de que eu tinha certeza de que ele era meu admirador secreto.

Luke seguro meu pulso e mexe na pulseira, o primeiro presente que recebi, eu simplesmente me apaixonei por esse bracelete e nunca mais quis tirá-lo. Ele olha para e ri fraco, ele diz que sabe quem estava fazendo isso comigo. Quase dou um salto do banco e imploro para ele me dizer. Antes de qualquer coisa ele começa a enrolar e fica rindo enquanto isso, logo leva um tapa em resposta às suas gracinhas. Ele me manda abrir o porta-luvas, dentro há uma carta. Ele diz que foi o admirador que me enviou e logo em seguida me expulsa do carro indo para sua casa.

Entro na minha e vou direto para meu quarto, largo minha mochila e me sento na cama abrindo a carta. Ele estava marcando um encontro, no parque de skates que fica há no máximo 10 minutos da minha casa. Por que tanto trabalho? Não podia simplesmente assinar? Essa pessoa precisa urgentemente entender o quão ansiosa e curiosa eu sou. Além do fato de fazer muito tempo que estou com esse aperto dentro de mim, querendo saber quem está fazendo isso.

Algumas horas se passam e eu saio de casa com tempo de chegar no horário marcado. O parque não estava tão cheio, creio que normal para uma terça-feira à noite. Depois de um tempo parada alguém chega por trás de mim e tampa meus olhos com uma das mãos, de início me assusto, mas rio logo em seguida, ele destampa meus olhos e vejo na minha frente sua outra mão segurando uma rosa, sorrio pegando a flor e me viro para ele.

Era Luke... Era não, é o Luke. Luke. Luke?

Encaro-o por alguns segundos tentando processar e ele percebe isso, então começa a rir de mim, me chama de fofa e aperta minha bochecha. Logo em seguida ele olha em meus olhos e se declara, algo que eu nunca iria esperar, nunca no sentido jamais. Antes que eu conseguisse me recompor para dizer algo ele segura em minha nuca e me puxa para um beijo calmo. Assim que sinto seus lábios macios contra os meus. Já desisto de tentar entender a confusão que está dentro em mim. Por todo meu corpo. Isso é real. E eu estou extremamente feliz.

Às vezes queremos tanto uma coisa que fazemos de tudo para encaixá-la, seja o que for, na nossa rotina. Mas às vezes o que nós mais queremos já está em nossa rotina.

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&quot;Ele também era apenas mais um mensageiro.&quot;Onde histórias criam vida. Descubra agora