"Sono...."
Foi a única coisa que eu consegui pensar, desde a hora que acordei. A professora escrevia letras e mais letras no quadro branco com aquela maldita caneta que outrora falhava e me deixava com os cabelos em pé.
A srta. James, minha professora de Geometria, era uma cópia muito mais feia de uma largatixa rara, a largatixa Tokay. Sempre com roupas verdes e com as malditas bolinhas laranjas no colar que tentava imitar perôlas, mas a extravagância em relação ao tamanho faziam-nas parecer bolhas em um pescoço esticado por botox. Eu a chamava de Srta. Tokay.
- Elleanor! - Chamou-me a senhorita Largatixa, um grito agudo ecoou por meus ouvidos quando ela o fez. - Não vai fazer nada, sua vagabundinha?
- Desculpe, senhorita... - Falei, detestava ter de ficar calada, mas aquele internato funcionava daquele modo. A porra de um internato para vagabundinhas com dinheiro. Minha cabeça girava devagar, toda a comida que eu havia ingerido na semana, não era muita, veio a boca e uma ânsia de vômito tomou conta do meu corpo ao sentir o cheiro que emanava da largatixa.
Não aguentei muito e prendi minha respiração, quando soltei. "Bum..." Uma explosão de sangue veio para cima de meu corpo, como a Carrie, a estranha. Mas aquilo era sangue humano, o sangue de Karinna James.
"Socorro..."
Minha mente gritava, mas ninguém parecia me ouvir. Eu chorava baixinho, enquanto, os outros corriam e gritavam de pavor.
Tudo se tornou escuro...
"tec...tec...tec..."
"tec...tec.."
"tec..."
- Aiuta-me. Aiuta-me. Cazzo! Não a deixem morrer, minha principessa. Aiutem-me. - Eu ouvia choro, não fazia idéia de quem chorava, será que era de mim que falavam? Era uma voz masculina, eu tinha certeza que já havia ouvido aquela voz em algum lugar. Um sonho, talvez.
Eu precisava acordar... Precisava ver quem gritava... Será que existia alguém que me amava? Será...