Debruçada sobre a gelada pia do banheiro, Natália tenta, exaustivamente, disfarçar as olheiras com um pouco de maquiagem, porém as manchas escuras instaladas abaixo de seus olhos parecem rir de suas tentativas.
— Bom, os pandas estão em alta hoje em dia, não é mesmo?—Ela diz para seu reflexo no espelho.
Após desistir de cobrir as olheiras, Natália passa um batom marrom escuro nos lábios, concentrando-se para não borrar - maquiar-se não é uma de suas habilidades principais. De repente, um ruído alto a faz pular e, por consequência, passar batom no nariz e na bochecha.
— Droga de alarme! — Ela diz irritada, checando o celular. — Estou atrasada, para melhorar. Droga, droga! — Lava o rosto rapidamente, esfregando com força até que seu rosto fique vermelho.
(...)
— Ah... Ah... — Natália apoia a mão nos joelhos, esperando seus pulmões recuperarem o ar.
— Nossa. O que aconteceu com você?
Ao olhar para a cima, vê Lúcia com uma sobrancelha erguida.
— Eu me atrasei. Deu tudo errado logo cedo! — Ela exclama, com irritação na voz.
— Você veio correndo, pelo jeito né? — Lúcia ri, mostrando seus dentes perfeitamente alinhados. — Está parecendo um pimentão vermelho.
Natália assente com a cabeça, ainda sem fôlego. Gotas de suor pingam de sua testa enquanto ela se deixa arrastar pela amiga.
— Credo Náti, vem logo! — Lúcia puxa seu braço, em direção ao banheiro. — Sua sorte é que eu tô aqui, dá tempo de deixar você um pouco mais apresentável antes de o sinal tocar.
— Eu... Estava...Arrumada... — Lamenta, ofegante. — Aí... O alarme...
— Tá, tá, prefiro nem saber! Você sempre chega atrasada. Vou fazer um coque no seu cabelo e te emprestar um batom, pelo menos não vai ser confundida com um zumbi.
— O..brigada.
— Eu sei, sou a melhor amiga do mundo. Agora vamos rápido, ainda nem falei com o Dá! — e Natália é arrastada novamente por uma amiga apressada e apaixonada.
— Dáaaaaa! — Ao olhar em direção ao som, o garoto vê uma miniatura de pessoa chegando perto. Perigosamente rápido.
— Lú... — Antes que ele possa terminar, a miniatura salta em sua direção com os braços abertos, chocando-se ao seu corpo. Ele perde o equilíbrio e os óculos.
— Eu estava morrendo de saudade! — Ela diz, beijando a bochecha de um Davi descabelado e cego.
— Lúcia, você é doida? Você poderia ter se machucado!
— Eu sabia que meu príncipe iria me proteger. — Ela sorri, saindo de cima do rapaz.
— Rum. Você tem sorte em saber que eu amo quando sorri assim, porque eu deveria brigar com você. Cadê meus óculos?
— Aqui. Peguei antes que alguém pisasse em cima. — Natália estende o braço.
— Valeu, Náti. — Davi se levanta, sacudindo o pó das roupas.
— Meu Deus amor, olha seu cabelo! — Lúcia ri. — Vem aqui, me deixaeu arrumar. Você e a Natália não se arrumam antes da faculdade?
— Eu ESTAVA bem arrumado até uma anã enfurecida pular em mim. — Ele responde, com um olhar provocador em direção à referida anã.
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FICA COMIGO?
Short StoryNatália não quer passar o feriado de dia dos namorados sozinha de novo. Ela procura por um par, alguém que por uma noite, possa fazê-la sentir acompanhada e amada. Ela encontra um garoto que pode fazer esse papel - bonito, inteligente, e engraçado...