Capítulo Único

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Era sábado de manhã e Harry ainda não havia ido ao Salão Principal tomar seu café, e nem iria, pois já estava quase atrasado para as malditas detenções de Snape, devido a briga com Malfoy.

Rapidamente, levantou da cama e vestiu-se, quando então, Harry, que havia simplesmente parado tudo o que estava fazendo, começou a pensar, pela milésima vez, em Draco, no sangue, nos gritos, em tudo, até que percebeu os minutos que haviam voado, e que agora estava realmente atrasado para a detenção. Não pensou em mais nada, apenas empunhou sua varinha, que seria inútil, já que Snape não o deixava usá-la nos documentos que deveria organizar para Filch, e em nem uma outra detenção, obviamente, e seguiu correndo em direção as masmorras.

Havia passado um certo tempo desde o "duelo", e Harry não entendia como Draco estava tanto tempo na enfermaria. Reconhecia que o feitiço, cujo na verdade era uma maldição, causou grande dano a Malfoy, porém, Madame Pomfrey era excelente em seu trabalho, e logo surgiu em seus pensamentos a hipótese de ser apenas mais um dos teatrinhos do garoto loiro. Esses pensamentos atordoavam Harry todos os minutos, como se não possuísse coisas mais importantes para se preocupar, porém eram inevitáveis, assim como os embrulhos no estômago de Harry ao lembrar de Murta, com seus berros e gritos, Snape, chegando ao local e vendo toda a situação, e, principalmente, Draco, caído no chão e ensanguentado devido aos cortes. Draco. No chão. Ensanguentado. Isso era o que mais perturbava Harry. Sentia-se mal pelo garoto, sentia-se perturbado, com dó. Coisas que, definitivamente, Draco não merecia, porém, o coração bom de Harry não o impedia de ter esses sentimentos.

Harry sentia culpa, mas ao mesmo tempo tentava convencer-se de que ele não devia se sentir assim, pois não sabia o que o feitiço desconhecido poderia fazer, estava apenas testando-o. Porém, quem acreditaria em suas palavras com exceção de Ron e Mione? Snape? Nunca. Mas, e se falasse com Draco? E se ele o ouvisse? O que poderia acontecer? Não sentiria mais tanta culpa? E se Harry fosse na enfermaria, durante a noite, quando ninguém o interromperia?

~ / / ~

Já era noite de sábado, e Harry estava decidido a ir ver Draco, estava apenas esperando os colegas irem para seus aposentos, e enquanto isso fazia sua tarefa de História da Magia, que mais tarde daria para Ron "copiá-la". Tinha saudades de quando Hermione os ajudava, porém a garota dos olhos castanhos ainda estava brigada com Rony, e sabia que se ajudasse Harry, ele iria ajudar o amigo. Hermione havia sumido o dia todo, e Ron também, porém agora estava com Lilá, que nesse momento apertava suas bochechas, em outro canto da Sala Comunal.

Um tempo depois, Rony aparece perto de Harry com o tédio estampado em seu rosto:

- Eu não aguento mais aquela garota - diz o ruivo com as orelhas vermelhas de raiva.

- E eu não te entendo. Por que não termina logo com ela?

- Se fosse tão fácil... - Ron fala terminando a frase com um bocejo de sono. - Eu vou dormir. Amanhã a gente se fala.

Harry apenas observou o amigo que já estava quase chegando ao seu destino, quando então o garoto falou elevando um pouco a voz:

- Volta aqui!

- Ah, qual é? O que foi? - Rony dá meia volta e vem em direção a Harry que estava em pé em frente a poltrona, próximo a lareira.

- Você poderia pegar a minha Capa? - diz Harry em um sussurro quase imperceptível.

- Certo. Bom... eu... eu já volto.

Harry apenas assentiu. A Sala Comunal já estava praticamente vazia, havia apenas um pequeno grupo de alunos conversando e rindo, que logo em seguida se retirou, ficando apenas Harry na Sala vazia. Alguns minutos depois, Rony desce, silenciosamente, em direção a Harry, dando uma olhada geral na Sala para ter certeza de que não havia ninguém.

