Capítulo 02

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Eva acordou do mesmo jeito que sempre acontecia, em meio a um forte clarão de luz branca, era como se quando ela voltasse a sua forma original a luz de sua alma brilhasse como uma estrela. Estava presa a uma maca em um veículo, ao seu lado estavam caídas duas pessoas com um uniforme azul, e ouviu um som extremamente alto de uma sirene.

Estava presa, mas não amarrada então pôde tirar seu braço facilmente e destravar a fivela do cinto que a prendia na maca. Saiu de baixo do cobertor prateado e percebeu que estava nua. Não ficou surpresa, afinal em todas as vezes que voltou estava sempre pelada, só estranhou o local, mas viu de bom grado que seria fácil sair dali.

O barulho da sirene continuava e isso com certeza chamaria uma atenção desnecessária, por isso se levantou e passou pelo lado banco da enfermeira e indo parar no banco da frente, onde o motorista e mais uma pessoa também estavam desmaiados.

Apertou alguns botões no painel até que a sirene foi desligada, então voltou a parte de trás, percebeu gotas de sangue no chão e olhou para seu braço, na ânsia de desligar as sirenes não percebeu o acesso em seu braço e acabou arrancando-o.

Mexeu em alguns pacotes nas laterais, pegou alguns materiais, limpou o sangue e colocou uma gaze sobre o lugar onde estava a agulha prendendo com fita. Não ia sangrar muito tempo, afinal só arrancou uma agulha, então não era nada com que deveria se preocupar por enquanto. Continuou mexendo nos armários da ambulância procurando roupas, mas não teve sorte, não havia nada que pudesse usar, então olhou para a enfermeira, era visivelmente maior que ela, mas era melhor que andar pelada por aí.

Despiu a enfermeira, deixando-a apenas de calcinha e sutiã, e vestiu a camiseta e a calça, completou a roupa com a jaqueta do SAMU que ela usava.

Voltou para o banco da frente e puxou o motorista para a parte de trás do veículo, já haviam ficado tempo demais ali e precisava sumir, mas se saísse andando deixando 4 pessoas desacordada seria ainda pior. Uma das vantagens de sua maldição era de que não se esquecia, então sabia dirigir, claro que nunca havia dirigido algum veículo daquele porte, mas não devia ser tão difícil assim.

Deu a partida, pisou na embreagem e engatou o veículo, soltou o pé devagar então ele morreu. "Parece que não é tão fácil assim" pensou. Ligou novamente o veículo e dessa vez tirou o pé da embreagem um pouco mais devagar, logo o veículo começou a andar. Trocou para segunda marcha e passou calmamente pelas ruas, precisava de um lugar bem calmo para "desovar" o veículo antes que seus ocupantes acordassem.

Logo se viu em uma subida que circulava uma grande praça, do lado direito apenas casas grandes e luxuosas, parecia o lugar perfeito. Encostou o carro, tirou a chave do contato e jogou no chão do passageiro. Estava quase saindo do veículo quando se lembrou:

"Preciso de um ponto de extração! " – Então abriu o porta luvas e procurou, não achou nada que pudesse usar, mexeu nos bolsos do passageiro e achou um celular, apertou o botão e a tela se acendeu pedindo uma senha. Xingou em sua mente e colocou o aparelho de volta no bolso, foi para o banco de trás e mexeu nos bolsos do motorista, logo achou o celular, ligou a tela e "Bingo" não tinha senha, debloqueou o aparelho e uma foto de uma mulher de biquíni apareceu.

- Machista de merda! – Resmungou Eva, em seguida colocou o celular no bolso e saiu da ambulância.

Eva desceu a rua às pressas vestindo o uniforme do SAMU, a roupa não era nada discreta e estava larga já que a enfermeira era maior que ela, mas chamava menos atenção que seus trajes anteriores, que aliás nem existiam.

"Ontem eu era uma idosa enferma em uma cama...hoje estou de volta ao inferno..."

Seus pensamentos voltaram algumas horas no tempo, quando seus olhos cansados olhavam fixamente para uma pintura gasta pelo tempo no teto de um quarto simples. A janela, na verdade um vitral multicolorido mostrava que aquele não era um lugar qualquer.

EVA - A Primeira Mulher!Onde histórias criam vida. Descubra agora