" – Alicia, vamos logo! eu juro, dessa vez vai ser legal." Marcelina implorava para que eu largasse o trabalho mais cedo e fosse com ela em uma corrida de carros essa noite.
Marcelina era uma mulher feita, lembro claramente do dia que fui com os meus pais busca - lá no orfanato, sempre muito tímida e quietinha.
Eu e minha família sempre tentamos dar o máximo de carinho e proteção para Marcelina, escondendo dela o nosso real trabalho. Porém a garota era extremamente observadora e ao completar os seus 15 anos, ela descobriu no que eu e os meus pais estávamos metidos.
Papai era traficante, o maior traficante do país e trabalhava juntamente com a minha mãe e comigo, nós somos respeitados por todos, principalmente pelas autoridades, então, se papai, mamãe e eu não mexessemos com eles, eles não mexiam conosco. Mas como a vida não é um mar de rosas, nós temos que estar sempre muito preparados para qualquer ação suspeita, pois muitos nos querem mortos.
Eu, Alicia Gusman, tenho 25 anos e sempre cresci sabendo no que estava envolvida e devido ao risco que sempre corri, aprendi a atirar assim que completei os meus 7 anos de idade, na mesma época em que adotamos Marcelina e eu jurei aos meus pais que sempre a manteria segura. Hoje em dia estou envolvida com a troca de drogas, armas de grande porte, dinheiro e as vezes tenho que limpar as sujeiras, como os esquemas mal acabados que meus homens deixam.
Atualmente, já com 23 anos, Marcelina está envolvida dos pés até a cabeça com esse trabalho, mas eu continuo com a minha promessa de nunca deixar que algo aconteça com ela e sempre que posso à deixo de fora.
Levantei de minha cadeira e juntei os papéis da próxima troca de produtos ilegais, tirei uma arma da gaveta ao meu lado e prendi em minha cintura.
" – Vamos Marcelina e é bom que eu não morra de tédio dessa vez" Disse bufando, parando em sua frente e jogando a chave da moto para ela.
Quando Marcelina completou 18 anos eu lhe dei uma moto como presente, pois seria de grande utilidade e facilitaria sua mobilidade, até mesmo em fugas rápidas.
Ao chegarmos no local, fui surpreendida pelo enorme cheiro de maconha e mulheres semi - nuas se esfregando nos carros de corrida, com homens aplaudindo, passando as mãos e colando seus corpos nos das garotas, nojentos.O clima daquele local não era nada agradável, a música era extremamente alta e a quantidade de pessoas aglomeradas ali me deixava cada vez mais tensa.
Marcelina parecia se divertir, já no meio do local, dançava sozinha, como se não houvesse amanhã.
Enquanto à observava, deixei escapar uma grande e sonora gargalhada, eu gostava de ver a minha irmã feliz e se isso trazia a sua felicidade não havia mal algum em passar algumas horas aqui.
" – O que uma garota como você faz nesse lugar essa noite?" Um homem moreno, um pouco mais alto que eu chamou a minha atenção.
" – O que quis dizer com isso?" Respondi com cara de poucos amigos e fiz questão de manter uma certa distância entre nós.
" – Bom, você não é como elas" Rebateu e apontou para as garotas que se exibiam quase nuas. " – Você me deixou abismado desde que entrou pelos portões e eu adoraria, mas seria um pecado tentar algo com você." Continuou o garoto com um sorriso tímido nos lábios, que me fez sorrir também, ele parecia ser uma boa pessoa.
" – Me chamo Alicia" Disse sem saber como responde - lo e ele riu do meu nervosismo aparente.
" – Eu me chamo Mário. Quer sair daqui Alicia? Digo, para conversar? Eu e meus amigos estamos logo ali na frente." Mário perguntou e eu estava prestes a aceitar, mas me lembrei de Marcelina.
" – Não posso" sorri sem jeito para ele. " – Tenho que tomar conta da minha irmã" Disse apontando para Marcelina que ainda se acabava ao som da música e o garoto parou para observa -lá por um momento.
" – Então você também é a irmã super protetora? Pensei que só na minha família era assim." O garoto suspirou revirando os olhos. " Meu irmão é um saco comigo e falando nele" Mário desviou o olhar para o homem que parou em nossa frente e eu acompanhei.
" – Caralho" Soltei sem querer e logo tratei de me recompor, mas estava muito abismada com a semelhança fodida entre Mário e seu irmão.
" – Olha a boca, princesa" O clone muito bem feito de Mário respondeu, um tanto debochado para o meu gosto.
" – Alicia, esse é o meu irmão insuportável e gêmeo, Paulo Guerra".