Capítulo III • Passado

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- Seu irmão é a pessoa mais repugnante do mundo. - Digo, assim que Panda abre os olhos.

Ela sorri encarando o teto.

- Bom dia para você também. - Pandora diz. - Parece que você conheceu o Jonathan.

- Nós já nos conhecíamos.

- Como assim? - Ela pergunta, esfregando os olhos.

Levanto do meu colchão e me espreguiço.

- Uns dias atrás fui visitar a minha mãe no cemitério e ele estava lá.

O semblante de Pandora fica um pouco triste.

- Nosso pai está enterrado lá, deve ser por isso que vocês se encontraram.

Concordo, desejando que Jonathan não esteja mais na casa quando formos tomar café.
-
Como todo desejo, o meu não foi comprido. Percebi que Pandora não tinha nenhuma roupa sem um decote gigante ou transparente, a coisa mais comportada que encontrei em seu guarda roupa foi uma blusa fina de frio preta, que deixava metade dos meus seios para fora.

Coloquei uma calça jeans qualquer (que marcava minha bunda, óbvio) e desci as escadas. Pandora havia ido na frente porque precisava arrumar a mesa (o irmão dela é um bastardo mesmo, será que nem isso ele consegue fazer?).

Assim que entro na cozinha, me deparo com Jonathan, sem camisa, lendo qualquer coisa em seu Iphone de última geração, tomando café. Quando percebe que eu estou no ambiente, olha para mim, sorri, e volta a olhar para o celular.

- Bom dia. - Ele diz.

- Será que você não tem nenhuma blusa e precisa, a todo momento, ficar sem camisa? - Pergunto. - Bom dia.

Ele sorri mais abertamente.

- Sempre defendi os direitos iguais nessa casa. - Jonathan diz. - Se você quiser ficar sem blusa, não irei reclamar.

Meu rosto cora com a sua provocação.

- Mas eu gosto dela, fica melhor que a camisola de ontem. - Ele continua, agora seus olhos estão encarando os meus.

Olho para as minhas mãos que estão em minhas pernas, com o rosto ainda corado.

- Onde está Pandora?

- Ela pediu desculpas por você ter que lidar comigo, mas teve que ir na escola resolver algo relacionado ao baile de boas-vindas. - Ele diz.

Jonathan fica tão lindo quando está concentrado em algo, mas não posso ser a garotinha clichê que vai encontrar o conforto da morte da mãe no garoto bad boy.

- Café? - Ele pergunta, inclinando o bule em minha direção.

Concordo com a cabeça. Ele coloca o líquido em minha xícara.

- Eu não disse que você ia tomar um café comigo, Dominika? - Jonathan pisca. - Eu sempre consigo o que eu quero.

- Você é repugnante.

Um silêncio se instala sobre nós. De repente meu celular toca, me fazendo tomar um susto e derrubar todo o café em minha blusa. O líquido está tão quente que tiro a blusa de Pandora do meu corpo, e atendo a ligação.

- Oi Nika, é a Pandora! Eu não sei se meu irmão avisou, mas eu tive...

- Sim, sim, sim. - A interrompo. - Ele avisou, não dá para falar agora, mais tarde eu te ligo.

Desligo o telefone.

- Parece que você também defende os direitos iguais. - Jonathan fala, assim que eu coloco o meu celular na mesa.

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