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Havia certas coisas, quais eu jamais conseguiria achar uma maneira de exemplifica-las, como por exemplo o quão belo eu achava... Uma delas, era o seu sorriso. Bill possuía um sorriso único, daqueles que alguns temem e outros que acreditam ser irrelevante, mas quando estávamos juntos, somente eu e ele entre as cobertas aconchegantes, ele sorria como se o mundo fosse imensamente próspero e maravilhoso de se habitar, e isso fazia-me sorrir como uma garotinha boba e crêr fielmente que o dia seria incrível.

Ele conseguia transformar as simples coisas em algo esplendoroso, Bill tinha esse talento, como apenas abraçar-me quando lágrimas vinham-me aos olhos, e como deixava suaves beijos estalados por todo meu rosto, acalmando meu pranto repentinamente, unicamente, de um jeito simplório e modesto. Ninguém havia compreendido como ele conseguia tal façanha, mas eu apenas o admirava com meus olhos semi-abertos através das lentes de meu óculos.

Bill segurava minha mão entre as suas e a tentava esquentar inutilmente, ele era quem possuía as mãos frias e usava a desculpa para segurar as minhas tentando esquenta-lo, acabava por abraçar-me até estar próximo o suficiente para confundir respirações, então ele ria ao ponto de ter ruguinhas abaixo dos olhos, enquanto seus braços me apertavam mais, trazendo um calor acolhedor, fazendo-me sentir em casa.

Essa era uma das coisas que eu jamais conseguiria por em palavras, a forma como Bill conseguia-me fazer sentir em casa sem precisar fazer muito. Não importava onde eu estivesse ou com quem estivesse, se eu tivesse o calor de sua mão na minha, e seu queixo contra meu ombro, eu estaria em casa.

Era a simplicidade de seu olhar contra o meu, de seu toque em meus fios de cabelo, da sua voz rouca pela manhã... tudo o fazia ser especial e único. Bill as vezes era apenas um garotinho que crescera de mais, ele transformava-se em um quando desejava algo, e quando acabava por fazer algo errado, ele ria envergonhado e encolhia-se entre os ombros e tentava transmitir uma face angelical, as pessoas achavam graça, e eu só sabia sentir-me mais adorada com tal ato.

Eu o amava dos pés a cabeça, dos fios dourados aos machucados, de seus olhos verdes à cicatrizes, ele podia não ser perfeito, mas era para mim.

Quando despertava pelas manhãs, Bill deixava a voz rouca soar acompanhando a melodia do despertador, ele sempre encontrava um modo de diferenciar as palavras da música, apenas para que minha irritação não soasse alta de mais quanto sua voz, ele sorria como nunca e beijava-me como se fosse a primeira vez, seu bom humor era tudo o que não havia em mim e com meu olhar irritado ele colocava meus óculos em si e imitava-me como se conhecesse cada parte minha e houvesse desvendado cada pedacinho meu e em segredo ele havia o feito. Bill era único e eu acreditava ser única em seu mundo e por mais clichê que soasse, eu de fato era.

Havia vezes que o mesmo estava irritado, e isso era quase raro, Bill não era daqueles que se fecha para o mundo e aguenta seus males apenas para si, diferente de mim, ele gostava de gritar aos quatro ventos o quanto estava aborrecido, e sentia a necessidade de jogar sempre o mesmo vaso de plástico que ele mantinha sobre a mesinha de centro ao chão, ele dizia estar bem e então puxava um cigarro do bolso da calça e o tragava em silêncio enquanto eu o observava. Bill jamais gritou comigo, ou ousou magoar-me, mas quando era minha vez, ele aguentava cada grito e socos, apenas para abraçar-me em seguida e passar suas mãos frias por meus fios de cabelo castanho, eu manchava sua blusa com lágrimas e ele murmurava estar tudo bem. E eu sabia que enquanto eu estivesse em seus braços, tudo realmente estaria bem.

Eu era uma bagunça, e mesmo assim ele gostava, eu era a tragédia e mesmo assim ele a desvendava, eu tinha tudo para desistir, mas ele jamais deixava... perseverança, era o que Bill tinha a cada recaída que eu tinha, e eu o amava cada vez mais, dia por dia.

Tinha dias que ele deixava qualquer música tocar pela sala, daquelas que você sente-se a vontade para dançar bem abraçadinho no meio da sala, então ele trazia-me para seus braços e me aconchegava ali, conduzindo-me naquela dança, que só ele sabia fazer, até que minha playlist incomodamente junta-se se a dele estragando qualquer resquício de romance que havia no ar, então eu dava risada e começava a cantar, até o ver sentar-se sob o sofá com a mão sobre o queixo, apoiada contra o encosto do móvel rindo internamente, sobre como eu parecia uma adolescente apaixonada pela banda favorita, e de fato eu era, mesmo que as pessoas dissessem que não.

Bill gostava de beijos longos, gostava de como minhas mãos seguravam seus fios de cabelo e de como meus lábios se encaixavam-se nos seus, e eu gostava de como ele me abraçava e deixava sua cabeça recostar sobre meu ombro, e sua respiração estava alterada, ele deslisava a ponta do dedo em meu nariz e ajeitava a posição dos óculos, apenas para me ver irritada com aquela mania que ele possuía, Bill gostava de quando eu parecia irritada, apenas para conseguir por um sorriso em meu rosto com os seus beijos e carinhos.

Ele gostava de beijos longos pela manhã, e antes de dormir, como também gostava de deslisar sua mão sobre a minha e de conversar com meus pais sobre qualquer aleatoriedade no domingo, gostava de como gostava de aproveitar a brisa do verão e o sol em seu rosto, gostava como era apaixonado por polaroides que eu deixava espalhadas pelas paredes de nosso quarto, e de como gostava de me observar usar suas camisas de botões pela manhã ao preparar o café, esperando-o para despedir-me de si.

Bill era alguém que eu não conseguiria jamais por em palavras, eu só saberia sentir, ele era simples e ao mesmo tempo complexo, ele era único a sua maneira e eu o amava por ser somente ele mesmo e isso era o suficiente para nós.

Kiss me slowly ➳ Bill SkarsgårdOnde histórias criam vida. Descubra agora