renjun estava indignado.
aquela era a décima quinta vez no dia em que se deparava com a cena de jaemin e chenle aos abraços. — não que tivesse contado.
e isso não é o pior!
que mal faria citar sobre os olhares, os toques e até a porcaria de um próprio alfabeto que os dois fizeram questão de criar. — com o tempo em que jaemin poderia passar com renjun, seu namorado.mas não, parece que a companhia do huang não é mais de tão agradável, sim?
não venha negar, isso é claramente visível quando o coreano dá-lhe respostas curtas ou ao menos presta atenção no que fala porque zhong está se aproximando da mesa e ele prioriza cumprimentar o amigo.
amigo.
isso é mesmo amizade?
renjun está chateado.até mesmo jeno, que consegue ganhar de si em níveis de distração, percebeu que eles agiam como um casal.
eles pareciam um casal.
e que belo casal, pensava huang.foi por esse fato (quase) comprovado que, naquela manhã de segunda-feira, ele decidiu ignorar jaemin, que fora duplamente esnobado ao perguntar o que se passava com o chinês quando tivera o abraço rejeitado.
huang até teria reconsiderado, afinal, dar abraços em seu namorado era algo tentador, mas fechou completamente a cara ao ver chenle se aproximando dos dois, e resistiu à tentação.
foi por essa constatação também que optou a fazer o trabalho de aula com um colega que sempre conversava, donghyuck, se mordendo de ciúmes por jaemin e chenle estarem aos risos no outro lado da sala, como perfeitos parceiros de trabalho.
perfeito casal.
e na aula de educação física quando atravessou o colégio todo para se vestir no outro banheiro só para não ter que encarar jaemin no vestiário?
pedir para o professor trocá-lo de time no basquete? imagina.não era dramático.
talvez um pouco, mas, nessa situação, quem não ficaria?se jaemin prefere sair da escola com um amigo a seu namorado, tudo bem, renjun não se importa nem um tanto.
não se incomoda de ter respondido secamente o "te ligo mais tarde, bebê" acompanhado com um delicado beijinho na testa, que teve como resultado um "uhum" vindo do chinês.naquela mesma noite, renjun não duvidava que jaemin pudesse não o ligar, mas ele fez.
— por que está tão estranho esses dias?
ah, jaemin.
essa pergunta tinha inúmeras respostas.mas, como dito anteriormente, renjun não era nada dramático, portanto preferiu que seu namorado adivinhasse por conta própria.
— nada.
mas jaemin não insistiu, o que deixou o chinês frustrado.
— está afim de sair amanhã? eu, chenle e jisung iremos ao parque.
chenle. chenle. chenle. chenle.
renjun precisou respirar fundo para não surtar no meio da ligação.
porque aquele chinês de meia tigela estava sempre nas falas de jaemin.— quem é jisung?
perguntou por via das dúvidas.
se já não bastasse aguentar zhong, mais um seria demais para sua cota de namorado ciumentinho e abandonado.— é o namorado do chenle.
namorado? do chenle?
oh.menos mal.
então... é...
ele tem um namorado?
que... legal.
renjun já sabia, óbvio.— ah, claro.
respirou fundo novamente, mas agora parecendo aliviado.
como se tivesse tirado um peso enorme de suas costas.ele teria que ser mais cuidadoso e observador para não cometer o mesmo engano novamente.
jaemin era só seu, e só tem olhos para si.
seu coração fica aquecidinho ao lembrar dessas verdades.portanto fingirá que não foi nada.
porque quando o drama dá errado, é só fingir que nunca aconteceu.