Meu celular tocou, no identificador estava um número desconhecido, Red e Michael olharam para minha cara curiosa. Eu também fiquei espantada, quem poderia me ligar naquele momento? Resolvi atender, era Joey, um dos policiais que estava no Treasure para investigar:
— Alô — disse Joey — agente Blank? A senhorita precisa ver isso!
A voz de Joey estava extremamente assustada, aquilo realmente me preocupou muito. O que ele estaria vendo que era tão horrível? Dava pra deter o medo dele pelo telefone.
— Joey onde você está? O que houve?
— N… no… porão do hotel, onde fica o frigorifico — respondeu Joey com a voz trêmula.
O frigorifico do hotel mantinha a carne que eles cozinhavam nas refeições e faziam os maravilhosos pratos que eram destaques do Treasure Island. Minha mente, em um impulso de influência de Red logo imaginou algo do tipo: Eu não ficaria surpresa em saber que a comida daqui é feita de carne de gente! Voltei a mim, afinal não era momento para brincadeiras, mas não dispensei um sorrisinho irônico no melhor estilo de meu consultor assassino!
— Michael, Red! — chamei — Vamos para o frigorifico.
…
Chegamos ao local, acompanhados de um dos funcionários do hotel, Henry, ele logo estranhou o fato de a chave de energia do local estar desligada e ficou preocupado com a situação da carne que estaria lá dentro.
— Seja lá quem fez isso estragou toda a carne do hotel! — disse.
A porta do frigorifico estava entreaberta e o único ponto de luz interna era a lanterna de Joey, peguei minha lanterna no bolso de meu tailleur, acendi e entramos.
A imagem era assustadora, Red mais uma vez deu um de seus sorrisos monstruosos.
Instalaram correntes no teto de todo o frigorifico. Pedaços de corpos de mulheres despedaçados foram presos a essas correntes em todo o ambiente. De um lado víamos uma cabeça, do outro uma perna, um braço, estava realmente difícil de identificar quantas vitimas haviam ali.
— Não sabia que o Treasure investia em arte de instalação! — ironizou Red.
— Será que você não consegue respeitar nada? — questionou Michael.
— Não me leve a mal Mike! Mas achei essa ideia extremamente legal de trabalhar a temática da apresentação de Maximinoff em forma de instalação.
Nesse instante um arrepio na base de minha espinha me fez encaixar as coisas.
— CORPOS DESPEDAÇADOS — gritei.
Todos olharam para mim estarrecidos com o grito que eu dei. Mas estava na cara, eles não haviam compreendido, mas dessa vez eu compreendi. Não precisei de Red ou Michael para entender o que estava acontecendo no Treasure Island e o que ocorreu com Anabelle Balakirev e as outras moças.
— Do que está falando Rach? — questionou Red. Sim! Red me questionou! Fiquei tão excitada que mais parecia uma adolescente diante do primeiro amor.
— Os homicídios são parte de uma mensagem de algo maior! São como um aviso do assassino! Ele sabe que estamos envolvidos, sabe que estamos aqui! O assassino está no hotel!
— Não brinca Rachel! — ironizou Red com seu sorriso maléfico — Até parece que ninguém aqui nessa instalação sabe que o assassino está à solta por aí no Treasure! Aposto que agora mesmo ele deve estar jogando um poker ou Blackjack com algum milionário enquanto planeja esquartejar a esposa e a amante do adversário.
— Você é um ser muito sujo Red! — afirmou Michael — Mas confesso que está certo.
Mais uma vez eu estava enganada. Estava me sentindo uma novata. Trabalho no FBI há anos e um criminoso que eu capturei se demonstra mais ligado ao caso do que eu. Red sabia exatamente o que estava acontecendo, por que não o deixávamos investigar tudo sozinho? Já que Michael, que agora até concordava com Red, e eu éramos apenas objetos de segundo plano?
Mesmo irritada continuei a investigação do local, fotografamos cada uma das partes penduradas nas correntes antes que elas fossem retiradas para a equipe de médicos legistas tentasse remontar os corpos e identificarmos cada vítima. Optamos por realizar a identificação posterior para não atrair atenção da mídia para o frigorífico. Afinal, jornalistas atrapalham tudo.
Red observava atentamente cada pedaço dos corpos ali despedaçados como se admirasse uma obra de arte impar. Seus olhos brilhavam como se estivesse realmente admirado, ele realmente gostava daquilo, ela como se ficasse excitado em ver o sangue humano escorrer, em imaginar o sofrimento de cada vitima, em ter a certeza de que estavam todas mortas.
— Olhe Rach! — Exclamou Red para chamar minha atenção — acho que nosso amigo nos deixou mais uma mensagem.
Red me mostrou uma frase grafada em perna de pele branca pendurada em uma corrente no canto do frigorífico. Et adesse festinant tempora, latim mais uma vez.Talvez nosso assassino seja um católico fervoroso ou algo do tipo ou seja mais um integrante desses cultos cheios de fanáticos que sempre acabam em um novo Charles Manson aterrorizando por aí.
Continuamos vasculhando o frigorífico do hotel na esperança de encontrarmos alguma pista, e encontramos coisas que chamaram bastante atenção: um pedaço de tecido rasgado, um cartão de um dos maquiadores da Cia Maximinoff, fios de cabelo loiros (provavelmente de alguma das vítimas). Porém o mais interessante estava bem abaixo dos nossos pés.
Michael vasculhando o chão com a lanterna começou a achar estranho o rastro de sangue e decidiu chamar a atenção da equipe de investigação:
— Ei! Rachel, Joseph, olhem aqui!
— É Red seu imbecil! — reclamou o assassino.
— Que seja — resmungou Michael — prestem atenção, as marcas parecem que foram feitas propositalmente. É como se o assassino estivesse deixando uma mensagem.
— Mas como poderemos ler esta mensagem Michael? — questionei.
— É simples Rach — afirmou Red — precisaríamos de uma imagem da câmera de segurança, mas aposto que ele conseguiu desligá-la sem ser notado não é mesmo Henry?
— Eu posso pedir a segurança que verifique as gravações. — disse Henry.
Parecia uma ótima ideia, talvez o assassino pudesse ter cometido algum erro e estivesse presente nas gravações.
— Será que não notam? — questionou Red — Acham mesmo que um serial killer é tão burro a esse ponto? É óbvio que ele não estará nas gravações da câmera de segurança, se estiver estará mascarado e ninguém conseguirá notar quem é — Red estava irritado agora — Se realmente querem saber o que diz a mensagem apenas liguem a droga da câmera de segurança novamente e tirem os pedaços dos cadáveres dessas vagabundas antes de lavar o chão e teremos acesso à mensagem!
Todos ficaram em silêncio naquele instante. Red estava extremamente irritado com nossa falta de capacidade de pensar como ele, e pra mim aquilo era extremamente excitante. Aquele homem, aquele criminoso realmente conseguia pensar exatamente como o nosso culpado pensava, ele realmente jogava o jogo do assassino para encontrá-lo. Ele era a grande mente maligna que estava agindo em nosso favor.
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RED
Mystery / ThrillerUm cadáver encontrado em um hotel de beira de estrada. Um crime misterioso e sem resolução. Quando tudo parece acabado a única esperança pode estar no assassino mais perigoso que o FBI já conheceu.