Capítulo 6
No dia seguinte acordei novamente com pesadelos com Bárbara implorando por socorro e foi então que vi que tinha dormido muito mesmo.
Já era sete da noite e eu precisava comer algo e me preparar para voltar para o hospício. Preparei panquecas — horríveis, diga-se de passagem — e comi sentado no balcão.
Barbara ainda não tinha saído de minha mente. A forma como ela é frágil e forte ao mesmo tempo, o jeito que ela me toca sempre da testa até a ponta do nariz com tamanho afeto que parece gostar de mim.
Não acredito que ela seja realmente louca.
* * *
Entrei no manicômio e acenei com a cabeça para os caras e uns dos enfermeiros que estavam ali anotando mil coisas.
—Chegou na hora, maconheiro. Anda, remédio pros doidinhos.
—Rodger, eu posso...
—Pode calar a boquinha e ir trabalhar. — ele disse com deboche e deu as costas.
Rolei os olhos e fui até o carrinho de remédios que já estava pronto com os copos de água e pílulas. Comecei a caminhar pelo corredor e entregar aquilo para os pacientes.
Conforme ia chegando mais perto do quarto de Bárbara, meu coração acelerava. Suspirei e abri os três ferrolhos. A mesma estava sentada na cama com as pernas entrelaçadas.
—Você veio. — ela balbuciou e sorri.
—Sim, Bárbara. Eu vim. — disse baixo e fechei a porta.
—Como prometeu.
—Exatamente. — sorri e sentei ao seu lado na cama.
—Não vai me dar remédios, não é?
—Não. Hoje não.
—Obrigada, muito obrigada. — ela disse e sorri para ela. —Qual data é hoje?
—Vinte de março, por quê? — disse confusa e ela me encarou com um certo brilho nos olhos.
—É meu aniversário. — ela disse baixo e encarou as próprias mãos.
Abri a boca um pouco surpreso e em seguida sorri para a mesma, que me olhou por alguns segundos, mas logo voltou a encarar suas mãos.
—Ora, parabéns Barbara! Por que não me disse antes? Eu poderia trazer um presente ou...
—Ninguém se importa, Zayn. — ela sussurrou me cortando e senti meu coração amolecer.
—Eu me importo, Barbara.
—Ele nunca se importou, me machucava todos os dias e nem lembrava. — Barbara disse com a voz embargada e suspirei.
—Eu estou aqui agora e eu garanto a você que me importo. — disse baixo e estendi a mão para ela que demorou longos segundos a encarando, mas não pegou.
—Promete?
—Prometer o quê? — perguntei confuso.
—Que se importa? — ela disse me olhando suplicante e sorri.
—Sim, Bárbara. Eu prometo. — disse convicto.
Barbara ainda não tinha sorrido desde o dia que cheguei aqui, mas seus olhos sempre demonstrava o que ela sentia.
Novamente a garota de longos cabelos negros me surpreendeu com um beijo extremamente suave e demorado em minha bochecha.
Confesso que sorri mesmo sem querer com o toque da garota e assim que ela o partiu, abaixou a cabeça como se estivesse envergonhada.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Psicopatia • z.m
FanfictionCondenado a cumprir pena com serviço comunitário em um manicômio, Zayn não imaginava que encontraria lá o grande amor da sua vida. Barbara, que já passou por dolorosas situações em sua vida, acaba aprendendo aos poucos a amar através dele e de sua g...