q u a r e n t a & q u a t r o

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O sol se põe e o céu escurece em uma noite fria e aveludada do lado de fora da janela daquele quarto. Com o encerramento do horário de visitas, sentia-me num tédio absurdo.

Aceito algumas solicitações no Instagram e atualizo o feed a cada cinco minutos na tentativa fracassada de encontrar algo que me chame atenção. Nada.

Mia dorme serenamente depois de amamentar pela quarta vez no dia. Descubro nas primeiras horas como mãe que tenho um pequeno bezerrinho lindo que a cada minuto me deixa surpresa e enfraquecida. -Eu não consigo evitar tanto amor e olho para ela a todo momento, admirada com tamanha beleza que foi gerada em meu ventre.

Em meu telefone, há uma proximidade de cinquenta fotos que eu tirei dela nas últimas horas.

Me sinto completamente apaixonada.

- Você precisa comer um pouco, mamãe. -uma enfermeira diz para mim ao deixar uma bandeja com comida, frutas e suco na beira da cama.

- Obrigada. -eu digo, mordendo a maçã. - Aliás, você pode me fazer um enorme favor? -imploro.

- Sim?

- Eu preciso muito ir ao banheiro mas estou com medo de deixá-la sozinha -admito, envergonhada. - Você pode olhar ela por um minutinho só?

- Claro que eu posso! -Responde ela, monótona.

Eu desço da cama com cuidado para não machucar os pontos, e, deixo o quarto pela primeira vez desde que cheguei aqui.
Respeitei o pedido de Andreas para "minha segurança" e fiquei lá por horas demais a ponto que minha bexiga não fosse mais capaz de aguentar.

No fim do corredor encontro o bendito banheiro, e, quase corro até um dos mictórios para livrar-me das malditas necessidades físicas de nosso corpo.

Lavo as mãos com necessidade de deixá-las limpas para a saúde de meu bebê e jogo um pouco d'água no rosto. Quando levanto a cabeça e encaro-me no espelho, percebo uma gigantesca diferença entre a Amber de antes e a agora.

Relembro a imagem refletida no espelho daquela boate, oito meses antes, que mostrava-me alguém fisicamente linda, luxuosa e reluzente mas mentalmente triste, cansada e solitária.
No estado atual, neste hospital, em meio ao rosto inchado sem maquiagem e as olheiras visivelmente fortes, sinto-me de certa forma... Cansada, porém realizada como nunca estivera antes. Como nunca pensei estar.

Mia causou toda esta euforia em mim.

Questiono-me de repente como minha mãe conseguiu ser tão fria comigo durante todos aqueles anos em que vivemos juntas... Ser mãe era algo tão inexplicável. Céus, eu penso em Mia e vejo toda a minha vida naquele pequeno pedaço de gente. Como ela nunca sentiu?

Caminho pelos corredores mau iluminados ouvindo uma sinfonia de chorinhos infantis. Ultrapasso portas e vejo dezenas de mães ao lado de seus pequenos pedaços de gente.
Chego no fim do corredor, no quarto onde passarei os próximos dois dias e fico surpresa com a imagem que pego em flagrante.

STRIPPER [GRIEZMANN] ✨Onde histórias criam vida. Descubra agora