- Eu deveria tatuar o seu nome em mim!
- Você é louco! – Ela falou rindo.
Estávamos deitados em sua cama assistindo TV. Ela estava deitada em cima do meu braço esquerdo por tanto tempo que eu mal o sentia mais. Meus dedos formigavam, mas achava um pecado sair daquela posição. Era tão bom sentir o cheiro do seu shampoo dali onde eu estava. Mas minha garganta já estava seca e não conseguia pegar minha garrafa de cerveja naquela posição. A abracei e dei um beijo na sua testa, com delicadeza tirei meu braço dali fazendo-a ficar irritada. Sentei na cama e alcancei a garrafa.
- É sério, eu deveria tatuar seu nome.
Falava sério ao dizer isso. Eu era louco por essa mulher. Ela é, e sempre foi, a garota mais adorável que eu havia conhecido em minha vida. Nos conhecemos há tantos anos, que as vezes me pergunto o que eu fiz de bom para merecê-la em minha vida. Posso lhe dizer que eu já errei muito por ai, mas alguma coisa certa eu fiz, isso eu tenho certeza! Começamos a namorar um pouco antes de acabarmos o colegial e com toda confusão de faculdade, acreditei que iríamos afastar um do outro, até por causa de nossas escolhas. Eu curso música enquanto ela, medicina. Mas pareceu que isso só nos uniu. Conseguíamos tempo para ficarmos juntos, e com isso nosso namoro ficou cada vez mais firmes.
Levei a garrafa em minha boca e dei um gole. Ela não havia falado nada sobre essa minha “Prova de amor” então resolvi insistir.
- É sério, Manu. Eu vou tatuar sua letra bem aqui. – Falei mostrando o meu dedo anular da mão esquerda.
Manu deu um pequeno sorriso e voltou a ver a televisão.
- Você não acredita em mim? – Falei sem me dar por vencido.
Manu tirou os olhos da TV e me encarou. Era inverno e seus olhos verdes naquela altura viraram cinzas.
- Só acho que você não cometeria uma loucura dessas. Não há necessidade.
Dei mais um gole na cerveja e a coloquei de lado de novo. Deixei e voltamos para a posição de inicio. Voltei a assistir a TV, mas minha cabeça já estava longe. Depois de cinco minutos comecei a abrir minha boca novamente.
- Acho que deveríamos nos casar.
Ela bufou, pegou o controle remoto e pausou. Virou para mim e me encarou com cara feia.
Manu não era romântica... Nem tinha senso de humor.
- Serio mesmo, Nicolas, que você vai ficar falando baboseira durante o filme? Tu não consegue ficar calado durante uma hora e meia não?
Sentei na cama e peguei a garrafa de cerveja.
- Mas é Shrek, você já me fez assistir esse filme antes.
- Qual problema de ver de novo?
- 12 vezes, Manoela. Você me fez ver esse filme 12 vezes.
Ela cerrou o olhar mais braba ainda, virou pra TV e deu play no filme novamente.
Coloquei a cerveja mais uma vez de lado e voltei mais uma vez para aquela posição rezando que meu braço não dormisse novamente.
Só agüentei mais dez minutos calado.
- Você sabe que seu DVD vai acabar quebrando assim, não sabe?