"Is it too soon to do this yet? Isn't it? Isn't? Isn't? 'Cause I know that it's delicate. Isn't delicate?" ― Taylor Swift.
― Jules para de se mexer! ― reclamou minha colega de apartamento tentando terminar as duas tranças boxeadoras em meus cabelos curtos claros que estavam com aplique.
― Aline tá doendo ― reclamei como uma criança de sete anos e não uma jovem de vinte e um.
― Você já está usando essa blusa horrorosa xadrez mil vezes maior que seu corpo ao menos seu rosto e seu cabelo vão estar bonitos!
Revirei os olhos, mas decidi não implicar ainda mais com Aline que estava furiosa comigo por não ter saído para comprar roupas de festa junina como a mesma fizera e como eu prometera que cumpriria. O máximo que consegui fazer quando percebi que já não tinha tempo era pegar uma xadrez emprestada do meu irmão que era muito maior do que minha forma pequena e compacta. Seus olhos escuros estavam furiosamente concentrados em meu rosto enquanto aplicava ainda mais blush tentando dar aquele rosa extremamente falso com as pintas ao redor da bochecha. As vezes me perguntava como as pessoas conseguiam acordar tão cedo para se maquiar e ir para a aula, eu mal conseguia cair da cama a tempo de correr para as aulas sem esquecer de trocar meus pijamas.
Aline já estava completamente vestida com suas tranças loiras no lugar e seu vestido junino feito à mão por sua mãe que era perfeito com remendos e tutu em certas partes e sua bolsinha para combinar e enfiar todas as suas tranqueiras rotineiras.
― Angela não está te esperando? ― tentei distraí-la. ― Em um dia tão especial assim você deveria estar com ela e não brigando comigo, eu posso terminar a maquiagem.
― E ver que você limpou todo meu esforço com uma toalha úmida? Não obrigado ― retrucou já sabendo meus truques. ― Além disso é o trilhonário Dia dos Namorados que passamos juntas, já não damos nem mais presentes uma para a outra.
Suspirei tentando não pensar que era meu primeiro dia dos namorados sozinha depois de muito tempo. Como Aline e Angela eu havia conhecido Guilherme desde pequena, nós éramos aqueles dois amigos inseparáveis e no começo do ensino médio pensamos que o passo mais óbvio era começar a namorar. Primeiro beijo, primeiras borboletas na barriga, primeira vez, primeiro desastre, tudo entre nós era cheio de primeiros momentos. E então a faculdade chegou e nós migramos facilmente decidindo por um apartamento próximo da faculdade para dividir com mais uma pessoa ou casal e fora fácil nos primeiros anos, mas eu pude sentir o distanciamento um ano atrás. Era como se ele congelasse todas as vezes que eu o tocava ou então me beijava só quando era extremamente necessário ou transarmos esporadicamente mais por falta de ter o que fazer do que atração intensa entre nós dois. O fatídico dia chegou quando Gui decidiu sentar na cama comigo explicando que estava apaixonado por uma colega de aulas e trabalho e que já não podia evitar pensar nela e ver no que podia dar, que eu era mais como uma irmã do que o amor de sua vida.
Claro que doeu, metade da minha vida girou em torno de Guilherme, mas uma grande parte minha que me assustou foi o alívio que eu senti por ao menos um de nós falar sobre o enorme elefante no quarto, a dor que eu sentia era mais por saber que eu perdera meu melhor amigo e nunca mais teria sua amizade. Nós não fazíamos parte das histórias de amor em que começavam na infância entre melhores amigos, nós éramos apenas isso: melhores amigos. Não fazia sentido ficarmos em um espaço que lembrava a ambos de nossa rotina e assim que decidi buscar outro lugar e me deparei com Aline e Angela. Namoradas, companheiras, melhores amigas e toda a história que não aconteceu entre mim e Guilherme. Aline era a animada e sempre pronta para tudo, querendo me tirar da fossa e me animando para sair e conhecer mais pessoas ao meu redor, Angela me deixava tomar meu tempo, porém nunca impedia sua companheira de me forçar para fora da casa ou de me arrumar quando eu me recusava a fazer.
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A Barraca do Beijo
RomanceJules nunca fez o que realmente quis fazer, sempre nadou com a maré nunca contra. Até que uma oportunidade surge para que a mesma faça sua própria escolha, mas a dúvida sobre ser o certo a cerca a todo o momento. Vale mesmo a pena arriscar algo a ma...