...do que nunca

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Antes Tarde...

...Do que nunca - Capítulo único.

Verão de 1997

Cidade de Seoul

— Minha mãe sempre disse que eu não devia conversar com estranhos... — disse a criança, sentando ao lado do amigo que acabara de fazer, ajudando a erguer o montinho de terra que seria o castelo dos dois.

— Mas eu não sou estranho, sou amiguinho. Me chamo Kim Minseok. — sorriu fofamente.

Woah, você é mesmo amiguinho, o meu nome é Kim Jongdae, a gente nunca mais vai se separar. Nascemos para ser amigos.

Minseok o retribuiu com um sorriso, querendo que aquilo fosse real.

Inverno de 2017, 14 de Fevereiro

Cidade de Seoul

Minseok andava pelas ruas frias, suas mãos nos bolsos enquanto apreciava os enfeites espalhados pela cidade toda, na Coreia era uma data muito importante: o dia dos namorados.

Infelizmente o pequeno estava sozinho, apreciando a neve que caia enquanto caminhava até sua cafeteria favorita, em busca de um chocolate quente, mas ao chegar na cafeteria tudo que encontrou foram mesas cheias de pessoas alegres, comemorando com seus parceiros um final de tarde exaustivo enquanto tomavam um bom café e falavam de seus futuros juntos.

Minseok pegou seu chocolate quente e ficou olhando para os lados, não vendo nenhuma mesa disponível e apenas um rapaz que estava lendo um livro, sentado em uma mesa afastada, sozinho.

— Oi, eu não quero atrapalhar, mas realmente não gostaria de tomar essa bebida quente na neve que está caindo lá fora. — disse Minseok, em sua forma doce de pedir para dividir a mesa com com o rapaz.

Jongdae preferiu terminar a frase que estava lendo no livro antes de olhar pela janela da lanchonete e ver a neve caindo mais forte do que quando entrou. Seus pensamentos estavam tão focados no livro que estava lendo, que demorou um tempo até analisar que a cafeteria já estava mais lotado do que o possível, e, a essa altura, o garoto já estava suspirando pronto para ir embora.

— Hey, me desculpe, eu estava concentrado, claro que pode sentar ao meu lado. — disse segurando o braço do garoto.

— Justamente, eu tirei você do meio de uma leitura que parecia tão boa, melhor eu ir embora.

— E arriscar sua saúde nesse frio? Sente aqui comigo, você já leu esse livro? Podemos comentar a leitura.

Minseok olhou pela janela mais uma vez e assentiu, sentando em frente ao garoto.

— A Mão Esquerda de Deus, já li sim, eu gostei bastante desse livro.

— Não é?! — disse Jongdae animado — Eu estou amando, é uma linguagem tão crua, uma narração tão viva, cheguei a me ver dentro do Santuário dos Redentores junto dos acólitos muitas vezes.

— Eu me prendi muito mais pelo romance deles, é um romance frio, mas ainda assim um romance. Ele sofreu a vida toda e no momento que ele se envolve com uma mulher ele descobre o que esse tipo de sentimento pode fazer com a gente. É um livro complexo que parece passar em um futuro em outro universo assim como parece parte do nosso passado e poderia ter sido história, então eu gosto muito.

— Wow, você me parece alguém que gosta de literatura.

— Muito, me formei em letras e em literatura estrangeira. Me chamo Kim Minseok. — estendeu a mão sorrindo para o garoto que tirou o óculos naquele momento, querendo olhar mais de perto o outro.

— Eu sabia que reconhecia esses olhos, mesmo na época sendo muito pequeno, eu guardei seus traços. — disse um pouco perplexo ao estender a mão ao outro.

— Eu me chamo Kim Jongdae, você não deve lembrar, mas...

— Nós conhecemos em parquinho quando pequenos, sim eu lembro. Lembro muito bem. — sorriu tímido e voltou a segurar seu copo de chocolate quente com as duas mão, sentindo em sua coluna passar um arrepio, não mais de frio.

— Isso é incrível, eu queria que tivéssemos crescido juntos, você me parece o tipo de cara que eu gostaria de ter conversado quando mais novo. — disse ainda um tanto perplexo.

— Não julgue as aparências, eu não sou muito do tipo que consegue fazer amigos com facilidade, muito menos mantê-los.

— Então essa é a época certa para nos encontrarmos.

— De certo, nada é por acaso não?

(...)

A conversa entre os dois estava tão boa que ela não acabou cedo, muito pelo contrário, os dois foram expulsos da cafeteria que queria fechar e os dois só estavam ali para conversar mais e mais, querendo recuperar os vinte anos perdidos em um único momento.

Foi assim que os dois foram caminhando pela rua, sem saber o rumo exato que estavam seguindo, mas que era o que fazia os dois estarem juntos.

— Acho que já andamos mais de uma hora, essa é minha casa. — disse Minseok, parando em frente ao prédio e mordendo os lábios. — Eu...

Jongdae não deixou que o pequeno terminasse, colando os lábios um simples selar, deixando Minseok envergonhado.

— Me desculpe, eu...

Dessa vez foi o outro que não terminou, tendo seus lábios tomados em um beijo afoito, com um sentimento que parecia saudade de algo nunca vivido.

— Hoje é dia dos namorados... você não quer... ser meu namorado essa noite? — perguntou atrevido, ainda ofegante e procurando os lábios do outro mais uma vez.

— Está me oferecendo sexo... — disse Minseok puxando a gola da blusa de Jongdae — Mas tudo bem, eu quero, apesar dessa ser a minha casa e...

— Sh, eu queria te beijar de novo. — os dois voltaram a se beijar de forma mais calma, andando de costas até a porta.

Minseok separou os lábios alheios apenas para colocar a senha em sua porta, mas logo tirou seu saco de frio, fazendo o mesmo com Jongdae e voltando a tomar os lábios de forma desesperada.

As roupas foram sendo deixadas pelo chão do apartamento aos poucos, até que os dois estivessem nus sobre a cama, os beijos intensos sendo trocados com desejo e carinho.

Cada toque era quente como nunca antes, os afares entre os beijos, os gemidos entre os toques, deixando tudo com um clima de um casal de anos, uma intimidade singular, a forma de conhecer cada ponto de prazer no outro.

Minseok foi o primeiro a sentir Jongdae em seu interior, as estocadas firmes enquanto suas mãos estavam entrelaçadas sobre a cabeça desse.

— Jongdae... isso é... ahn... — gemeu Minseok, soltando sua mão apenas para que pudesse tocar a pele quente do outro, sentindo tudo que poderia.

Ao atingir o orgasmo voltaram a trocar apenas beijos, por minutos incontáveis as bocas estavam conectadas, estavam tocando um ao outro, até que Jongdae também pudesse sentir Minseok dentro de si, o fazendo sentir o mesmo prazer que deu.

Minseok era um pouco mais delicado em seus atos, tratando seu dongsaeng com mais carinho, beijando toda a pele enquanto dava estocadas lentas e ritmadas, para minutos depois se desfazer no interior alheio.

{•••}

— Foi bom. — disse Minseok entrelaçando seus dedos aos do outro, abraçando o corpo de Jongdae e vendo os raios solares entrando pela janela — Acho que passamos tempos demais fazendo isso, mais do que conversando.

— Mas a gente pode finalmente se conhecer como queríamos.

— Eu espero que isso não seja uma despedida.

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