Capitulo 02: pinturas e palavras marcantes

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Querido, você é um naufrágio
Com o seu coração de pedra
(Heart of Stone - Iko)

J O N A T H A N

     Depois de ser assaltado, de ser quase preso por algo que não fez e de fugir da delegacia com a ajuda da filha do policial - vulgo Lis, pela corrente que ela carregava no pescoço -, Jonathan voltava para casa.

Era uma e meia da madrugada. Não estava tão tarde quanto ele pensava mas a rua estava tão fria e solitária quanto seu coração. 

"É por isso que você não tem ninguém".

Ele queria entender porque ele era como era. Sempre carregava um sentimento diferente no peito, que sempre fez parte dele. E cada vez mais esse sentimento vem o consumindo. Basta uma faísca para que tudo ao seu redor se transforme em tristeza.

A casa estava silenciosa e escura. Jonathan subia as escadas em direção ao seu quarto com cuidado para não acordar sua mãe e sua irmã.

Ao chegar lá, no meio de toda a bagunça, viu imediatamente um quadro em cima de sua escrivaninha. Um quadro dele. Se aproximou e observou cada detalhe daquela pintura. Parecia que ele estava se olhando no espelho, e apesar de não gostar de espelhos, ele gostou do quadro.

     ─ Oque achou? ─ escutou Madison perguntar e virou para encara-la no pé da porta. Ele achou que ela estava dormindo.

─ Ficou incrível. ─ Jonathan tentou sorrir e sua irmã se aproximou. ─ Você tem talento.

─ Obrigada. ─ ela sorriu e se jogou em seus braços, o abraçando. ─ Fiquei preocupada. Diana me ligou dizendo que vocês tinham brigado e que você saiu chateado.

Jonathan suspirou e desviou o olhar de sua irmã, depois que ela o soltou. Desde quando Diana tinha o número da sua irmã?

─ Você está bem?

─ Eu sempre tô. ─ mentiu.

"É por isso que você não tem ninguém."

─ Tem certeza? ─ reforçou a pergunta. Madison sabia que algo perturbava seu irmão desde criança, mas isso era um assunto muito delicado. Toda vez que tentava falar sobre, ele se fechava completamente.

─ Sabe... eu queria ser perfeito como em seus desenhos. ─ mudou de assunto, encarando a pintura novamente.

─ Mas você é. ─ Madison soltou um risinho. ─ Você é perfeito pra mim.

Ele soltou um riso baixo. Ele estava muito longe de ser perfeito. Ele era só um humano cheio de problemas.

─ Amo você, Mad. ─ sorriu para a irmã, que se jogou na cama bagunçada dele.

─ Ah, eu sei. ─ ela riu, descontraindo o clima. ─ Muita gente me ama.

Ele se jogou na cama e deitou ao lado dela.

─ Você vai dormir agora? ─ Madison perguntou encarando o teto branco vazio.

─ Talvez.

Já faziam quatro dias que Jonathan não dormia. Seus seus olhos pesavam e as olheiras ficavam cada vez maiores.

Uns anos atrás ele dormia para fugir da realidade e tentar buscar abrigo em algum sonho. Mas hoje em dia são só pesadelos, acordado ou não é tudo um show de horrores.

─ Posso dormir aqui com você?

E então Jonathan lembrou de 10 anos atrás. Ele e Madison quando crianças brincando de cabana e dormindo juntos depois de uma grande e divertida briga de travesseiros.

As coisas costumavam ser mais simples. Ele sentia falta daquilo. Sentia falta da criança que era. Sentia falta de sentir algo.

─ Sempre que você quiser.

Madison se acomodou e encostou sua cabeça no ombro de Jonathan, que permanecia com os olhos abertos encarando o teto.

"...você não tem ninguém".

─ Eu também te amo, John. ─ disse antes de fechar os olhos. ─ Você é muito importante pra mim. Você é minha família.

Jonathan não fechou os olhos por nenhum momento. Ele queria gritar, mas não podia. Ele queria chorar, mas não sabia. Às vezes pensava, será que o choro aliviava mesmo os sentimentos ruins que sentimos? Se sim, porque ele não conseguia chorar?

Nem se lembra da última vez em que caiu uma lágrima de seus olhos. Mas não fazia mais diferença, com o o tempo ele aprendeu a ficar em silêncio
enquanto seu interior gritava.

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