O dia amanheceu, Josh ainda estava deitado, pensativo, olhando para o teto, relembrando do passado, da conversa com Natasha, e foi consumido por uma onda de tristeza, angústia, dor, e acabou retomando um antigo hábito que há muito não o fazia. Trocar ou tentar trocar toda sua dor emocional que estava imensa por uma dor física, onde encontrava um estado de paz momentâneo com sua lâmina, a qual considerava sua única amiga em certos momentos.
Era algo diferente, a sensação de dor emocional diminuía instantaneamente quando aquela lâmina rompia os tecidos de sua pele, e ele sentia o calor de seu sangue emergindo pelas frestas que se abriam pelos seus pulsos, as vezes nas pernas. Mas ele sabia que logo a mesma angústia, dor e sofrimento voltariam, mais hora ou menos hora. Foi consumido por lágrimas, resultantes em soluços. E mais pensamentos negativos sobre si, sobre a vida, como iria continuar, as lembras que sempre tentou evitar, pelas palavras que o cortaram mais do que a lâmina que ainda permanecia em suas mãos.** Pensamentos de Josh **
E se tudo que falaram de mim realmente for verdade? Do que adianta eu tentar permanecer convivendo com essas pessoas, com tanta crítica, olhares tortos dos meus familiares, e se eu realmente for um péssimo Neto? Um filho pior ainda? Até porque já tenho o título de desgosto da família. Nem sei mais se sou necessário para essas pessoas, para o mundo. Natasha sempre viveu bem sem mim, minha vó, bom ela supera. As vezes é difícil conviver com tantas coisas e pessoas conspirando contra você. Parece que o universo, sei lá, está com raiva de mim ou me punindo. Talvez seja um teste para ver até onde eu posso chegar, mas sinceramente não sei se consigo levar as cosias da forma como estão, acredito que nesse teste eu irei falhar, minhas forças estão acabando, é complicado acordar todos os dias e sorrir para o mundo quando ele simplesmente lhe recebe com um soco no estômago.** Fim dos pensamentos de Josh **
Depois de tanto pensar, chorar e revirar bastante na cama meu garoto finalmente adormeceu, é difícil ver ele sofrendo e não poder fazer nada para ajudar, é difícil ver como o tempo passou, como ele cresceu e eu não pude estar presente fisicamente, estendendo os braços quando ele deu seus primeiros passos ou balbuciou suas primeiras palavras. Dói saber que ele sente minha falta, mas dói mais ainda estar ao lado dele, acariciar seus cabelos, e ele não sentir nenhum carinho quando faço isso. Queria ter tido mais tempo na terra perto dele. Mas espero que em pelo menos em seus sonhos ele saiba que seu pai nunca o abandonou de verdade, que nunca quis o deixar. Mas o acaso resolveu me levar junto a morte deixando que eu o observe apenas de fora.
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Onde está o AMOR?
Ficção AdolescenteJosh, um jovem de 18 anos recém-completados, carrega consigo questionamentos incessantes e profundos, moldados pelas inúmeras dificuldades e desafios enfrentados ao longo de sua curta vida. Ele se pergunta constantemente: Onde está o amor? Quais são...