Olhos Castanhos

Capítulo 2 - O beijo

 Já passava da meia noite, e eu já estava pra lá de alterado, mas mesmo assim, consegui focar naquele garoto incrivelmente lindo. Ele estava com uma calça preta bem colada, uma camiseta meio "largadinha" caramelo. Tinha uma tatuagem no braço direito. Usava um colar que parecia uma palheta com a frase "light my fire". Tinha cabelo platinado, lábios grandes, carnudos e rosados, usava alargador nas duas orelhas e tinha olhos extremamente grandes, olhos nos quais eu podia ver as estrelas.

 Na mesma hora que o vi descendo a Augusta, comentei com o meu melhor amigo Henry sobre o garoto:

 -Henry, olha aquele menino de cabelo platinado que lindo. 
-Nossa Senhora, lindíssimo. Depois eu chego nele pra arrastar.

 Depois das palavras de Henry, entrei em pânico. Eu sempre fui um cachorro, mas era um cachorro tímido, então quando meus amigos iam falar com alguém por mim, tinha vontade de me transformar em um avestruz e enfiar a minha cabeça debaixo da terra. E outra, não sabia se ele era gay, poderia arranjar uma briga o discussão, se namorava ou se simplesmente iria gostar de mim.

 Depois de mais alguns, muitos, goles na tequila, meus amigos finalmente decidiram ir embora, fiquei aliviado pois não saberia lidar se fosse rejeitado ou se arranjasse uma briga, mas ao mesmo tempo, fiquei um pouco triste por nunca saber se beijaria ou não aquele garoto. Bem, seguindo o famoso "baile", fui me distanciando do posto, até que ouvi Henry gritar:

 -GENTE ESPERA, O PEDRO TEM QUE PEGAR O BOY ALI.- Gritou Henry ligeiramente,(muito), bêbado.

 Gelei na hora, meu corpo todo parecia estar travado. Vi Henry saindo de perto do grupo com duas amigas nossas e automaticamente me escondi atrás de um amigo meu, Julio. Vi Henry falando com o grupo de amigos do garoto meio desconcertado, e continuei escondido. Após alguns minutos agonizantes, Henry voltou e gritou:

 -PÊ, É PLATINADO OU CACHEADO??- respondi que era o platinado e novamente ele gritou- FICA AQUI QUE EU JÁ VOLTO!

 Fiquei exatamente onde estava, não era por Henry ter mandado, mas sim por estar com tanto receio que minhas pernas falharam, na verdade, meu corpo todo falhou. Não sei nem como consegui responder à pergunta de Henry.

 Logo vi Henry fazendo um sinal com a mão, um sinal de "vem aqui", mas infelizmente, sou lerdo, tenho miopia e na hora não associei, estava bêbado inclusive. Então Julio, que estava na minha frente, foi até o garoto pois achou que era com ele, mesmo sabendo que era comigo. Assim que Julio saiu, quase desfilando, Henry veio correndo em minha direção dizendo que o garoto queria ficar comigo, mas quando vi a cena, era tarde demais. Julio já estava posicionado na frente do garoto. Travei. Uma mistura de raiva, ódio e tristeza. Não estava sentindo tudo isso apenas pelo fato de Julio ter ido, mas também por eu não ter tido coragem para ir logo de cara.

 -Mano, se ele beijar o Julio eu não vou beijar ele. Cansei do Julio pegando todos os meninos que eu fico.

 Rolou uma confusão ali no meio, tipo uma discussão, e na hora não entendi nada, mas vi Julio voltando com a famosa cara de insatisfação, então o Henry me empurrou e disse "vai, ele quer você". 

 Saí dali tão feliz que quando passei por Julio fiz questão de fazer a famigerada "cara de deboche" e saí desfilando do mesmo jeito que ele tinha feito antes. Estava me sentindo a própria Beyoncé em "Crazy In Love" desfilando. O disco arranhou quando cheguei perto do menino. Ali reparei que ele era consideravelmente mais alto que eu, (bem mais alto). Notei que precisaria ficar na ponta dos pés para beijá-lo e, confesso, adorei a ideia. Cheguei perto dele e disse:

 -Oi.- minha voz tremia tanto que nem sei como consegui pronunciar um "oi" digno.
 -Oi -disse o garoto. -Ali reparei como os olhos dele eram grandes, e cara, eu amava isso.
 -Como é seu nome? - disse eu.
 -Miguel, e o seu?
 -Pedr-. 

Eu nem consegui terminar de dizer meu nome. Num ato só, Miguel passou seu braço por trás de mim e me beijou. Foi um beijo tão quente, tão doce, tão bom. E não foi um simples beijo, foi um beijo de paixão sabe? Daqueles que você sabe que não vai acabar tão cedo. Daqueles que você não quer que acabe.

 Eu não sentia mais nada, meu corpo, o espaço ao redor, o álcool no meu organismo. Nada. Eu só sentia o beijo. Sentia o toque suave da boca dele na minha. Nossas línguas dançando dentro de nossas bocas. Sentia como seu cabelo era macio. Sentia suas costas largas e seu peitoral -firme. (Sim, isso está bem clichê, mas na hora eu me imaginei num filme norte-americano onde a garotinha que não é notada finalmente fica com o gatinho bonitão da escola). Resumindo, eu senti um homão da por** me beijando, e era a melhor sensação do mundo.

Depois de alguns bons minutos, ele me soltou e, literalmente, voltei ao chão.

Hey amores! Finalmente rolou o beijo né? Mas ainda tem muita coisa por vir... aguardem! Não se esqueçam de votar se gostaram do cap.

Xoxo.