Único.

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Ela fugiu ao escutar as gargalhadas da doce voz tão conhecia, a qual custou para que pudesse ser ouvida, pois quando elas se conheceram, a mais alta estava quebrada como o cristal bonito e delicado, escondido por debaixo da aparência fria. Mas a morena a fez sorrir, cuidou dela como pode, dando carinho do jeito que sabia, porque gostaria de juntar os cacos de vidro dela. Porém, agora aquele som gostoso estava sendo causadas por outra pessoa. Foi por causa disso, que começou a correr para o mais longe possível.

Não era justo.

Era para ser de outro jeito.

Elas eram uma da outra.

Agora, do lado de fora da casa de Archie, na madrugada de uma sexta para sábado, segurando um copo plástico com uma bebida desconhecida, e chorando, Veronica Lodge podia entender seu erro.

"— Está acordada? — perguntou a morena para a dona da casa, e a mesma assentiu brevemente depois de se virar para ficar de frente a ela, enquanto começava a fita-la com uma espécie admiração. Ambas estavam deitadas na cama de Cheryl, era a segunda noite que dormia por lá, pois não queria deixá-la sozinha. — Pode ficar comigo? Só um pouco. Não consigo dormir.

— Não consegue ter sono fora de casa, Veronica? Quer seu ursinho de pelúcia por acaso? — Brincou, falando em sussurros. A latina riu baixo, balançando a cabeça em negação.

— Pesadelos são meu ponto fraco.

Ficaram caladas depois disso por uns segundos. Devido à proximidade, a Lodge aproveitou o momento para observar melhor o rosto da ruiva, tendo certeza de como mesmo sem maquiagem, ela ainda era linda. Não. "Linda" era uma palavra pequena para descrevê-la. Em outra ocasião, talvez Veronica sentisse inveja da aparência exterior dela, mas agora era diferente. Seus olhos passaram pelos traços dela, desejando poder tocar na pele, tentar descobrir se era tão macia quanto aparentava, tocar as bochechas, os lábios...

— Vem. — Se assustou ao ouvir-lá, ficando pálida. Ela sabia o que se passava em sua mente? Pouco provável. Mas era Cheryl Blossom ali, e ela parecia estar um passo à frente de tudo. Antes que outra ideia se passasse por sua cabeça, a mais alta se mexeu na cama, se apoiando melhor nos travesseiros, e levou a cabeça de Veronica ao seu peito, começando a passar os dedos sobre o cabelo escuro da outra. — Nada vai acontecer com você, estou aqui."

A música alta era o que se espalhava pela rua, uma batida animada, perfeita para dançar até os pés começarem a doer, como um dia, ela gostou de fazer. Tudo o que Veronica desejava era sumir da maldita Riverdale, retornar para New York, da onde nunca deveria ter saído, estando em sua zona de conforto.

Levou a mão esquerda para o rosto, enxugando as lágrimas que teimavam em sair, levando consigo a maquiagem a qual não deveria esconder suas imperfeições faciais apenas, mas suas emocionais também. Era uma garota estúpida, egoísta e sem qualquer direito de estar triste.

"Por que?"

"Por que fez isso comigo, Cheryl?"

Ela se perguntava, parecia que estava tentando se afundar ainda mais.

Existiam milhões de canções sobre corações partidos pelo mundo, cada uma mais famosa que a outra, expressando com detalhes a experiência completa. Veronica nunca foi fã delas, as considerava engraçadas ou com uma melodia bonita, mas pode compreender aquela noite o que estava escondido em seu subconsciente: quando você está bem, se aprecia musicas tristes. Quando você está se sentindo um nada, você as entende.

dancing on my own ⇢ che+ronica Onde histórias criam vida. Descubra agora