Impetuoso

PRÓLOGO: SEGREDO DE SANGUE

- Por aqui - um homem alto e corpulento tomou o braço de uma jovem garota guiando-a para um quintal com algumas árvores.

- Isso não parece muito seguro - alertou ela, mas o homem, certamente muito tomado pela emoção a ignorou totalmente.

Eles pararam atrás de um arbusto alto, e com a escuridão que se alastrava no local, eram inotáveis, ou ao menos pensavam assim. Ele rapidamente pôs as mãos nas bochechas rosadas da garota e afastou uma fina mecha loira de sua face para em seguida beijá-la. À distância eles pareciam irregulares de mais, ela era magra e uns sete centimetros mais baixa, já ele era alto e incrivelmente forte. Seu rosto era quadrado e muito maior que o da garota, que era mais arredondado e pequeno. Na verdade ele parecia um gigante diante dela.

- Estive esperando por esse momento o dia inteiro - ele disse quando cesou o beijo, e no momento se deu conta de que estava falando um pouco alto demais.

- Shiii - sibilou ela com o dedo indicador nos lábios dele -, você não quer que nos descubram, quer?

Ele negou com a cabeça e voltou a beijá-la. As pequenas e delicadas mãos da loira seguraram firmemente nos ombros fortes dele, e as dele, um pouco mais rústicas, acariciaram o contorno de sua cintura. Eles eram juntos um casal muito quente e apaixonado, mas era de estranhar que precisassem esconder-se do mundo para demonstrar seu amor.

Eles eram na verdade Ashley Gillespie e Christopher Thomas, duas pessoas altamente proibidas de compartilhar sentimentos carnais, por mais inverossímil que isto pareça.

Há exatamente dezessete anos atrás, Gigi Gillespie, uma fanática aluna de Comunicação da Yale University realizava um importante trabalho de campo sobre jogadores locais de Rugby. Ela desconhecia toda e qualquer informação sobre o esporte, mas eis que milagrosamente durante as entrevistas com alguns jogadores, um rapaz alto, forte e incrivelmente simpático se prontificou em lhe dar algumas informações especiais sobre o assunto, e como a Wikipédia não ajudava tanto o quanto esperava, ela teve de aceitar sem pestanejar. Ele disse que a ajudaria no trabalho, se em troca eles pudessem jantar em um sofisticado restaurante na Fifth Avenue em New York. Ela ficara maravilhada com a personalidade do gentil sr. Thomas, porque honestamente não gostava de falar sobre, mas até então ela relacionava jogadores de Rugby como criaturas selvagens e brutais. Ela ainda pensava assim, mas com a notável exceção de Cristopher, claro.

Mais tarde o que era uma simpática troca de gentilezas tornou-me algo mais forte e intenso, o que obviamente veio a gerar a meiga Ashley Gillespie.

Mas inicialmente Gigi não prentendia contar-lhe sobre o bebê que estava esperando, ela havia lhe jurado que tomaria anticoncepcionais ou coisa do tipo, e não o fez. Como poderia simplesmente bater na porta dele e dizer "olá de novo e estou grávida?

Definitivamente ela não o contaria, seria difícil, mas encontraria meios de ter esse bebê e criá-lo sozinha, e mesmo, aquilo tudo fora uma aventura para Christopher e com total certeza ele jamais iria querer algo sério. Era mais provável que ele pensasse que Gigi queria lhe dar o golpe da barriga, e ela não estava disposta a passar por isso. Ela estava no fim do curso e logo começou a trabalhar em uma emissora estadual de Ohio, que embora fosse muito distante da sua cidade natal - Nova York - lhe pagaria bem e ofereceria boas condições para criar Ash.

Nesses dezessete anos ela casou-se e divorciou-se por pelo menos duas vezes, sem contar os namoros relâmpagos. E quem diria que após todo esse tempo seu caminho se crusaria novamente com o agora nacionalmente conhecido jogador de Rugby bem sucedido Cristopher Thomas.

Novamente, relembrando os bons tempos de cortesia, o imponente jogador a levou para jantar em um dos mais famosos restaurantes de Nova York e um instante depois estavam juntos oficialmente. Mas dessa vez havia algo de diferente, não era como se ainda fossem jovens imprudentes e despreocupados. Christopher agora tinha uma carreira a zelar e Gigi tinha uma filha. Ela esperou impaciente por longos seis meses pelo momento em que ele perguntaria se havia alguma possibilidade de Ashley ser sua filha, mas ao certo ele nunca deu importancia. E bem, agora eles estavam juntos, Chris tinha Ash como uma filha, então, Gigi viu que não era necessário, portanto não contou.

O casal dando uns amassos no quintal de casa na cidade de Lancaster, pensavam ingenuamente que estavam pecando somente por trair uma mãe e uma esposa, mas na realidade era algo bem pior, eles estavam pecando por compartilharem o mesmo sangue. Eram então pai e filha.

- Ah, isso parece tão errado - o homem falou inocentemente celando um beijo casto no topo da cabeça loira de Ashley -, mas também parece certo.

Ashley estava com os braços envolta dele, recebendo ondas de calor que irradiavam de seu enorme corpo. Ela temia que sua mãe, Gigi, uma dia descobrisse e deixasse de amá-la. Ela nem mesmo sabia como aquilo havia começado, mas entendia perfeitamente que não havia volta.

- Eu te amo. - Disse ela apertado-o com mais força. Desesperada por não querer ter de deixá-lo jamais, como pedia a Deus todas as noites antes de dormir. Também parecia errado e também muito certo. Ela lhe entendia claramente.

À distância, não muito longe dalí, ouviu-se um barulho estridente de um galho se quebrando, como se alguém houvesse pisado em um. O coração de ambos deu enorme salto, eles podiam ouvir claramente sons de passos se distanciando.

Ashley se desvencilhou rapidamente dele, encarando-o assustada, mas Christopher, porém, parecia muito controlado, embora não estivesse.

- Volte para dentro silenciosamente - sussurrou ele perto de seu rosto.

Ela assentiu e em seguida marchou de volta para casa, tensa. Alguém teria os visto?