H A R L E Y W A T F O R D
Andava pela rua como se fosse só mais um dia da minha vida, mas não, era o último. Já ouvi muitas pessoas dizendo "Viva cada dia da sua vida como se fosse o último", eu posso não ter vivido cada dia da minha vida deste jeito, mas estou tentando fazer isso hoje.
Nash Grier: Ele não foi a melhor pessoa para mim, mas eu também não fui para ele. Me desculpei.
Cameron Dallas: Foi o meu melhor amigo durante anos, até Alissa estragar tudo espalhando boatos sobre mim e ele, me fazendo acreditar que ele que os tinha espalhado. Me desculpei.
Taylor Caniff: No primeiro ano eu joguei suco de uva na cabeça dele, manchei sua bandana favorita, ela era branca. Me desculpei.
Nate Maloley: Peguei suas ervas e joguei no lixo sem ele saber, até hoje quando eu me desculpei.
Sammy Wilk: Semana passada, quando trabalhava de passeadora de cachorro e fui demitida, deixei Iker, o cachorro mais bravo e que odeia o Sammy, se soltar e correr atrás do dele, gravei um vídeo do Sammy gritando como uma garotinha e fugindo do Inês e postei. Me desculpei.
Pedi desculpa para todos que eu fiz mal, todos não, só a Trupe Do Caniff. Caniff E Sua Trupe foram os únicos que eu realmente fiz mal querendo.
E agora depois de pedir desculpa a todos eu estava fazendo o que eu mais gostava, lendo. Se essas eram as minhas últimas horas que sejam passadas fazendo algo de útil, lendo.
Eu lia um diário que a minha mãe escreveu antes de ela e meu pai cometerem suicídio duplo.
Tal pais, tal filha.
Ah, que alegria! Seguindo os passos dos meus pais.
Alguém bateu na porta do quarto, era a minha tia Lizzie. Ela é boa pessoa e não merece alguém problemático para cuidar. Muito menos eu, que fui o motivo da sua amada irmã se matar, junto com seu querido cunhado.
---Harley, querida! Tem visita para você.--- Ela entrou no quarto sorridente.--- É o Taylor.
---Pode mandá-lo subir, tia?--- Sorri para ela, que viu isso como um sinal para chamá-lo.
Logo ouvi passos ficando cada vez mais altos. Logo ele apareceu na porta, que já estava aberta.
---Faz tempo que não venho aqui.---Observou o quarto como se quisesse guardar cada detalhe dele.---Mudou muito. Tá bem diferente daquele rosa que doia nos olhos.
---É tá todo branco, é melhor assim.
---Tá sem vida, sem cor. Nāo combina com você.--- Voltou sua atenção a mim.
---Talvez pareça mais do que você pense.
---Eu conheço você. A Harley. Ela é alegre e trás vida para todos os lugares.
Logo, logo ela não trará mais.
---Queria voltar a ser ela.
---Ninguém pode mudar o que é, você é ela.
---Tá, o que você veio fazer aqui?--- Desviei o olhar para um globo de neve de N.Y que meu pai me deu.
---Saber o motivo de você estar tão estranha. Não é do seu feitio pedir desculpa, ainda mais para mim e os meus amigos.
---O Empire State Building é bonito, queria ir lá hoje.
---Por qual motivo não pode ir outro dia?---Olhei para ele.
---Por qual motivo não posso ir hoje?... Posso tá morta outro dia, Taylor. Nunca se sabe.
---Vocé ainda não disse por qual motivo pediu desculpa.---Novamente desviei do seu olhar.
---A resposta é a mesma da pergunta anterior. Posso tá morta outro dia, Taylor.
---Você nunca foi assim, nem morta pediria desculpa para ninguém. Não pense na morte, pelo menos não enquanto ela não estiver perto.
Ela pode tá mais perto que você imagina. Mais perto de mim.
---Taylor, a morte sempre foi uma certeza. Não posso ficar sem pensar na única certeza que eu tenho. Eu só quero deitar na minha cama e dormir de vez.
---Tá, é melhor eu ir. Até amanhã.--- Ele acenou se levantando da cama que eu nem percebi que ele havia sentado e foi em direção a porta.
---Adeus, Taylor.--- Ele saiu pela porta e eu pude e deixou-a aberta. Eu pude ver ela descendo a escada e acenando para minha tia Lizzie.
Uma lágrima quente escorreu do meu olho desencadeando uma cachoeira de várias outras.
A única chance que eu tinha simplesmente acenou, desceu a escada, abriu a porta e foi embora depois de eu quase ter dito na casa dele que queria me matar.
Talvez ninguém se importe de verdade, só se importam com o que os outros tem a oferecer e eu não tenho nada a oferecer, não sirvo para isso. Nunca servirei.
Me levantei, peguei a caixinha de lâminas e entrei no banheiro. Liguei a torneira e deixei a água inundar a banheira fria. Lágrimas corriam pelo meu rosto com se apostassem corrida entre si. Eu soluçava alto como se o mundo estivesse a beira do apocalipse e eu fosse uma criança que acabara de perder os pais.
Desliguei a torneira e entrei na banheira cheia de água morna ainda de roupa. Peguei a casinha de lâminas e tirei-as de lá. As observei por cerca de 20 minutos. Cortei o pulso esquerdo, logo correu o direito com as mãos trêmulas. Observei meu sangue caindo do pulso incesalvelmente, até que a certo ponto o sangue não saía mais como antes. A dor não era dilacerante como antes. Eu ia perdendo os sentidos a casa sengundo que se passava, eu fiquei mais de uma hora vendo o sangue se espalhando como tinta na banheira e a cada minuto eu afundava mais no meu próprio sangue. Até minha visão ficar turva e depois eu nada mais enxergar, só ouvia a minha respiração pesada como se eu estivesse dormindo, mas eu não estava, eu estava morrendo. Aos poucos minha audição também parou, assim como havia acontecido com a visão. Eu não havia submergido na água ainda. Meus braços estavam apoiados na parte de fora da banheira, mas não me davam tanto sustento. Minhas pernas que antes eu conseguia sentir mas não mecher, eu não mais sentia. Assim como todo o resto do meu corpo. Só meu coração, minha mente e a minha respiração sobreviviam, mas não por muito tempo já que perto grande parte do meu sangue. Meu coração parou a junto com ele a minha respiração e a minha mente.
Paz.
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Dark Paradise ¤ Taylor M. Caniff
Fanfiction"Eu consigo te ouvir, eu consigo te ver, eu consigo te tocar, é como se você estivesse aqui, mas eu sei que não." Onde Harley se suicidou e o seu espírito não consegue descansar até que todos descubram seus motivos, mas só Taylor consegue vê-la.