Capítulo 2
... foi para o único lugar onde era possível organizar suas ideias:
A casa na árvore.
Saiu pela porta dos fundos, atravessou o quintal e subiu a escada de madeira que dava para a entrada do seu mundo particular. Ao chegar lá no alto, trancou a porta e entreabriu as cortinas da pequena janela. Sentiu o ar entrando e respirou fundo, observou o caderno sobre a pilha de livros e caminhou até ele.
Sentou-se no chão, reconstou-se em uma almofada e abriu o caderno derrubando uma pilha de recortes de jornal que guardava secretamente.
Vasculhou o bolso de suas calças até achar um novo recorte que havia feito recentemente e juntou ao restante das imagens olhando-as com atenção.
Cada pedacinho de papel era como um quebra cabeças que ela tentava montar, cada rosto desconhecido era o seu enigma pessoal, todas aquelas pessoas tinham algo em comum: a morte.
Semanalmente o jornal oficial publicava notícias e comunicados em relação aos horripilantes assassinatos que aconteciam por todo reino.
O rei Ezequiel, alegando medidas de segurança, tentou tirar o jornal de circulação porém a rainha Daniela Terceira interviu e achou melhor que o jornal continuasse acessível à população e assim foi.
Todas as pessoas mortas tinham a foto de sua identidade publicada no jornal afim de alertar tanto a comunidade quanto aos familiares distantes e essas imagens, por algum motivo mórbido, atraiam Íris.
Observando as fotos Íris tentava encaixar as peças. Via os rostos, os cabelos e os olhos. Se assustava toda vez. Se assustava porque no fundo de sua mente curiosa Íris sabia muito bem o que todos tinham em comum, mas aquilo era demais para ela acreditar.
Era demais até mesmo para Aurora, justamente por isso não se atrevia a contar para sua irmã.
Então, como em todas as outras vezes, guardou todos os pedaços de jornal em seu caderno de anotações e sentou-se observando o céu através da pequena janela.
O único questionamento que martelava em sua cabecinha era sobre: quem seria capaz de fazer tamanha crueldade com pessoas indefesas?
Pensando nisso, em um objeto estranho chamado celular e num roubo feito por sua irmã, Íris adormeceu no final daquela tarde.
E a tarde curiosamente passou muito rápido, talvez por causa do céu nublado ninguém se deu conta da noite que caiu silenciosamente.
Não se ouvia nem pássaros, nem zumbidos, nem conversas, porém ainda assim Íris ouviu algo.
E foi o suficiente para que ela despertasse.
Atordoada e sem muita noção de tempo Íris se levantou notando a escuridão e o vento forte que chacoalhava as cortinas da janela.
E foi aí que ela ouviu novamente, um barulho um tanto abafado, mas ainda assim, um barulho.
Rapidamente se pôs a olhar para o lado de fora e um arrepio atravessou sua espinha, aquilo tinha sido...um vulto?
Fechou as cortinas sentido o coração martelando em seu peito.
Estaria ela ficando louca?
Caminhando lentamente como se qualquer passo em falso pudesse destrui-la Íris pegou a mochila que preparou para emergências (que nem ela esperava que acontecessem) e tirou uma lanterna de dentro.
Não a ligou de imediato, não queria chamar atenção do que quer que fosse, apenas jogou a mochila nas costas e decidiu de iria descer mesmo que o medo em seu interior estivesse quase a paralisando.
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Ralhon
FantasyNas terras distantes de Ralhon não se falava em outra coisa além do baile da decisão final. Até mesmo a gigante onda de misteriosos assassinatos que se perduram durante anos em todo o reino é deixada para segundo plano mediante ao evento promovido p...