coisas das quais me lembro

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o cheiro da terra molhada depois da tempestade.

a suavidade do tecido recém recolhido no varal.

a movimentação constante da árvore na janela durante o período vespertino do dia.

todos os recados na geladeira pregados de terça para quarta-feira.

tolices e pequenices momentâneas que me colocam no lugar de finitude e solidão que propago entre as paredes ocas do apartamento, e talvez seja por isso que a retenção de líquido não possa ser explicada por um profissional contratado, muito menos pelo calor de 45º do lado de fora, longe do meu sistema cardiovascular.

mas, se preciso transpor tudo que me remete à magnitude da reflexão existencial e as coisas que ouço por correr sem sair do lugar, o cargo memorial luta na cachola de tal maneira que a memória prospectiva intitula-se por direito maior. 

e eu não posso me importar com aquilo que vou esquecer à curto prazo.


pequena nota: a inspiração desse texto veio de uma discussão com a mari (uranusmouth) sobre o tema de um trabalho da facul dela que vai discutir sobre memória prospectiva. espero que tenham gostado!

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