capítulo 2 - I'VE FOUND MY FRIENDS... IN MY HEAD

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Estava andando pelo corredor – em direção ao banheiro - até que vi a silhueta do meu pai à meia-luz. Porém percebi que havia um cheiro que eu não conhecia. Um odor fétido. Parecia vir do cigarro que ele fumava. Que ele fumava? Meu pai não fumava. Não parecia simplesmente nicotina.

- Papai, o que está fazendo acordado de novo? 

- Eu não sou pai de nenhum fedelho, criança. E não me chame assim. Eu tenho nome, e é Kurt.
Meu pai começava a me dar mais medo a cada dia. Por que aquilo estava acontecendo comigo?

- P-pai, o senhor está fumando, não está? – perguntei, a voz trêmula.

- Você é retardado ou o quê? Vai passear, vai. Não tenho paciência pra moleques burros. – ele me respondeu com uma voz grave e rouca. Não me soava nem um pouco calma. 

- Eu vou chamar a mamãe. - disse assustado, apelando para a minha última saída. 

- Cale a boca! – retrucou o homem, que já não me parecia mais meu pai, colocando uma faca em minha garganta – Não vê que está assustando meus amigos?

- M-mas não tem ninguém aqui, papai... - falei aos prantos, procurando alguém pelo cômodo, que estava deserto.

- Estão bem aqui - apontando com a faca sua cabeça – E não sou seu papai. Nesse momento aproveitei para sair correndo e me trancar no quarto. Mamãe me perguntou num sussurro o que havia acontecido. Respondi contando tudo. O que mais me amedrontou foi a resposta que ela me deu:

- Aquele não é mais seu pai.

Queria poder fechar os olhos e depois nunca mais abri-los de novo.     

A TULPA HUMANA - AnistiadosOnde histórias criam vida. Descubra agora