Descubro uma outra vida

23 2 0
                                    

-Johanna, não vá muito longe.-diz minha mãe quando estou prestes a sair com meus amigos.-Preciso conversar com você mais tarde. Você fez 15 anos na semana passada e há coisas que deve saber.

-Tabom tabom mãe, não precisa agir como se eu fosse uma criançinha.- digo constrangida e em seguida saio.

Ainda é tarde quando vou para o campo com meus amigos: Fred e Bianca.

- Parece que a mamãe vai dar uma lição sobre como ser uma boa adolescente em alguém.-diz Bianca com implicância. Os cabelos negros de Bianca estão lindos, como sempre. Sou ruiva, mas sempre admirei o cabelo dela apesar de os meninos babarem o meu.

-Ah, não enche Bianca.-digo rindo.

-Então senhoritas, onde vamos hoje?-Fred, como sempre, está radiantemente bonito. Tem cabelos negros, um corpo legal para pessoas da nossa idade e é bem divertido. Gosto dele desde que nos conhecemos ha 10 anos.

-Hoje é você quem escolhe Johanna.-Diz Bianca.

-A..é..vamos para o parque, lá minha mãe me veria de casa então não iria morrer de preocupação.

Fred ri.

-Igual da vez que ela chamou a polícia para te procurar só por que fomos na beira da floresta?

-Besta, a culpa não é minha se ela é tão preocupada.-falo rindo mas na verdade estou envergonhada. Minha mãe sempre me deu bem menos liberdade que as pessoas ao meu redor tinham.

-Ah mas ela até que tem razão. Se eu cuidasse de tantos pacientes como ela, ficaria com receio de que algo assim acontecesse com minha filha.-Diz Bianca notando minha timidez.

Agradeço com um sorriso.

-É verdade, mães não precisam nem serem médicas para serem paranoicas, imagine sendo.-Rio.

-Chega desse papo, vamos logo ao parque, hoje é o dia que o tio da pipoca fica lá.-Diz Fred ja andando na frente.

Eu e Bianca apenas seguimos ele.

Chegando lá, está bem deserto, não há ninguém. Sempre encaramos isso como um bom sinal e hoje não foi diferente.

-É isso ai! Tudo nosso.-Fred está bem animado.

-Olhe lá o tio da pipoca. Quem chegar por último paga o de todos.

E assim era minha vida, bem normal, monótona mas feliz. Eu tinha amigos e família. Sim, eu tinha, até esse dia.

-Cuidado Fred!.-grito para ele que tropeçou em uma pedra e caiu.

-Ai.-reclama ele com um corte no joelho.

-Mas que paspalho.-diz Bianca e nos aproximamos dele.

-Johanna, sua mãe é médica, o que fazer? Ai!.-diz ele gemendo de dor.

-Minha mãe é a médica, não eu. E como espere que eu faça algo sem remédios.-estou nervosa e sem reação. Sempre esperam que eu magicamente cure alguém só por que minha mãe é médica.

-Eu vou pedir ajuda.-Diz Bianca ao ver que o corte estava sangrando mais. Ela se levanta e corre.

-Calma Fred, vou ver o que faço.-digo tentando manter a calma.

-Rápido por favor!-ele deita e me deixa analisar a ferida.

É um corte profundo, mas que azar cair bem em cima de um caco de vidro.
Ele geme de dor e está perdendo bastante sangue. Preciso fazer algo.
Penso que limpar o sangue vai ajudar então é isso que faço. Puxo um pedaço da minha blusa e passo cuidadosamente ao redor da ferida aos poucos, e faço isso até que limpo tudo e... espere,a ferida sumiu?

A filha de AsclépioOnde histórias criam vida. Descubra agora