187 - Bonecas de Porcelana

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- Mallya on-

  Entramos no porão, um por um descendo os degrais com rapidez, a preocupação era tanta que parecia que consumiria nossas mentes. Quando chegamos ao chão Taehyung e Jimin estavam do meu lado enquanto olhavam o perímetro ao redor, analisando possíveis ameaças. Já Mark e Jung Kook que estavam do lado um do outro, aparentemente contra vontade, apenas esperavam, e esperavam, sabiam que alguma coisa viria do escuro, como se pudessem sentir a presença do inimigo conforme ele se aproximava, mesmo em todo aquele silêncio. Não haviam mais sons no porão além das nossas respirações ofegantes. Pelo menos até eu escutar a risada de uma menininha pequena. Huoyan começou a se mecher dentro da minha bolsa, devia ter acordado.
  - São bonecas de porcelana. - Avisou Mark depois que o silêncio predominou o local novamente, e então respirou fundo - Elas só morrem se você quebrar a cabeça delas, não é preciso muito esforço, um soco já quebra, o problema é conseguir golpea-las.
  - Você já enfrentou uma dessas? - Perguntei engolindo em seco e já me prontificando em pegar a katana, eu conhecia algumas lendas sobre essas bonecas, são controladas por demônios, e tem a fama de serem muito violentas, afinal não é a toa que um de seus apelidos mais conhecidos é quebra-ossos.
  - Já. - Confirmou Mark e então acrescentou - Tomem cuidado, eu vou atrás da Alícia. - Com o aviso ele começou a se afastar, sem esperar por alguma resposta. Jung Kook pareceu ir junto, mas depois que Mark voltou pra trás e o fulminou ele se reteve e voltou para o grupo.
  - Ele realmente te odeia né. - Comentei para Jung Kook e ele comprimiu os lábios enquanto tirava a arma da cintura e uma adaga do bolso.
  - Vai aprender a gostar, a Alícia precisa de mim, e ele não vai poder ficar ao lado dela pra sempre. - Quando Jung Kook falou isso a graça do meu comentário morreu, ele pareceu tão certo do que falava, como se soubesse de alguma coisa, e eu ia me virar para ele e perguntar o porquê de ter dito aquilo, mas não deu tempo, outra risada ecoou pelas estantes de livros, essa estava mais próxima, mas ainda não dava pra ter certeza de onde ela estava. Por sorte, a visão ampliada para enxergar no escuro me deu vista para uma pequena silhueta e depois outra quase do meu tamanho que pareceram sair de trás de uma estantes a cinco metros de nós, mas logo em seguida se esconderam de novo.
  - Elas estão chegando. - Avisou Jimin, e eu engoli em seco, não gosto de bonecas. E Huoyan não parava de se mecher, acho que também não deve gostar. O que me deixou intrigada, será que mesmo sendo um bebê ele consegue sentir quando tem perigo perto?
  - Já chegaram. - Falou Tae interrompendo meus pensamentos, e então eu vi, dezenas de bonecas, de vários tamanhos, correndo na nossa direção, como se fossem zumbis atrás de carne.

- Alícia on-

  Infelizmente meu trunfo não durou muito, por mais que eu não havia me esquecido de Diego, e estivesse esperando que ele aparecesse, naquele momento eu havia me distraído quando notei que podia testar forças com a cavaleira, foi a deixa que Diego aproveitou para me abraçar por trás, com seu corpo imaterial atravessando a prateleira agarrar meu corpo, fazendo questão de tapar minha boca e o meu nariz.
  Ele estava tirando o meu ar, e com seu outro braço apertando minhas costelas, que doíam insistentemente. Tentei me manter firme, segurando a foice com ódio, eu sabia que se soltasse ela ia usar a lâmina contra mim.
  - Diego! - A mulher bradou e então ele apertou meu tronco com força, desta vez eu senti o osso quebrar, uma costela havia sido comprometida.
  A dor era tanta, que eu soltei a foice imediatamente e gritei, e o som foi impedido de se reproduzir porque o cretino ainda estava tampando minha boca e então esperniei em agonia.
  Só me restou por as mãos nos cortes pra tentar conter o sangue, não parava de sangrar, e eu não conseguia mais respirar. Não adiantaria me debater, eu sabia que ele não ia me soltar se ela não desse a ordem. O que a mulher resolveu fazer assim que escutou várias risadas, pareciadas demais com as de crianças.
  - Vá cuidar dos amiguinhos dela Diego, vou encerrar este assunto agora mesmo. - Com as ordens da mãe do Mark Diego me soltou, e eu arquejei, tentando desesperadamente recuperar o ar que ele havia roubado de mim. Meu corpo doía e meus ossos, pareciam de vidro dentro do meu corpo. Frágeis e dolorosos a qualquer movimento que eu fizesse.
  E eu estava com tanta dor, que nem fiz comentários. Apenas gemi agoniada quando ela levantou a foice e sorriu, desta vez ela não ia errar.
  - Não se sinta triste Alícia, você é uma brava guerreira assim como sua mãe, mas eu não vou deixar a profecia matar o meu filho, e a única maneira de impedir é separando vocês dois da conexão, e eu prefiro sacrificar você do que ele. - Falou ela, e então, fechei os olhos. Desta vez eu pensei que seria meu fim, meu corpo doía demais pra reagir, estava sentindo frio, eu estava tremendo tanto. Foi quando a voz de Mark furiosa surgiu no corredor, estremeci e quando olhei pra ele eu vi a criatura esquelética dos meus pesadelos, segurando uma grande foice na escuridão.

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