Capítulo 7

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— As filas não devem estar grandes, não é?. — o deboche reina no tom de Thiago.

Suspiro numa irritação interna.

Eu não esperava que o fluxo de pessoas crescesse em tão pouco tempo. Estamos apenas meia hora dentro do mercado e é possível ver pessoas com carrinhos ou cestas em mãos; ou até mesmo os dois juntos. Uns cheios; outros nem tanto, enquanto a cesta que Thiago segura contém somente cinco itens: dois pacotes de bolacha, duas caixas de leite e uma de sucrilhos.

— Até acabarmos aqui eu espero que diminua um pouco. — comento selecionando os sabores dos sucos em pacotinhos.

— E quando vamos acabar? Pelo que eu vejo você está comprando coisas para você e nada ainda das que sua mãe pediu. — acusa.

— Como sabe que ela não pediu nada disso?.

— Ela não gosta dessa bolacha que você devora em segundos e muito menos é louca por sucrilhos com leite. — aponta para cada elemento citado.

— Eu só estou repondo o que acabou em casa.

— Claro.

Mesmo de costas para ele, sei que revirou os olhos para mim.

Largo os pacotes de suco dentro da cesta e a pego das mãos dele.

— Vá pegar algo para você também, eu deixo.

Ele me lança um olhar desconfiado.

Suspiro.

— O dinheiro é meu, tudo bem? Sem preocupações. — tento incentivá-lo.

Seu olhar desconfiado continua pairado em cima de mim.

Meu amigo me conhece bem.

— Tá. É do Mathias. Eu peguei a carteira dele enquanto ele me deixava na escola. — confesso por fim. Sei que ele não me escutaria se eu não dissesse a verdade.

— Roubou seu irmão?. — seus olhos se arregalam.

— Claro que não. Eu peguei emprestado. Estava sem dinheiro e como mamãe me ligou pedindo que comprasse algumas coisas para ela, aproveitei a deixa.

— Ele vai pirar.

— Não vai, não. — sorrio. — Bom, enquanto você vai em busca de algo, eu vou começar a missão. Não se perca. — zombo, relembrando da última vez que estivemos aqui, quando acabamos nos perdendo um do outro.

Não espero uma resposta e saio a passadas largas para longe dali.

Os diversos tamanhos e tipos de chocolates surgem no meu campo de visão quando pulo dois corredores e entro no próximo.

Busco na mente o que mamãe pediu que comprasse nessa sessão. Então caminho pela extensão até aparar diante das barras. Porém a marca que ela me indicou está numa prateleira maior que eu.

Ótimo!.

Ganhando um pouco de altura com as pontas dos pés, elevo o braço para pegar quatro unidades. Mas não consigo. Eu não sou tão baixa, mas também não me lembro disso ser mais alto do que posso alcançar.

— Precisa de ajuda?. — uma voz ecoa às minhas costas. Sobressalto, conseguindo derrubar uma barra apenas.

Pego a minha conquista do chão.

Observo a beldade que se encontra diante de mim. O rapaz, de olhos claros e cabelo de um tom castanho escuro, segura uma caixa cheia de barras de chocolate.

— Ah, eu... Olha, eu vou aceitar. Essa prateleira parece ter crescido alguns centímetros. — quase gaguejo.

Ele sorri, largando a caixa no chão, próxima de mim e se ergue novamente. Percebo a logo do supermercado no canto superior de sua camisa.

Um Amor Fraterno (Entrará em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora