Depois da escuridão

Prólogo

Esse sim é um conto, apenas para curtir o final de semana. Ja está todo escrito e postarei tudo até domingo.

No escuro

Sentado na varanda de sua casa, ele observava o sol se pondo. O tom alaranjado contrastava com o verde intenso das árvores espalhadas ao redor da propriedade. Segurava uma garrafa de Heineken, seus olhos vagando sem emoção alguma. Há quanto tempo vivia nesse marasmo, nessa ausência de felicidade e carinho? Sete meses... ou um pouco mais.

Podia dizer que estava assim desde quando fez a maior burrada de sua vida. Por que o ser humano é assim? Ou melhor, por que os homens são assim? Ele tinha tudo... absolutamente tudo que um homem poderia desejar. Um deslize... um momento de luxuria e mergulhou num inferno de proporções incalculáveis. Tudo era escuro à sua volta.

O pior de tudo isso é saber que jogou fora o que poderia ter sido uma vida espetacular por algo que nem poderia denominar como bom. Quantas vezes chorou, quase implorando por uma segunda chance? Uma segunda chance que ele sabia que não viria e mais... uma segunda chance que ele sabia não ser merecedor.

— Eddie! Eddie! Ajude-me aqui.

Ele fez uma careta somente por ouvir a voz estridente de Kate. Levantou-se, mas em vez de entrar para ver o que ela queria, ele se recostou na grade que cercava a varanda e colocou a mão no bolso. Hoje era um dia importante. Dia em que a Johnson & Mcguire receberia o prêmio como melhor do ano.

Todos estariam presentes. Toda sua família, seus amigos, seus colegas de trabalho... e ela. Céus... como doía vê-la, saber que foi sua e que perdeu. Era ainda mais doloroso ver como ela agia, tratando-o como se ele fosse seu amigo. Apesar de tudo, ela ainda o tratava bem. Não parecia haver rancor, mágoa nem ciúme. E era isso que acabava com Eddie. Ele teve aquela mulher incrível em seus braços, em sua cama... e trocou por uma foda casual e sem graça.

Irado, atirou a garrafa para o nada. Ela voou alguns metros e se espatifou contra uma árvore. Ele não queria amizade dela. Queria seu amor. Queria sua Olivia de volta.

— Eddie!

Ele trincou os dentes e entrou furioso em casa. Foi direto para o quarto onde encontrou Kate se olhando no espelho. O vestido longo e justo ficou estranho em seu corpo, já que sua barriga de oito meses era mais que evidente.

— Da para me ajudar com essa droga de fecho? Sabe que eu não consigo.

— Vestisse outra roupa então.

Falou mal humorado, puxando seu zíper e saindo novamente do quarto. Foi até a cozinha e pegou nova garrafa de cerveja, bebendo-a quase toda em um único gole.

— Não está bebendo demais?

Kate falou, entrando na sala. Como sempre, ele a ignorou

— Vamos logo. Você não pode se atrasar. E pelo amor de Deus... tente não se arrastar atrás da Rogers. Não suporto aquela falsa simpatia dela. No fundo se morde de raiva por não estar com você.

— Cale. a . sua . maldita . boca.

Pontuou suas palavras, olhando para ela com verdadeiro ódio.

— Lave essa porra dessa boca quando falar da Olivia. Você não merece sequer respirar o mesmo ar que ela. Ela é infinitamente melhor que você.

— Oh... que lindo. Tão melhor que você a despachou para trepar comigo.

Ele fechou os olhos, sentindo a dor excruciante em seu peito. Kate gostava de jogar isso em sua cara. Ela sabia o quanto ele se arrependia cada segundo da sua vida por ter ficado com ela. Jogou a garrafa dentro da pia e passou por Kate, quase dando um encontrão em seu ombro. Precisava ficar longe dela antes que acabasse fazendo uma besteira.