Capítulo 9: A mudança

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A vida de Victtória estava ocorrendo tudo perfeitamente normal, no trabalho, realizada, vida estável e, diga-se de passagem, acomodada. Mas o jeito Victtória de ser, não estava assim tão contente com a monotonia do seu dia-a-dia. Ela estava bem, só não estava feliz.

Sempre detestou despedidas, odiava ouvir um Tchau, ela simplesmente sumia, desaparecia sem deixar rastros. Mas dessa vez, ela não poderia jogar tudo pro auto e seguir em frente. Por mais que Victtória não suportasse o apego, era como se ela estivesse totalmente ligada a essa vida.

É incrível como as coisas mudam ao decorrer do tempo. É inexplicável a maneira que suas escolhas por si só decidem seu futuro. E é indiscutível que a maturidade te sega os olhos ao passado dando luz apenas ao presente. As coisas nuca serão as mesmas, mas sempre estarão lá de alguma forma, do jeito que sempre esteve.

Apesar dela estar supostamente feliz com o se dia-a-dia, ela se sentia sozinha, pois não havia ninguém em que ela pudesse confiar, ou ao menos contar como foi cansativo o seu dia no trabalho. Ela era orgulhosa, e em determinados momentos ela até preferia ficar sozinha do que fingir gostar de um assunto, só para socializar com um grupo de pessoas.

Mesmo com a necessidade de ter alguém e ser de alguém, Victtória só iria sair de casa para conhecer alguém que tivesse a total certeza, de que poderia ter uma conversa interessante sobre diversos assuntos. Ela não deixaria o conforto de sua casa, para ir em um bar de esquina dialogar banalidades.

Ela queria discutir sobre a teoria de Hitler levando em consideração os dois lados da história, convencer que assassinos em série são sim pessoas inteligentes pelo fato de seus crimes serem tão bem planejados, ela queria expandir sua mente conversando por horas sem se importar com o tempo.

Mas nos dias de hoje, onde estão as pessoas interessantes? Ninguém mais faz uma ligação, nem ao menos manda um cartão de aniversário, preferem dar flores aos mortos ao desejar um "Bom Dia" ao vizinho. A tecnologia de certa forma contribui para o desenvolvimento da humanidade, mas levando em consideração quantas pessoas solitárias existem no mundo, tende a regredir deixando-nos cada vez menos humanistas.

Apesar de estar indignada com os assuntos sociais atualmente, seus dias pareciam tranquilos, até que ela se depara com um acontecimento. Em um dia aparentemente normal da sua carreira corrida de jornalista, teve que cobrir um assassinato que ocorreu em uma tarde chuvosa de uma quinta-feira.

Em quanto coletava as informações para publicar no Jornal Diário, notou que estava faltando alguns dados para concluir o caso. Se envolvendo na história, passou a investigar por si só. Mesmo sofrendo perigo, determinada como sempre, ela queria descobrir quem era o assassino. Entusiasmada com a situação percebe vários fatores que os policiais não registraram.

Até então a história é baseada em um homicídio que logo após o ocorrido o assassino arrepende-se e comete suicídio. Mas o que não se encaixa, é o motivo da ação que foi feita pelo distribuidor ao ponto de matar a sua amante e também o fabricante do seu negócio de drogas.

O fato é que, mesmo com a fabricante morta ainda há fluxo da sua droga circulando pela cidade. O que levou a Victtória até o outro distribuidor parceiro da falecida. Com algumas perguntas discretas, deixou-o escapar o que realmente aconteceu.

Os dois distribuidores chefões na verdade são os assassinos. Após descobrirem que a fabricadora era a mesma para as duas gangues inimigas, uma resolve matar a outra, que por descuido o distribuidor mata a sua amante. A gangue inimiga perdendo a fabricante, resolve mata-lo, e por assim fazer parecer uma descução de casal, que a policia deixou como caso concluído.

Victtória leva essas informações até a delegacia da cidade, e surpresos os policiais fazem uma proposta a ela, convidando-a a ser investigadora da polícia. Victtória nunca foi de recusar uma mudança em sua vida, embora essa seja de grande significado, ela não via motivos para recusar.

Sua rotina como jornalista já era considerável agitada e agora como investigadora a sua vida seria resumida em adrenalina, o que fez com que Victtória ficasse empolgada.

Passado um mês no seu novo emprego já era considerada experiente por muitos de seus colegas de trabalho, com a exceção de Wagner, que desde o começo não aceitou que uma simples jornalista virasse uma investigadora profissional. Mas Victtória era esperta e notou algumas diferenças de comportamento dele para com ela.

Nos últimos casos desvendados por Victtória, Wagner passou a se juntar aos outros para elogia-la, o que não chegava nem perto de ser comum vindo da parte dele. Afinal ele sentia certa inveja por seu chefe dar mais atenção a ela do que para ele que faz anos que está na delegacia.

O que sempre esteve claro era que Wagner queria seu papel como Delegado, e por Victtória está cada vez mais próxima de seu chefe é provável que esse cargo futuramente seja dela. E Wagner de forma alguma aceitaria isso, mas então qual o motivo pra ele estar apoiando essa decisão?

A proposta para que Victtória fosse Delegada já havia sido feita, mas ela deixa bem claro, que só aceitaria se ela estivesse perto de se aposentar, porque conhecendo Victtória sabemos que não há garantia de que ela ficará por muito tempo. E com certeza havia algum motivo para Wagner torcer tanto para que ela pegasse esse cargo.

Para descobrir qual era seu plano, não há nada a se fazer a não ser aceitar a proposta. Victtória logo de inicio não desprezou a ideia de que estando no cargo de Delegada, estaria menos presente nas investigações, o que possibilitaria que Wagner agisse. E com isso, mandou alguns de seus colegas cuidarem de seu chefe caso ele entrasse em contato.

E tudo isso aconteceu exatamente como Victtória imaginou. Wagner estava tramando matar seu chefe para escolherem alguém que estivesse há mais anos na delegacia para assumir esse papel, que seria o ideal a se fazer, e no caso o escolhido seria ele. Mas Victtória à frente, desvendou o caso, e mais uma vez foi o centro das atenções na empresa.

Sendo bem conceituada no seu emprego, com salário alto pode comprar um apartamento. Foi até uma concessionária de automóveis e comprou o carro de seus sonhos; Um opala preto todo cromado. Ela estava realizada com sua vida, talvez até pela primeira vez.

Utopia ou SuícidioOnde histórias criam vida. Descubra agora