10;; fantasma do passado ;;10

149 29 8
                                    

mth;; eu perdi o sono, me perdi na curva de sua boca
e de repente me vi louca

Ele despertou com o som irritante da campainha e não se lembrava de como tinha chegado até sua cama– nem a última lembrança que tinha o atingiu quando acordou, o que fez isso foi uma imensa dor de cabeça. A boca estava seca e com um gosto amargo, os olhos tão inchados quanto o rosto e as roupas completamente amassadas. Entretanto, toda aquela situação tinha se tornado tão corriqueira para si que nem se importou.

Com passos preguiçosos, ele saiu da cama e tocou o chão gelado do quarto. Quando a campainha tocou novamente ele tentou gritar que já estava indo mas não conseguiu, então, coçou a garganta e tentou novamente. Mesmo que não tenha sido alta, a resposta aparentemente foi ouvida por quem lhe esperava, ansiosamente, no corredor.

Passou pela cozinha e pegou um copo de água e o comprimido que Sam tinha deixado separado para quando acordasse, estava encima de um bilhete que Matthew não conseguiu ler no momento, mas também não quis. Bebericando a água, ele foi até a porta e rodou a chave para que abrisse-a, um click baixinho saiu quando ela já estava destrancada e em seguida ele girou a maçaneta e abriu a porta.

Ao ver quem lhe esperava ali, o copo quase escorregou de sua mão e se tornou cacos aos seus pés, mas isso não aconteceu com o copo e sim com a armadura que tão lentamente erguera ao seu redor. Toda a frustração, tristeza e raiva acumuladas lhe atingiram como um soco e camuflaram as pontadas de dor de cabeça.

Antes fosse algum gângster querendo algo consigo, aquele era o passado querendo amarrar as pontas soltas. O passado em forma dos ex-namorados de HyunA.

–Oi. Podemos entrar?– Hyo-jong, o mais novo entre eles, pediu.– Por favor, eu juro que só queremos conversar rapidinho!

Ele negou com a cabeça, e já ia fechando a porta sem paciência alguma quando uma bota apareceu no vão, o impedindo de fechá-la. Com o mínimo resquício de paciência que o restava ele pediu para que tirasse o pé de lá, mas tudo o que recebeu em troca foi a porta sendo empurrada na direção contrária.

–Matthew, já estamos cansados de tudo isso. Vamos conversar.– dessa vez foi Hui quem se pronunciou, e ele não parecia estar sugerindo nada e, sim, afirmando.

Quando entraram na casa, a bagunça e a sujeira que se espalhavam não pareceram incomoda-los, então rapidamente tomaram lugar no sofá preto no meio da sala. Os dois pares e olhos o acompanharam enquanto ele se sentava na poltrona no outro canto da sala e suspirava em seguida, tentando preparar seu psicológico para a discussão que viria.

–Falem logo.– soltou entre um suspiro. Ambos se entreolharam hesitantes, já sem toda a certeza que tinham quando decidiram ir visitá-lo.

–A polícia nos ligou.– quatro palavras e um impacto imensurável que trazia antecipação e hipóteses infinitas cheias de esperança.– Matthew, eles não encontram mais nada sobre o caso, mas querem sua opinião, não como irmão e sim como pessoa, se devem fechar o caso.

Sua opinião como pessoa?! Como pessoa, ele sofria, tinha sentimentos e uma saudade tão grande que parecia esmagar seu coração sem dó, sentia uma vazio em seu peito como se algo extremamente necessário estivesse faltando, como se o ar não entrasse mais pelas suas narinas e o coração não batesse mais para oxigenar o corpo. Se sentia sem chão. Completamente perdido naquela multidão de pessoas que o cercavam, sem o farol que o guiou por toda a vida, por todos os desafios e empecilhos. Como pessoa, ele ainda se sentia como irmão e aquilo não era algo que deveria ser discutido, em sua opinião.

–Como pessoa e como irmão, eu já não sei de mais nada, sinceramente.– mesmo sentindo uma raiva dos rapazes sentados consigo na sala, ele sentia como se eles fossem o que tinha sobrado de Hyuna, de sua irmãzinha. O que restará de seu pilar de sustentação, e aquilo trazia um pouco de conforto e proteção.– Eu já não sei se acredito que ela está bem e viva, eu não sei mais quem é o culpado por tudo isso, eu não sei se um dia ela vai aparecer, eu não sei se deveria desistir de tudo isso; e o pior: eu não sei o que aconteceu e nem se eu poderia ter evitado tudo isso.

A voz embargada e a cabeça entre as mãos lhe davam um aparência tão vulnerável, era como se finalmente tudo tivesse sido colocado às claras e nenhuma fortaleza o protegesse do mundo que tanto temia. Dos sentimentos, a grosseira do dia-a-dia, dos socos da vida e de tudo mais. Mesmo assim, todos esses fatores ruins não eram a maior de suas preocupações. A maior de todas era se apaixonar e voltar a ver a fragilidade que forma o ser humano, que lhe formava e sempre vinha à tona quando se entregava de corpo e alma a outro alguém.

Hyuna se apaixonou, saiu para festejar com seus parceiros e até hoje não se sabe o fim que se deu. Até hoje ela está congelada naquele momento de euforia, de pessoas pulando, luzes piscando, de diversos brindes dados por todo o local e de todas as risadas e lágrimas exageradas. Isso era a única coisa que confortava Matthew, saber que um dos últimos momentos que aconteceram antes de seu desaparecimento era composto por tudo que ela gostava, e que, com certeza, ela estava feliz.

–Matt, por favor, pense nisso. Pense nas coisas que ela costumava lhe dizer. E lembre-se de que encerrar uma história não significa esquecê-la completamente, e sim ter aprendido com tudo que a envolvia.– Hui disse, ajoelhado ao seu lado, antes de sair pela porta e deixar um pequeno envelope, que não foi notado pelo Kim, encima da mesa de centro.

–Boa sorte, irmãozinho!– o outro garoto disse, como um recado doloroso e ao mesmo tempo feliz da outra Kim, isso fez com que ele soltasse outro soluço que se transformou em um sorriso.

falando em porrada da vida o menino ney foi confundido com a bola o jogo todo. não é possível q o carinha lá estivesse enxergando direito, sinceramente

blind dancer [bwoo/taeso]Onde histórias criam vida. Descubra agora