VII - Conciliação

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...Angelo

Normalmente eu tenho cinco horas de sono entre o posto de gasolina e a loja de vídeo.

Não dormi na noite passada, no entanto. Passei todas às cinco horas agonizando sobre se devia ou não ir hoje. Nem sequer me lembro de tomar a decisão de ir. Mas devo ter, porque eu me vejo andando na porta. Não posso sequer olhar para Zach.

Não quero que ele esteja furioso. Não quero que ele seja todo amigável e compreensivo também. E principalmente, não quero que olhe nos meus olhos e veja que estou tão arrasado com isto, que não posso sequer pensar direito.

- Você está atrasado. - Ele disse suavemente, como se fosse uma pergunta. Como se talvez ele não soubesse ao certo. Claro que ele não estava louco. Quase desejo que estivesse.

- Sim. E daí?

- Então, nada. Eu só queria saber se está tudo bem.

O que posso dizer? Não, cara, nem tudo esta bem. Não mais. Não desde a noite passada. Não desde que eu percebi o quanto eu sinto. Eu sei que ele nunca vai ser capaz de me amar, como eu o amo.

- Você se importa, Zach?

Eu vejo que ele está confuso e um pouco machucado, e estou contente.

- O que está errado, Ang?

Por que tinha que ser tão bom nisso? Faria isso tudo tão mais fácil, se ele apenas me agredisse de volta. Treinei as palavras mais e mais na minha cabeça a noite passada.

- Isso não está funcionando, Zach.

- O que não está funcionando?

- Isso! - E quando eu viro para olhá-lo, a expressão ferida no rosto é quase mais do que
posso suportar. - Você. Eu. Este trabalho do caralho. Eu não posso mais fazer isso.

- Você vai desistir?

Sim, eu pensei sobre aquelas palavras durante toda a noite. A coisa é, eu nunca realmente tive a intenção de dizê-las. Não posso levá-las de volta agora, no entanto. E talvez seja o melhor. Ele ainda está me observando, parecendo que acabou de ser perfurado, e acho que não está muito longe.

- Sim. Estou desistindo.

- Ok.

Eu sei que a resposta simples não é porque não se importa. Eu sei que ele ainda está tentando recuperar o tempo. Eu tenho que sair daqui, antes que ele faça.

- Te vejo por aí, Zach.

Estou a meio caminho para fora da porta, quando ele diz.

- Angelo, espere!

Eu paro. Sei que não deveria. Mas eu faço.

- Eu não sei o que está acontecendo, mas eu realmente não quero que você vá. Preciso de você aqui. E eu... - Ele não termina, quando quase ia dizer alguma coisa, mas pensou melhor. - Você sabe que este lugar vai desmoronar sem você.

Eu sorri um pouco quando diz isso. Não posso ajudá-lo. Estou de costas para ele, no entanto. Ele não me vê.

- Se há algo acontecendo e você precisa de um tempo fora, você pode tê-lo. - Ele para por um segundo, então diz muito suavemente. - Qualquer coisa que você queira, Ang.

E estou tentando realmente, com muita dificuldade, não chorar.

- Volte, porém, quando você puder. Por favor?

Eu quero ir até ele. Quero colocar meus braços em torno dele em busca de conforto, como se eu fosse um garotinho. Eu quero apenas chorar como um bebê. Obviamente não é uma opção. Em vez disso eu apenas vou embora.

A à Z (Série Coda - 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora