Capítulo IV • Máscaras

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"Quando você descobrir tudo, você desejará voltar ao passado e nunca ter encontrado esse caderno"

Aquelas palavras me atingiram em cheio e bombardeavam a minha mente como se houvesse apenas esse pensamento nela.

O que era tão ruim que não podia ser dito naquele momento? O que faria eu desejar nunca ter encontrado aquele caderno?

Começo a pensar que seria melhor não ler o que quer que esteja naquelas folhas. Alguns segredos devem ir para o túmulo, exatamente como minha mãe fez. Mas alguns segredos devem ser revelados, independente do quão grave eles são, e eu só saberei onde ele se encaixa quando saber qual ele é.

Encaro meu pai tomando uma xícara de café em minha frente. Como é possível ele não saber do segredo de minha mãe?

Ele olha para mim, percebendo que eu o estou encarando há alguns minutos.

- O que foi, querida? - Pergunta, dando um pequeno sorriso.

- Nada.

Levanto da mesa de café e meu pai me olha confuso.

- Só não estou muito bem.

"Quando você descobrir tudo, você desejará voltar ao passado e nunca ter encontrado esse caderno"

Ando em direção a sala e quando estou quase saindo da cozinha paro no batente da porta.

- Você ainda a ama? - Pergunto, de costas para o meu pai.

- É única coisa que eu faço ultimamente.
-
Estou em frente à casa de Pandora, a esperando para irmos a escola. Ela me mandou uma mensagem falando que tinha acabado de sair do banho e se arrumaria em cinco minutos.

Sento na guia da calçada, sabendo que ela irá demorar, e começo a mexer em meu celular, evitando pensar sobre o caderno.

- Eu preciso falar com você.

Jonathan está em minha frente, tampando o sol matinal com seu corpo.

Encaro a sua sombra com o semblante sério, depois da minha pergunta na noite da festa, ele anda bem estranho.

- Ok, acho que eu também preciso falar com você.

Ele se senta ao meu lado, encarando o outro lado da rua.

- Quando eu era pequeno, muito antes de Panda nascer, eu passei por coisas que ela nem consegue imaginar. - Ele começa a falar, com a voz firme, como se tivesse medo de gaguejar e perder toda a coragem que conseguiu para vir até aqui para falar comigo. - Eu passei 5 anos sem ser irmão dela, e 5 anos é tempo suficiente para coisas acontecerem e nos marcarem para sempre.

Jonathan suspira tentando aliviar a tensão em que se encontra.

- Ela acha que eu sempre fui esse cara brincalhão que não se importa com nada na vida, nem com a morte do pai. - Ele faz uma pausa meio dramática - Mas foi o que eu falei, eu passei cinco anos sem ser irmão dela, e querendo ou não, foi tempo o suficiente para acontecer coisas que me mudaram por completo, mas eu espero que ela nunca conheça quem eu realmente sou, porque nem eu gosto de quem eu sou, e sei que ela não vai gostar.

Então eu percebi, ele estava pedindo, ou até implorando, para eu não falar para ela sobre a festa e a nossa conversa.

Vejo Pandora vindo em nossa direção saltitando, e Jonathan coloca um sorriso no rosto.

- Não acho que você seja esse monstro que você insisti em falar que é, mas se depender de mim, ela vai continuar acreditando nessa farsa.
-
Depois da escola, Pandora me pediu para dormir em sua casa, pois seu irmão iria passar a noite fora e ela não queria ficar sozinha. Concordei, já que meu pai iria viajar novamente e eu não sabia quando ele iria voltar.

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