Uma tarde como outra qualquer… Na verdade nos últimos 16 anos tem sido assim, todas iguais, ou pelo menos é meu sentimento sobre o que poderia resumir minha vida.
Pode parecer exagerado da minha parte, mas é simples para quem está de fora poder dizer isso ou aquilo, querer demonstrar que se fosse de outro jeito tudo seria diferente.
Da mesma forma que é mais fácil para quem está de fora ver tudo o que está errado, é mais difícil para quem está dentro, ter forças ou achar a saída para mudar.
Acho até que é inversamente proporcional, e assim foram meus dias desperdiçados, mês após mês, ano após ano, a partir do momento que tive consciência da minha pequena existência.
Talvez tudo tenha iniciado, quando meus pais se separaram, talvez tudo já estava planejado e que eu, uma garota "sortuda", foi a "escolhida" da vida, para tudo sair errado.
Pois uma coisa é certa, a vida escolhe algumas pessoas, e essas pessoas irão ter problemas, tudo vai dar errado, por mais que você tente fazer querer dar certo. E então quando você se depara com isso, percebe que não há muitos caminhos a seguir.
Eu posso dizer a vocês, que alguns dizem que o caminho mais fácil é o de jogar tudo para o alto e desistir, mas na verdade, bom, na verdade não é...
Por mais que você saiba que não tem nada a perder, ou que ninguém irá ligar para seus sentimentos ou pensamentos, é sempre duro ter a certeza que, pôr um ponto final em sua vida, é um sinal de fraqueza, e a ultima coisa que quero demonstrar... é fraqueza.
Vou contar uma história que irá mostrar a vocês o porquê da minha vontade, é a minha história, nada muito glamoroso, apenas eu e minha vida, então vamos lá.
Meu nome é Raiune, meus pais nunca souberam explicar de onde tiraram esse nome estranho.
A explicação mais lógica foi por um erro de registro e que meu nome seria Raiane, isso por si só, já seria motivo de querer morrer, mas acabei me acostumando com o nome.
Claro que eu sabia que chegaria a hora que as piadinhas seriam uma constante, porém como tudo na vida, acabou, e todos foram se acostumando com o nome também, pelo menos um final feliz.
Nasci em uma pequena cidade chamada chapadão do sul, uma cidade onde o forte é a agricultura, então já é de se esperar que não havia muitas alternativas na cidade, cresci num ambiente simples, mas aparentemente feliz.
Em algum momento dos meus 10 anos, meus pais se separaram, meu pai um pequeno agricultor, tinha uma pequena fazenda, nada de outro mundo, era simples, mas conseguia sobreviver cultivando coisas nela.
Uma das coisas que mais tenho lembrança dessa época, eram os campos de algodões que meu pai cultivava, eu era garotinha, via a neve pela TV, ai então corria para os campos, todos eles brancos como neve, e ficava ali, imaginando que estava brincando na neve, acho que… Não acho.Tenho certeza! Foi a melhor época da minha vida.
Nunca sabemos quando serão nossos melhores momentos na vida, e que na verdade nunca mais se repetirão.Cada momento pode ser o último. Queria ter essa noção naquela época, mas agora é tarde.
Depois disso tudo, me lembro que meus pais se separaram, e minha mãe voltou para São Paulo. Desde essa época vejo pouco meu pai, pois cresci e mudei minha forma de pensar, minhas prioridades mudaram, tinha virado garota de cidade grande, com pensamentos supérfluos e modernos.
Meu pai ainda foi um pouco persistente, a cada férias escolares tentava me fazer passar alguns dias na fazenda, sem êxito claro. Eu preferia a boa e fácil vida agitada da cidade.
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O CAMPO DOS ALGODÕES
Short StoryUma garota à Beira do suicídio conhece o fantasma de um garoto, que ira mudar para sempre sua vida,