Capítulo 05

83 11 6
                                    

Eva estava parada em frente ao antigo Hospital Sorocabana no bairro da Lapa em São Paulo. Não conhecia bem a região, já havia estado ali há muito tempo atrás, mas apesar da excelente memória as coisas haviam mudado demais para serem familiares.

Como estava vestida com o uniforme do SAMU e estava em frente a um antigo hospital, não chamava atenção, então na medida do possível estava calma. Alguns minutos depois um carro preto encostou e o vidro do passageiro se abriu, o motorista olhou para Eva e sorriu:

- Senhora Eva, sou Leonardo. Seu UBER.

Eva não sabia exatamente o que era isso, mas haviam senhas e protocolos que deveriam ser seguidos, se aproximou do carro e disse:

- Você já tem nosso destino?

- Vamos para o Éden, minha senhora.

Ao ouvir isso, Eva tentou abrir a porta da frente, mas o motorista fez sinal para que entrasse atrás, ela entendeu e entrou no carro.

Assim que fechou a porta o motorista as travou pelo comando na frente, fechou os vidros que eram filmados e saiu com o carro.

- Minha Senhora, desculpe a demora. Eu estava um pouco longe quando fui contatado, mas vou leva-la para o local já preparado em São Paulo em segurança e o mais rápido possível. Caso queira, há roupas na mala a seu lado, são roupas simples, mas discretas e tem o seu tamanho conforme as instruções de extração. Pode se trocar com calma, pois não é possível ver nada dentro do carro e eu também não olharei.

Eva abriu a mala e tirou algumas roupas simples de dentro. Uma calça jeans, uma blusinha de alça e um sapato sem salto. Começou a se despir sem nenhum pudor, tinha certeza que o rapaz falara a verdade, pois em sua experiência sabia quando podia ou não confiar em alguém com apenas alguns segundos de conversa e, tinha certeza que aquele homem daria a vida por ela.

- Há quanto tempo você está na ordem? – Eva puxou assunto com o rapaz para passar o tempo enquanto se trocava.

- Há pouco mais de 10 anos, minha Senhora, faço normalmente os trabalhos sociais e aqui em São Paulo me orgulho de fazer o transporte de diversas pessoas importantes da Ordem. Claro que nunca imaginei que seria abençoado com a sua presença, mas ninguém sabe quais são os desígnios de Deus em nossa vida.

- Infelizmente meu amigo, Deus não teve nada a ver com eu estar aqui, mas fique tranquilo pois apesar Dele não querer nada comigo, tenho certeza que você Ele escuta e abençoa.

Leonardo não respondeu e prosseguiram viagem.

Eva olhava os prédios, pessoas, carros, tudo que podia olhar. Havia muitos anos que não saia do mosteiro, havia tomado a decisão de parar com a guerra contra Adão a milênios, mas ele não havia parado sua guerra contra ela, então Eva criou a Ordem de Santa Rita para se esconder.

A ordem havia sido criada em Londres há mais de 300 anos e era extremamente discreta, possuía pouquíssimas posses em seu nome, porém sua abrangência era gigantesca. Estava em praticamente todos os países do mundo e dentro da maioria das religiões. Silenciosa, a Ordem de Santa Rita fazia diversos trabalhos sociais e auxiliava ações pelo mundo, estando dentro da Onu e organizações sem fins lucrativos como os médicos sem fronteiras. Isso garantia livre transito em qualquer lugar do planeta e ajudava Eva a se esconder facilmente evitando sua morte definitiva. Em contrapartida se tornou uma ermitã, sempre que renascia em algum lugar do mundo, logo era transportada para algum mosteiro isolado da Ordem e ficava lá até morrer de velhice acompanhando de longe o que estava acontecendo. Essa tática havia rendido algumas vidas de paz, porém já estava cansada de se esconder, precisava dar um basta nessa guerra estupida.

O carro parou em frente a um luxuoso prédio e Eva olhou para Leonardo aguardando instruções, o motorista virou para trás e disse:

- Minha Senhora, você está sendo esperada, o porteiro faz parte da ordem e irá te levar até o refúgio.

Dito isso Eva desceu do carro e andou em direção a portaria do prédio, antes de chegar ao portão uma pessoa o abriu:

- Por favor, me acompanhe.

Sem dizer uma palavra, Eva acompanhou o homem que a conduziu por um imenso jardim dentro do condomínio e entrou em um dos edifícios, ela pôde ler "Edifício Armênia" antes de entrar. O elevador já estava no térreo e os dois entraram. O homem apertou o botão do 12º andar e a porta se fechou.

Alguns segundos depois, Eva descia do elevador, mas o homem não a seguiu, quando se virou o homem lhe entregou uma chave em um chaveiro escrito 1212.

- O apartamento está a sua disposição minha Senhora, a terceira porta. – Ao dizer isso a porta do elevador se fechou e ela se viu sozinha no andar.

Andou até o apartamento 1212 e colocou a chave na porta e a destrancou. Assim que entrou, viu uma grande sala com um tapete branco, um grande sofá branco em L e uma gigantesca televisão pendurada na parede. Passou pela sala e foi até a cozinha que seguia o mesmo padrão de luxo, um grande balcão de mármore a dividia em dois ambientes, de um lado eletrodomésticos de última geração e do outro, armários gigantes, uma grande mesa de jantar com 6 cadeiras completava o ambiente.

Eva usou um copo do armário e pegou água da torneira bebendo com vontade. Sorriu e voltou a encher o copo, fazia tempo que não conseguia fazer muitas coisas sozinha e beber água era uma delas. Colocou o copo na pia e andou pelo apartamento. Chegou até o quarto e abriu o armário, havia todo tipo de roupas lá. Tudo estava preparado para sua chegada, separou então roupas intimas, uma nova calça jeans e uma camiseta, abriu o armário de sapatos e pegou uma bota preta de salto baixo, caminhou até o banheiro e ligou o chuveiro. Teve certa dificuldade para regular a temperatura de todos aqueles chuveiros, tirou as roupas que havia vestido no carro e entrou no box.

Fazia muito tempo que não tomava um banho de verdade, e apesar do seu corpo não estar sujo se sentia assim, então demorou muito deixando a água caindo em suas costas.

EVA - A Primeira Mulher!Onde histórias criam vida. Descubra agora