Quando o Rei Retorna...

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Demorei para postar algo, mas cá estou eu de volta, recuperando-me de outros problemas técnicos e me ajustando para que eu possa retomar todas as atualizações que preciso e as postagens que devo (sorry, capirocats T^T). Essa ideia veio quando eu assisti ao filme Alexandre, o Grande, daí pensei "Pq não?" e eis o que surgiu. Espero que gostem da one :3

Ao longe, pela estrada de terra batida, podia se ouvir o trotar dos cavalos, trazido pelo vento. Era forte como os tambores de guerra que deixaram a cidade e retumbava por cada canto dela, anunciando o retorno do mais temido batalhão que se tinha notícia. Por toda a Grécia, os rumores de seu poder ecoavam junto das tempestades e ninguém ousava enfrentá-lo porque eram... Invencíveis. A cidade ficava em meio a campos de trigos, sobre uma colina que lhe dava uma visão estratégica do horizonte em todas as direções.

Dentro do templo central, onde se reuniam os políticos responsáveis pelos cuidados com a pólis e com todas as necessidades do povo, havia uma torre, a mais alta, e dali o vigilante percebeu a tropa chegar. Tocou a corneta de aviso para todos se preparassem, pois a bandeira dourada estava erguida, o que significava mais uma vitória para o povo de Esparta. Os conselheiros deram a ordem para que preparassem toda a cidade para receber seus guerreiros honrados, mas não só o ambiente, como seus moradores.

Havia mais de três anos que aqueles homens estavam fora de casa e claramente teriam necessidades afetuosas, além de merecerem honrarias pelos seus feitos, como canções e festejos, de modo que quando a notícia do fim da guerra chegou aos ouvidos dos líderes na ausência do Rei, começou a efervescer vida e animação naquele lugar.

Uma semana foi o tempo gasto para que o povo estivesse pronto e apenas mais uma manhã para que o exército chegasse à cidade. Com o crepúsculo, os ritos fúnebres daqueles que tiveram a honra de morrer em batalha aconteceram, para que as viúvas e os órfãos de pai pudessem chorar, entre a tristeza da perda e a alegria da glória, a partida de seus esposos e pais, como ditava a tradição. Somente à noite, com a lua cheia a pino, a comemoração iniciaria com danças, comidas em abundâncias, músicas e todo o resto.

As mulheres arrumaram-se como deusas gregas, se assim pudessem, pois haviam aqueles jovens que retornaram como verdadeiros heróis e agora seriam tratados com riquezas e poder. Era a chance de algumas ascender na vida ao deitarem-se com um dos soldados e enlaçá-lo com o poder da sedução. No entanto, não só mulheres preparavam-se, alguns jovens rapazes também, ressaltando sua beleza quase semelhante as das ninfas e dentre esses, observa-se um especial.

O mais poderoso e temido soldado de todos, o próprio Rei, ausentou-se de participar da maioria das comemorações por estar cansado e por seus pensamentos estarem numa cabana uma pouco afastada do centro. Quando o bacanal começou em honra aos mais jovens soldados, bem no salão principal do palácio espartano, sendo aproveitado por muitos já que os espartanos praticamente viviam da guerra, para a guerra e pela guerra, exigindo o máximo de seus guerreiros, o Rei se retirou para seus aposentos, alegando exaustão. E ninguém ousaria questionar as razões para aquele que mais matara e mais trouxera glória para Esparta, se ele queria dormir quando todos festejavam, ninguém lhe impediria.

Ao chegar em seu quarto, trocou suas vestes reais e sua pesada armadura de ferro, além de seu escudo e sua lança, por roupas mais discretas, apenas uma calça negra presa por suas sandálias e seu enorme manto vermelho de soldado, cobrindo-lhe todo o resto do corpo ao ser ajustado. Abriu a pequena sacola de pilhagens que trouxera consigo da guerra, onde guardara as mais belas e nobres joias que se tinha conhecimento, deixou a maioria em seu cofre pessoal, mas manteve três dentro da sacola: um broche, um bracelete e uma corrente para cintura. Colocou, ainda, uma túnica branca do mais nobre tecido que achou dentro da sacola e a fechou, para finalmente se retirar dali.

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