Samuel.
"O universo é um conglomerado de ocasionalidades".
― "Um tratado da universalidade" de Alégubru Nóssis. ―
"Eu pensei em muitas coisas enquanto atravesso o multiverso na forma de um raio de energia volátil e interdimensional, porque é óbvio que um raio de energia volátil e interdimensional possui consciência, então fiquem espertos da próxima vez que encontrar um.
Ahnn... o quê? Vocês não sabem o que é um raio de energia volátil e interdimensional? Não é óbvio que se trata de uma descarga elétrica de poder divino que existe em bilhões de dimensões simultâneamente? Não é óbvio que se trata da manifestção energética senciente de um Filho do Céu? Não é obvio?
Caso não seja, agora você sabe e não pode des-saber! Sendo assim sejam bem-vindos ao meu mundo. Até que é um mundo bem grande e repleto de possibilidades, mas também é calmo, pois o único habitante sou eu...
Droga, não queria que soasse como algo triste, uma vez que não é!
Sabem, enquanto estou nessa forma posso ver incontáveis lugares, lindos, mas cada um a sua maneira, posso acompanhar vidas inteiras durante as ínfimas quantidades de tempo que permaneço naquele lugar, posso presenciar momentos tão singulares que mesmo os que os protagonizaram não foram capazes de perceber e, caso algo chame mais a minha atenção, posso parar minha viagem e descer sobre aquele lugar na forma de um majestoso, brilhante e poderoso raio enquanto trovões saúdam minha chegada tal qual uma plateia faz com seu astro.
Mas relaxem, eu não permaneço como um raio de energia volátil e interdimensional quando desço sobre um mundo. Tenho uma bela e saudavelmente grande forma fisíca. Como podem ver. E ela vem com tudo a que tenho direito, se é que me entendem. Também tenho um nome: Samuel! Que não foi escolhido por mim, contudo não vamos nos ater ao passado. É o presente que interessa. E falando nisso: o que vocês tem feito de interessante?".
Nesse momento os dois mendigos restantes desmaiaram após engerirem todo o álcool que lhes "consegui". Suspiro e olho para o céu, nostálgico. Sinto falta da sensação de ser o já mencionado raio de energia volátil e interdimensional. Acho que permaneci tanto tempo naquela forma que desacostumei com minha condição física. Para ser sincero não lembrava que era tão limitado e, não sei, estranho, mas para ser justo tudo aconteceu há uns vinte minutos.
As lembranças são embaçadas por não pertencerem a essa realidade, ainda assim me lembro do desequilíbrio, da falha, da aberração do erro presente naquela dimensão. Me lembro de ficar preso. Não atado ou barrado. Creio que a melhor descrição seria "com o pé enroscado", o que me fez "tropeçar" e cair aqui. Me lembro de tentar, em vão, voltar e de desistir depois de umas três tentativas
Balanço a cabeça, respiro fundo o ar gélido daquele mundo e sigo em frente sem um destino certo.
***
A música toca alto, mas as pessoas não parecem se importar realmente. Dançam, pulam, gritam e fornicam tanto quanto podem. Normalmente eu tomaria partido na diversão, porém aquele dia em particular eu me encontrava melancólico. Sentia mais saudades dos tempos de viajante do que ultimamente. Setenta anos se passaram e eu ainda me encontrava preso naquele mundo. E por mais que estivesse feliz com o dinheiro, as festas diárias em minha casa de shows outrora chamada de bordel, inferninho ou antro e todas as regalias, nada nunca se compararia com o tempo em que eu era, suponho que já saibam o quê.
Tal era meu nível de apatia que naquela noite saí mais cedo da festa e me recolhi ao andar de cima que servia como minha casa. O cômodo era iluminado e espaçoso. Tanto a sala de estar quanto a de jantar e a cozinha ficavam ali. Caminho até o balcão da cozinha e encho um copo com alguma coisa alcoólica. Ouço um ruído atrás de mim. Me viro calmamente e me deparo com um homem de aparência austera.
Ele parece prestes a falar algo, mas o interrompo.
― Pra sua informação ― falo. ― as garotas estão de folga hoje.
― Não vim aqui por nenhuma ― ele faz uma pausa como se aquele pensamento o surpreendesse. ― garota.
Torço o nariz e bebo um gole da bebida.
― Olha, já vou avisando que os garotos custam o dobro...
Ele eleva a voz, irritado.
― Nâo venho aqui por nenhum... ― as palavras tardam a serem ditas. ― o que quer que esteja oferecendo... vim aqui por você!
― Vai ter que me levar para jantar antes.
― Como ousa falar assim comigo eu sou...
― Azirroahariarrari ― debocho.
O homem respirou fundo.
― Será que podemos conversar civilizadamente?
Ergo os ombros, despojadamente.
― Não vejo por que não! ― bebo mais um gole.― Não tenho nada melhor para fazer mesmo.
― Vamos começar pelo começo. Meu nome é Fenkachi.Capítulo feito por: -----------
VOCÊ ESTÁ LENDO
Thunder Hunters - contra o mal
Abenteueruniverso, uma infinita fonte de vida e de conhecimento, pesquisadores apontam que tudo que podemos vê no céu noturno é somente 1% do que tem em nossa galáxia, via láctea, então, em um mundo assim o que deveríamos esperar? que nossa terra está segura...