Capítulo 1

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Conteúdo adulto (+18)

Estou em frente ao espelho tentando dar um jeito no cabelo. Todo mundo elogia meu cabelo cacheado, mas não sabe o trabalho que dá. Estou tentando fazer um coque bagunçado, era para eu ter lavado, mas não deu tempo, tive que ir à reunião na escola da minha filha e passar no supermercado.  Está quase na hora da aula de dança, meus alunos já devem estar me esperando.
Meu marido morreu a mais ou menos um ano, depois disso só ficou eu e Isabella, minha filha, minha razão de viver! E estamos muito bem assim. Quer dizer, tem também o Rek, não posso esquecer dele, na verdade ele não deixa ninguém esquecer. Esse cachorro é o cão chupando manga, mas é nosso amorzinho não vivemos mais sem ele.
Lembro-me do dia, a Belinha ficou um pouco tristinha depois que perdeu o pai, eu queria fazer um agrado para ela, entretê-la um pouco. Resolvi dar a ela um cachorro, ela sempre me pedia mas eu falava que dava muito trabalho. Pensei muito sobre isso porque afinal os cachorros não vivem muito, não queria que ela sofresse outra perda. No dia de ir para o canil adotar o bichinho foi uma alegria só.
Eu estava conversando com a funcionária do canil para saber como é para fazer a adoção, Belinha estava brincando com um cachorro pela grade, cheguei mais perto para ver. Bem o que eu poderia dizer dele? Ele era bem feinho tadinho, mais feio mesmo, uma mistura de raças, talvez um vira lata, mas era esperto, dava piruetas, tentava pegar o rabo, sabia chamar atenção de uma garotinha de sete anos.
— Mãe, olha como ele é lindo! —  eu ri.
— É... Ele é simpático! — a funcionária riu, ela sabia do que eu estava falando!
— Ele é uma gracinha, chegou aqui era recém-nascido, mas ainda não conseguiu ser adotado. Ele já tem um ano, os irmãos dele foram adotados rápido. — disse a funcionária.
— A mãe, tadinho, eu quero ele.
— Você tem certeza?
— Simmm... — ela gritou
— Está bem, então vamos levar ele. — eu disse sorrindo.
Já no carro, ela com o cachorro no colo, não parava de fazer carinho nele e dizer que ele era lindo. Olho para ela e reviro olhos, tão inocente a bichinha!
— Mãe, como vai se chamar? — olho para ele.
— Tem cara daquele ogro o Sherek. — solto uma gargalhada, ela ri também.
— Então tá, ele vai se chamar Sherek, rek para abreviar. — olho para ela espantada.
— Belinha eu estava brincando, é você quem vai escolher o nome.
— Eu gostei de rek com som de dois erres. Ta escolhido não é rek? Você gosta desse nome? Você é muito esperto, nós vamos brincar muito, eu vou te ensinar vários truques. Rek, rek, rek. — ela solta uma gargalhada enquanto brinca com ele. É acho que foi um bom negócio adotar um cachorro afinal.
Já pronta saio correndo de casa, e como sempre o Rek faz quando vê alguém correndo ele começa a correr e rodear a gente, eu odeio, mas ele sempre faz isso.
— Sai rek eu estou atrasada. — ele não obedece. Estou perto do portão, tenho que tomar cuidado para ele não ir para a rua. — Rek, vai para dentro — abro só um pouco o portão, só o tanto que dá para eu passar, bem apertado.
Está dando certo, mas na hora que consigo passar ele sai atrás de mim.
— Rek! — grito. Ele para, vou para perto dele ele corre, nossa, esse cachorro está me irritando. Ele vem para perto de mim e me rodeia, vou tentar pegar ele de novo, dou um passo e dou de cara com uma parede.
Meu Deus, o que é isso? Vou subindo o olhar devagar, ele está usando um terno, uau, magro mais forte, subo mais o olhar, queixo quadrado lindo, e o rosto... Eu prendi a respiração, nunca vi um homem mais lindo em toda minha vida!
— Olá. — ele disse com ar de deboche.
— O... Oi. — gaguejo, ele dá um sorriso torto de deboche. E eu pensei que ia desmaiar, não achei que ele pudesse ficar mais lindo! Fico ali parada igual uma estátua, sei que devo estar parecendo uma idiota, mas não consigo me mexer e nem parar de olhar para ele. Parece que tem um ímã me atraindo para perto dele.
— Tudo bem vizinha? — vizinha? Saí do transe, consegui desviar o olhar e vi a porta do meu vizinho, olhei para o lado e vi a minha porta. Meu Deus, como eu vim parar aqui? Olhei para ele de novo com o queixo um pouco caído, perdi a fala.
— Prazer, sou Matteo Muniz, seu novo vizinho — e para minha total vergonha, meu queixo caiu mais um pouco. Meu Deus, o que acontece com esse homem que não consigo formar uma palavra perto dele? É isso, eu preciso de espaço. Com dificuldade dou um passo para trás.
— Er... desculpe, eu sou Evangeline, desculpe tenho que ir. — saio apressada, nossa nessa confusão esqueci do cachorro, o infeliz está bem na minha frente, quietinho sentado me olhando.
— Sério rek, você me paga — abro a porta ele entra. — Agora você me obedece né? — fecho a porta e vou para o Studio, já estou mais que atrasada.

