Prólogo.

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Natasha
M

eu coração estava a mil, e a cada passo rápido que ouvia atrás de mim, era como brincar de pique e pega com a própria morte. Permaneci no mesmo ritmo, enquanto as gotas de chuva caíam sobre meus olhos, embaçando minha visão e tornando o cenário ainda mais sombrio.

Me escondi dentro de uma casa abandonada, trancando-a com os móveis infestados de cupins. O som dos insetos mastigando a madeira ecoava de forma perturbadora no silêncio, e a visão das larvas me fez sacudir as mãos em repulsa. As goteiras da chuva caíam sobre o piso devagar, criando um eco sinistro que percorria por toda a casa, como se a própria estrutura estivesse gemendo de dor.

Acendi a lanterna do meu celular, cuja luz trêmula parecia pouco capaz de afastar as trevas que me cercavam. Segui o barulho que vinha de um dos quartos, cada passo ressoando como um tamborilar fúnebre. Pulei para trás no mesmo instante em que um gambá passou correndo por mim, seu cheiro pungente inundando minhas narinas.

— Filha da puta... — sussurrei, deslizando os dedos sobre meus cabelos negros e molhados. Entrei em um quarto com rachaduras por toda parte; os móveis estavam úmidos e exalavam um cheiro horrível de mofo e podridão. Em cima de um móvel apodrecido, um telefone em péssimo estado ainda funcionava. Desesperada, disquei para a emergência, minhas mãos tremendo tanto que quase derrubei o aparelho.

— Droga, liga... por favor! — implorei, minha voz quase inaudível.

— Alô? — disse a telefonista. O estrondoso som da porta sendo arrombada despertou todos os meus sentidos, fazendo com que meu corpo congelasse.

— Alô? — segurei o telefone com força, pondo-o o mais próximo possível de minha boca. — Socorro! Tem um maníaco aqui. Ele... matou meu amigo. E agora ele está atrás de mim...

— Alô? A ligação está ruim! Você poderia repetir?

Respirei fundo, olhando para trás com os olhos arregalados.

— Eu me chamo Na... Natasha Muller e estou presa em um lugar assustador, perto de um antigo hospício abandonado. POR FAVOR! Você tem que me tirar daqui — chorei, minha voz trêmula e desesperada.

— Alô? Você está aí? Alô? — O grave som da porta se abrindo foi tudo que precisei para largar o telefone. Abri a janela do quarto na tentativa de enganá-lo, me escondi debaixo da cama, segurando meu cordão com força. Respirei devagar, o ar frio e pesado enchia meus pulmões, quase me sufocando.

Observei as luzes provocadas pelas chamas do lampião que, aos poucos, ficavam mais intensas, criando sombras grotescas nas paredes rachadas. Entrei em pânico quando vi suas botas cobertas de lama e o sangue de Ethan escorrendo por suas calças.

Em silêncio, o homem me procurou pelo quarto, andando lentamente para um lado e para o outro. O som da bota que trotava sobre a madeira frouxa havia sumido, e por um momento, pensei que poderia ter escapado.

A cama voou para longe como um brinquedo arremessado por uma criança raivosa. Gritei, olhando para dentro de seus olhos. Assustada, me arrastei para trás, quando vi pela primeira vez seus olhos escondidos atrás de uma profunda máscara deformada. Naquele instante, a terrível verdade me atingiu como uma lâmina gélida: aqueles olhos verdes eram os mesmos da pessoa que eu amava.

— Você... — murmurei, a palavra morrendo em meus lábios enquanto a realidade cruel e aterrorizante se desdobrava diante de mim...

O Último PesadeloOnde histórias criam vida. Descubra agora