- Toma aqui. - Diz Ron, entregando a Capa para Harry. - Agora me diga, onde é que você vai?

- E lá isso importa agora? - Harry fala arqueando uma sobrancelha, deixando Ron confuso.

- É claro que importa! - Fala o ruivo com os olhos um tanto arregalados. - Por Merlim, Harry! O que é que você vai fazer agora?

O bruxo simplesmente não responde, apenas veste a Capa e sai pelo buraco do retrato, deixando Ron indignado e praguejando palavras sem sentido às costas de Harry.

Alguns instantes depois, o garoto já se encontrava à porta da enfermaria. O que ele estava fazendo fazia sentido? Talvez, mas estava fazendo as coisas praticamente por impulso, por vontade, por... culpa? Bem, nada disso importava, apenas estava começando a se sentir melhor, porém quando o garoto abre a porta lentamente com a varinha em mãos, seu coração dispara ao ver Draco dormindo, seu corpo começa a ficar trêmulo, seu estômago se embrulha, sem motivo algum, e Harry não estava entendendo os motivos de estar se sentindo assim. Já não compreendia seus sentimentos de culpa, e agora mais isso? O que estava acontecendo?

Lentamente, o menino platinado abria os olhos, olhando para o teto e suspirando, provavelmente perdido em seus pensamentos. Estava de uma forma que Harry nunca havia visto antes. Nesse instante, Harry chega mais perto de sua cama. Não havia mais ninguém na enfermaria. Por alguns instantes, Harry apenas observou o garoto, que ainda permanecia olhando para o teto.

- Shhhh, não se assuste. - Harry sussurra, fazendo Draco sentar-se na cama de súbito, o que o fez soltar um leve grunhido de dor (então não estava mesmo curado? Como era possível?), apanhando sua varinha e apontando para o lugar de onde a voz veio. Parecia não ter reconhecido Harry. Nesse instante, o Grifinório tira sua Capa, e a coloca em algum lugar próximo.

- Abaffiato! - murmurou Harry em direção a porta.

- Mas que diab...? - Draco começa a falar, porém Harry instantaneamente o interrompe:

- Será que você não consegue ficar em paz, um segundo só sequer?

A dúvida e indignação eram óbvios no rosto de Draco. Harry ainda não havia entendido por que não o atacara já que estava tão indignado. O que estava acontecendo ali? Como isso era possível? Draco não o atacou? Aliás, como Harry não pensou que isso poderia acontecer? Haviam grandes riscos de toda a enfermaria já estar basicamente destruída, mas não estava. Tudo estava, consideravelmente, normal, até mais que normal, levando em conta a relação dos dois.

- Será que você não pode me ouvir sem abaixar essa maldita varinha? - Diz Harry com rispidez.

- Eu... - Malfoy não sabia o que fazer. Como ele estava assim? Fora por conta do feitiço que estava tão estranho? - Oras, o que é que você quer, afinal?

- Desde o dia em que nos conhecemos no Expresso de Hogwarts você sempre fez questão de brigar comigo. Por quê? O que eu fiz? Qual é o meu problema? Eu sei que não deveria ter feito o que fiz com você, mas, acredite ou não, eu não sabia para que servia aquele feitiço! Eu nunca faria se soubesse! - Ao terminar de dizer estas palavras, Harry percebe que estava chorando. "Mas o quê..? Por que eu estou chorando? Que é que está acontecendo comigo? Por que eu estou tão nervoso assim?"

- Des...desculpa. - Malfoy fala, com uma incrível dificuldade no início, como se houvesse algo em sua garganta o impedindo, e em seguida deixa algumas lágrimas escorrerem. - Eu... bom eu... acontece que... - Harry o impediu mais uma vez, aproximando seus rostos e em seguida o selando. Foi um beijo calmo e demorado. Logo os dois se separaram por falta de ar e falaram em uníssono:

- Eu te amo.

Drarry - HP6 One ShotOnde histórias criam vida. Descubra agora