Chego na porta do Studio e o Léo está lá, ele pai de uma aluna minha adolescente, vejo que ela não está com ele.
— Oi Léo.
— Oi Eva, tudo bem? — ele pergunta chegando mais perto.
— Tudo bem, e a Sarah, não vem?
— Não, eu vim para te avisar.
— Mas ela está bem né?
— Ah sim, só um pouco indisposta.
— Oh, bem, melhoras para ela.
— Obrigado, você está bonita, quer dizer como sempre. — o Léo é bonito, moreno, magro, alto, ele é bem agradável.
Já me pediu para sair com ele, mas eu estou num momento só meu, não quero me envolver com ninguém. Eu disse isso para ele, mas ele é paciente e persistente.
— Obrigado Léo. — eu entro no Studio, as meninas já estão me esperando todas agitadas. Olho para o Léo.
— Então eu vou indo, não quero atrapalhar. — ele diz.
— Tudo bem, até logo. — ele responde com um aceno e vai embora.
Hoje tenho três aulas seguidas, a primeira é de forró, hoje o dia vai ser puxado, ainda bem que a avó da Belinha se ofereceu para pegar ela na escola.

Chego em casa cansada, Rek vem me recepcionar.
— Oi Rek. — passo a mão na cabeça dele.  — Não pense que eu esqueci o que você fez comigo, ok? — ele abaixa a cabeça. Não sei não, acho que esse cachorro faz essas coisas de propósito. Será? Eu devo estar muito cansada mesmo, estou vendo coisas.
—Mãe! — Belinha chega me chamando, e não me dá tempo de responder. — Mãe, mãe, mãe...
— Que é Belinha, porquê toda essa agitação?
— Mãe, a senhora viu o novo vizinho? — ah, o vizinho, é isso. — Mãe, ele é lindo, a senhora o viu? Está morando aqui do lado, eu falei “oi” para ele, ele riu para mim, nossa, a senhora tem que ver ele.
— Ok, depois eu vejo. E sua avó cadê ela? — melhor mudar de assunto.
— Ela já foi, só me deixou no portão. — novidade, reviro os olhos, é certo que a velha não vai com a minha cara, critica tudo o que eu faço, sempre foi assim, mesmo quando o filho dela ainda era vivo.
Ela nunca, nunca aceitou minha profissão, achava que o filho dela merecia coisa melhor.
— Ta bom, vai tomar banho enquanto eu faço o jantar. — ela pega a mochila e sai andando para o quarto e o Rek atrás.
— E aí garoto, como foi seu dia? O que você ficou fazendo enquanto eu estava fora ein? — ouço ela perguntando para ele. É Belinha, nem te conto o que esse cachorro mau caráter já aprontou hoje.

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Um novo começo "Degustação" (A Venda Na Amazon) Livro1 Série RecomeçosOnde histórias criam vida. Descubra agora